Vasco publica balanço pouco transparente e sem aprovação dos sócios
O Vasco publicou na edição do Jornal dos Sports desta quarta-feira o balanço patrimonial referente ao exercício de 2007. O balanço foi divulgado sem a aprovação do Conselho Deliberativo do clube, tal como aconteceu no ano passado, e contrariando o estatuto(*). A reunião para aprovação das contas pelos conselheiros será realizada somente na próxima terça-feira (06/05). Segundo prevê a Lei Pelé, hoje é o último dia para que os clubes publiquem as demonstrações financeiras do ano anterior.
Como é praxe na atual administração do Vasco, o balanço traz poucas informações a respeito de alguns números relevantes apresentados. Embora as receitas tenham aumentado de R$ 35,3 milhões para R$ 51 milhões, boa parte do crescimento deveu-se à contabilização de uma receita financeira no valor de R$ 12 milhões, cuja origem não é explicada. Essa receita não-operacional ajudou a reduzir o déficit (prejuízo) do clube de R$ 22,7 milhões para R$ 9,25 milhões.
Chama atenção, ainda, a conta Créditos Financeiros no Ativo Circulante, com saldo de R$ 35,8 milhões, que se refere a debêntures da Companhia Vale do Rio Doce, operação financeira que até hoje não foi explicada de modo claro aos sócios e conselheiros do clube.
Outro indício da falta de transparência do balanço é o crescimento do ativo imobilizado, de R$ 79,8 milhões para R$ 104 millhões. Nas notas explicativas, consta que o imobilizado foi reavaliado, mas não há qualquer informação sobre a empresa responsável pela elaboração do laudo e que critérios foram utilizados na reavaliação dos bens imóveis.
No parecer dos auditores independentes, mais uma vez é reconhecida a frágil situação financeira do clube. Os auditores, a exemplo do que ocorreu nos anos anteriores, ressaltam que o Vasco não dispõe de recursos financeiros suficientes para liquidar as suas obrigações a curto prazo. Entre os maiores credores do clube figuram a Rede Globo (R$ 55,1 milhões), Romário Sports e Marketing (R$ 13,9 milhões), bancos (R$ 20,3 milhões) e o fisco federal (R$ 5,7 milhões). Ainda segundo o balanço, as dívidas de longo-prazo do clube chegam a R$ 99 milhões.
A exemplo do que tem ocorrido nos últimos anos, as receitas com o quadro de sócios registraram queda. Em 2007, o declínio foi de 16%, passando de R$ 1,057 milhão para R$ 888 mil. Por outro lado, as despesas jurídicas não param de crescer: aumentaram 36%, somando R$ 1,5 milhão.
(*) De acordo com o estatuto do Vasco (artigo 76), o Conselho Deliberativo deveria ter sido convocado pela atual diretoria na primeira quinzena de janeiro para discutir e avaliar o relatório financeiro e as contas do ano anterior. Somente depois de aprovado pelos conselheiros, é que o balanço poderia ser publicado.
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