Futebol

Vasco ocupa o 12o. lugar no ranking de lesionados

Ufa! Acabou. Depois de 14 rodadas com jogos no meio e fim de semana, com tempo máximo de quatro dias de intervalo, o Campeonato Brasileiro vai “acalmar”. Foram 47 dias de uma maratona cansativa. Viagens, encontros decisivos, lesões, pressão da torcida, demissões de técnicos... reclamação. Essa última palavra resume tudo. Era treinador resmungando das baixas no seu time, jogador que não suportava mais a sequência de partidas, e médicos e preparadores trabalhando a todo vapor.



- Ninguém se importa com o jogador de futebol. Somente nós sabemos o que passam Fábio Ferreira e Maicosuel (ambos machucados e fora do Brasileiro), por exemplo. Nosso interesse é fazer o melhor, mas o corpo não é uma máquina. Mas o futebol é um negócio e, como em qualquer empresa, o que interessa é o superávit no fim do ano – reclamou o atacante uruguaio Loco Abreu, do Botafogo.

Mas chegou a hora de respirar mais aliviado. Somente da 31ª rodada para a 32ª – para alguns times - e da 33ª para a 34ª, o período de descanso será menor, porém, nada como as nove rodadas em apenas um mês, como aconteceu em setembro.

Melhor para quem aproveitou para engatar a quinta e acelerar rumo ao topo durante o período. O Cruzeiro, por exemplo, assumiu a liderança da competição no domingo ao vencer o Fluminense por 1 a 0. Acaso? Parece que não. O time celeste do professor Cuca se saiu bem e fez a lição de casa nessas 14 difíceis aulas. De todos, tirou a melhor nota. Somou 33 pontos desde a 16ª rodada e fez 14 a mais que o time carioca de Muricy Ramalho.

- Perdemos jogadores mesmo. Por cartões, por lesões. Os atletas estão no limite físico. É viagem, é pouco tempo para treinar, para recuperar, é só jogo duro, pegado. Claro que todos os clubes estão sofrendo com isso. Quem tem time e não um grupo tem dificuldades. O Cruzeiro montou um bom elenco – explicou Cuca, que não tomou conhecimento dos 11 jogadores machucados e dos cerca de 10.542 km percorridos, antes mesmo de assumir o topo.

As lesões



Porém, a coisa ficou feia para alguns, que viram seus principais atletas fora de combate. Foi o caso do próprio Botafogo, de Loco Abreu. O apoiador Maicosuel, o zagueiro Fábio Ferreira e o atacante Herrera só voltam em 2011. Ao todo, foram 140 lesionados durante este período. Resultado: reclamação.

- A pior coisa que tem no futebol é a contusão. Isso é pior que cansaço, que você muda um ou outro jogador. Fizemos um levantamento do número de lesões (de todos os times) do ano passado para esse ano e vimos que dobrou. Alguma coisa não está bem. A musculatura não suporta a carga com o excesso de jogos, as viagens. São viagens longas, muito calor. Afeta também a parte mental – alertou o técnico do Fluminense Muricy Ramalho.

Até quem veio do futebol europeu recentemente chegou resmungando. O meia do Fluminense Deco, que defendeu o Chelsea, da Inglaterra, no início da temporada, não aguentou. Antes do jogo de domingo, contra o Cruzeiro, deu sua opinião sobre o assunto:

- O problema não é jogar quarta e domingo. É jogar assim por dois meses seguidos. Até porque, o Brasileirão tem muita viagem. É complicado para gerir lesões. É desgastante. A maioria dos problemas são musculares pelo cansaço. O tempo de recuperação é curto e fica difícil chegar 100% todos os jogos. A qualidade das partidas também diminuiu. As lesões complicam demais a vida dos jogadores. Daqui para frente, com mais tempo, isso tudo vai melhorar.

A perspectiva era boa. Mas ele também entrou para a estatística. As dores na coxa direita preocupam o movimentado departamento médico tricolor e não há previsão para seu retorno. A lesão muscular do meia até pode ser justificada pela rotina desgastante do futebol brasileiro. No entanto, existem casos que não são vinculados aos seguidos confrontos.

Em 2009, a maior sequência de jogos no meio e fim de semana foi de nove rodadas. Na ocasião, cerca de 139.118 km foram percorridos. Neste ano, nas 14 rodadas, foram 246.042 km aproximadamente.

- (A seqüência) Aumenta a chance de lesões musculares. O desgaste é grande e tudo isso conta. Mas hoje eu tenho três jogadores machucados seriamente (Maicosuel, Fábio Ferreira e Herrera) e nos três casos foram acidentes. O Maicosuel, por exemplo, tentou alcançar a bola e se machucou. É claro que, quando aumenta o número de jogos, cresce também a chance de lesões, mas não há uma pré-disposição para que a lesão no joelho, por exemplo, seja ocasionada pela seqüência de jogos – defende o chefe do departamento médico do Botafogo Luiz Fernando Medeiros.

Fonte: ge