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Vasco tem futuro incerto no CT Moacyr Barbosa

É muito difícil cravar o futuro do Vasco no espaço, inaugurado pelo presidente Alexandre Campello como sendo finalmente a solução para uma demanda histórica do cruz-maltino, de um espaço adequado para os trabalhos do time profissional. Especialmente depois da criação da SAF e posterior venda para a 777 Partners. Os atuais responsáveis pelo futebol do cruz-maltino pensam dez vezes antes de cravar a permanência no local.

O que pesa contra a permanência do Vasco no CT Moacyr Barbosa:

  • O fato de o terreno pertencer ao município;
  • A possibilidade de opções mais em conta para receber o futebol vascaíno;
  • A localização que deixa a programação do futebol a mercê da estabilidade do entorno.

Insegurança jurídica

Desde que teve início o processo de criação e venda da SAF para a 777 Partners que o status do terreno se tornou uma questão sensível para o Vasco. Ele pertence ao Município e o cruz-maltino o ocupa como arrendatário. Para o clube associativo, isso nunca foi visto como problema. Mas para a 777 Partners isso configura uma insegurança jurídica.

Durante o processo de diligência, esse foi um dos pontos mais debatidos, uma vez que o cruz-maltino não pode repassar para a SAF um terreno que não pertence ao clube. A SAF está no local e conta com a permissão do clube associativo para isso - vale destacar que o club de regatas segue dono de 30% da empresa.

Mesmo assim, a SAF trabalha para tentar uma solução com a Prefeitura do Rio. Enquanto isso não acontecer, a 777 Partners, que na negociação para a compra da empresa se comprometeu em investir na melhoria de infraestrutura de treinos, tanto do futebol profissional quanto da base, resiste em fazer maiores intervenções no CT Moacyr Barbosa. Ele atualmente funciona operando parcialmente em relação ao projeto completo. Possui dois campos para treino enquanto o projeto completo contempla sete campos, incluindo um estádio para 6 mil pessoas.

Custos ainda na balança

Ainda que tenha a possibilidade de comprar o terreno e assim resolver o problema da insegurança jurídica no local, a SAF do Vasco não está convencida de que vale o investimento. A empresa observa outras alternativas no Rio para ter um centro de treinamento.

Foram gastos cerca de R$ 6 milhões para inaugurar o CT Moacyr Barbosa, boa parte dele dinheiro arrecadado pelo Vasco em campanha com seus torcedores. A SAF já fez intervenções menores, como o asfaltamento do acesso, mas há questões mais complexas. O terreno que a prefeitura colocou à disposição do Vasco não é considerado dos mais simples para se construir.

Instabilidade no entorno

Para completar, há os episódios, ainda que esporádicos, em que a instabilidade da vizinhança afetou a rotina do futebol profissional do Vasco. Nesta quarta-feira, o treino teve de acontecer em São Januário por causa de uma operação policial na Cidade de Deus.

O trabalho não foi prejudicado, uma vez que o estádio vascaíno tem os equipamentos necessários para a realização de trabalhos físicos, de fisioterapia e recuperação dos jogadores. O sub-20 treina na Colina. Isso sem contar o campo de jogo.

Mas os problemas não são ignorados pelos donos da SAF. O clube associativo, que inaugurou o espaço, sempre tratou a questão com naturalidade. O Vasco tem a experiência de conviver com comunidades mais carentes, caso da Barreira do Vasco, ao lado de São Januário, e enxergava como positiva a possibilidade de ajudar a comunidade da Cidade de Deus.

Ações sociais encabeçadas pelo Vasco já foram feitas na comunidade, com a distribuição de cestas básicas e o recolhimento de livros doados para bibliotecas na Cidade de Deus.

Fato é que, desde 2020, ao menos três problemas se tornaram públicos. Antes do causado pela operação nesta quarta-feira, o Vasco teve de cancelar a coletiva que o técnico Maurício Barbieri daria no CT no dia 10 de fevereiro.

Em maio de 2020, operários que trabalhavam na obra de construção do centro de treinamento gravaram vídeo se escondendo em meio ao som do tiroteio na comunidade ao lado.

Fonte: Agência O Globo