Vasco terá outros problemas para corrigir sem Marcelo Cabo
Desequilíbrios no elenco e oscilação de jogadores que deveriam ser líderes técnicos do time cobram um preço.
Há uma diferença entre constatar que o Vasco jogava mal e condenar o trabalho de um treinador que estreou há apenas quatro meses. Só o futebol brasileiro é capaz de dar veredito sobre técnico em tão pouco tempo. O time de Marcelo Cabo, de fato, fazia uma Série B em que o desempenho decepcionava mais do que o resultado.
Com todos os claros desequilíbrios de um elenco montado num contexto de dificuldade econômica, persistia a sensação de que era possível exibir mais futebol. Ainda assim, é preciso ponderar que o treinador vai embora e outros problemas sérios seguirão acompanhando os vascaínos nesta jornada pela Série B.
O que parecia ser uma mudança de rota resultou, no fim das contas, numa perda de identidade deste Vasco de 2021. É verdade que foi a vitória por 3 a 1 sobre o Flamengo, ainda no Estadual, o resultado que fez subir o sarrafo das expectativas.
Ocorre que o contexto daquele jogo parecia distinto do que estava por vir: naquele clássico, o Vasco buscava uma vitória moral, anímica, mas que tinha pouco a ver com o modelo de jogo que se construía. Naquele mesmo campeonato, o time fez bons jogos a partir de um controle da bola e da criação de oportunidades com um jogo de aproximação e troca de passes.
Veio a Série B, o nível de boa parte dos adversários subiu e o Vasco não sustentou sua ideia. Cabo mudou de rota. Entregou a posse a times como Sampaio Corrêa e Confiança, mesmo em São Januário. Teve 31% da posse contra os maranhenses e 42% contra os sergipanos, mas ganhou as partidas Ocorre que persistia a sensação de um jogo inconsistente. Até que, diante do líder Náutico, o Vasco teve motivos para celebrar um empate em casa, chegando à 12ª rodada de uma campanha que o mantinha vivo na busca pelo G-4, mas era opaca em atuações.
Mas há questões a ponderar, e o Vasco terá que conviver com elas mesmo sem Cabo. O clube optou por uma política de mercado diferente da adotada por Cruzeiro e Botafogo, por exemplo. No lugar dos tais “jogadores de Série B”, foi atrás de reforços que, mesmo em momentos de baixa nas carreiras, tinham boas passagens pela elite nacional.
A estratégia envolvia um risco, que se materializou em casos como os de Marquinhos Gabriel e Zeca. Trazidos como pilares do projeto, jogadores que poderiam ser líderes técnicos do elenco, eles repetiram em São Januário passagens recentes de suas carreiras. Se hoje estão fora da primeira divisão do país, é porque vinham oscilando demais, por vezes com atuações abaixo do desejável. E isto se repetiu no Vasco.
O trabalho de Cabo não era mesmo fácil. Do time vascaíno que enfrentou o Goiás no dia 25 de fevereiro, na última rodada do Brasileiro de 2020, cinco titulares sequer pertencem mais ao clube. Oito dos 16 jogadores utilizados não pertencem mais ao Vasco. Em seguida, Marcelo Cabo chegou e o clube iniciou suas contratações: já foram dez em 2021, cinco delas feitas entre abril e maio. Ou seja, o treinador demitido não chegou a conviver dois meses com alguns reforços.
E é preciso discutir o resultado da política de mercado. O Vasco tem desequilíbrios importantes no elenco. É clara a falta de homens de velocidade pelos lados do campo, assim como é nítido que Cabo nunca encontrou o meia ofensivo que conseguisse ser convincente. Nas laterais, a reposição também é difícil, e as oscilações de Zeca tornam o problema ainda mais grave pelo lado esquerdo. Com a temporada em andamento, as chegadas de Rômulo e Michel, além de superpovoarem o elenco de volantes, trouxeram ao clube dois jogadores que ainda parecem longe da melhor forma.
Montar elenco tem sido desafio imenso para os gigantes que encaram a segunda divisão nestes novos tempos, sem a proteção da manutenção das cotas de TV. A redução drástica de receitas, a obrigação de operar em uma prateleira de jogadores pouco usual para os padrões históricos de clubes tradicionais, tudo isso tem ampliado largamente a margem de erro.
E, neste ponto, o drama vivido por Cruzeiro e Botafogo é emblemático. O Vasco parece ter mais recursos, segue como candidato ao acesso. Mas num clube fragilizado economicamente, que acumulou dívidas e gestões ruins nos últimos anos, até a busca pelo substituto de Cabo fica comprometida. A demissão, sozinha, não irá fabricar uma revolução.
Fonte: Globo EsporteMais lidas
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