Clube

Vasco lança relatório digital de olho em venda para a 777

Enquanto segue à espera da formalização da venda de 70% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para o fundo de investimentos 777 Partners, o Vasco projeta o futuro já com o novo investidor. Nesta quarta-feira (3), às 16h, o clube apresentará um relatório sobre a Estratégia Digital elaborada nos primeiros meses de 2022.

A reportagem da Máquina do Esporte teve acesso exclusivo ao material que será disponibilizado logo mais. O documento de 13 páginas aborda um pouco do ambiente digital do Vasco e mostra os caminhos que ainda precisam ser percorridos para que a presença no ambiente on-line se converta, cada vez mais, em geração de receitas para o clube.

“O primeiro estágio da estratégia está finalizado, tem definidas as atuações, os produtos estão lançados, temos players consolidados em parceria conosco, e agora a gente entrega para a 777 uma ideia estruturada do que pode ser o departamento digital do clube”, explicou Vitor Roma, vice-presidente de marketing do Vasco.

O relatório digital será traduzido do português para o inglês e, posteriormente, entregue para a equipe que deve assumir a gestão do Vasco. No documento que será publicado nesta quarta-feira (3), o Vasco comunica-se com o torcedor cruz-maltino.

“Este documento traz detalhadamente todo o plano de evolução digital do clube. O principal objetivo é mostrar ao torcedor a importância de termos todo o processo bem definido e modelado para impulsionar novos negócios e continuarmos trilhando o caminho da evolução digital”, afirma o relatório.

Dividido em três partes, o planejamento digital mostra o que foi feito ao longo dos últimos anos e projeta o futuro a partir da “inovação” em forma de ações para o relacionamento com o fã. O relatório traz o panorama vascaíno nas redes sociais, fala da construção da jornada com o torcedor além do dia de jogo e, por fim, traça o que precisa ser a área de inovação.

“Quando eu cheguei, a gente precisava trabalhar muito a área comercial do Vasco. O foco no primeiro ano foi em remodelar e reconstruir o departamento comercial. E a gente mais do que dobrou o valor da camisa, fez com que a receita do programa de sócios fosse agora a maior desde 2020. Era um componente muito importante. O digital não era uma receita certa. Ela estava no patrocínio e no programa de sócios”, disse Roma.

O clube conta atualmente apenas com dois profissionais na área digital. Mesmo assim, desde o ano passado já vem trabalhando na construção do que o executivo chama de “produtos digitais”, que possam gerar receita para o Vasco.

“A gente já tinha as redes sociais, faltavam os produtos. NFTs, moedas virtuais, fan tokens. Em algum momento, esse dinheiro vai aparecer. Ainda estamos muito na fase de testagem. Mas esse plano era algo necessário. Então começamos a descrevê-lo. Pela minha história profissional, era algo a se esperar de mim”.

Com histórico de 20 anos na área de tecnologia, Roma acredita que essa transformação digital é fundamental para que o clube gere novas receitas.

“Tecnologia não é uma área de prioridade para um clube de futebol. Geralmente tem área de infraestrutura, mas não de produtos. O que fizemos agora é o embrião para construir uma área de inovação do Vasco. Imaginamos que, no futuro, isso venha a ser implementado, ainda mais com a entrada de um investidor”.

O executivo acha que a maior dificuldade, em qualquer clube, é conseguir levar receita para investir no departamento digital:

“Nós temos de brigar com um orçamento que é todo direcionado ao futebol. Ainda mais em um clube que historicamente tem dificuldade financeira. Então, a gente tenta desenvolver o digital com o orçamento limitado. A 777 equilibra essas ações, acontece o investimento no futebol, que é importante, mas sabendo que o digital e a inovação são o próximo passo. Com o relatório, eles vão receber algo mais desenvolvido do que esperavam nessa área”.

Além do relatório digital, o clube prepara documentos sobre o programa de sócios, de relacionamento e da Vasco TV. São, de acordo com Roma, “materiais robustos do que o clube fez nesse um ano e meio” da sua gestão à frente do marketing.

Para o executivo, a ideia é que o departamento seja mais bem estruturado com a entrada do investidor. Dessa forma, o clube conseguirá ampliar os negócios, fazendo o digital se transformar em fonte de receita.

“Depois de meses no processo de negociação, a gente tem trabalhado com eles no dia a dia. Não é uma linha de ruptura (proposta pela 777). É de entendimento, de construção e de pensar nos próximos passos. A SAF estabiliza a relação e traz uma coisa mais empresarial. Os profissionais do Vasco estão ansiosos por participar do processo. Nessa área, é gente de muito alto nível. São só dois profissionais. Eles vão ser muito importantes nesse novo processo”.

Tendo como bagagem ter participado, com sua empresa, da concepção do Cartola, fantasy game da Globo, Roma acredita que o momento atual exige agilidade do clube em colocar em prática ações no ambiente digital.

“Em tecnologia, a gente diz que o melhor é errar logo, o mais rápido possível. Por isso, a gente fala tanto de teste. O importante é testar o mais rápido possível, usar a metodologia ágil. Isso a gente implementou no marketing do Vasco. Fazer ciclos de planejamento mais curtos para testar o mais rápido possível e mudar o rumo”, afirmou o executivo, que acha que ainda não há tanto dinheiro circulando no ambiente digital.

“Ninguém fez esse negócio virar bem até agora. Existe muita espuma, muita história e pouco dinheiro. Não tenho dúvida de que o dinheiro vem. Queremos fazer o digital integrado com TV, com compra de ingressos, experiências. Temos um clube de abrangência nacional, e é preciso entregar experiência para quem não está no Rio de Janeiro. Acho que o caminho é por aí. Vamos testar hipóteses e, o que funcionar, segue”, concluiu o executivo.

Fonte: Máquina do Esporte