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Vasco irá investir na base e no rugby para as Olimpíadas de 2016

Se, no Campeonato Brasileiro, o time do Flamengo patina no meio da tabela de classificação, nas Olimpíadas de Londres, a história é bem diferente. O clube mandou 20 atletas de seis modalidades diferentes para a capital inglesa e é a segunda agremiação com mais representantes no Time Brasil, só atrás do Pinheiros, que conta com 21 atletas nos Jogos.

O bom desempenho do Fla no atual ciclo olímpico surpreende pelo contraste entre o número de atletas enviados em 2012 e em 2008. Só três atletas do clube da Gávea vestiram o uniforme do Brasil em Pequim. O resultado é comemorado pela presidente do clube, Patrícia Amorim, que está em Londres acompanhando os atletas.

— Antes, os atletas iam para São Paulo em busca de boas instalações. Hoje, temos vários atletas batendo em nossa porta, pois já temos estrutura adequada e voltamos a ser referência — explica.

No entanto, o retorno do investimento nessas modalidades é incerto. Para o superintendente de esportes olímpicos do Fla, Marcelo Freitas, falta ajuda financeira por parte do poder público. No últimos quatro anos, o Fla gastou uma média de R$ 14 milhões por ano no setor.

— Temos 1,5 mil atletas e só 20 são olímpicos. Não recebemos ajuda pública por esse trabalho. É complicado.

Apesar da hegemonia de atletas do Fla, não são só rubro-negros que vão representar o Rio em Londres. Ao todo, 40 atletas que treinam em clubes do estado — o dobro da quantidade enviada para Pequim — disputam medalhas. Os Jogos de Londres também são marcantes por uma curiosidade: todos os quatro grandes clubes do Rio participam das Olimpíadas, o que não acontecia desde Los Angeles-1984. O Botafogo, que não enviou representantes para Pequim, tem um atleta em Londres. Já Flu e Vasco, que tinham quatro atletas na China, diminuíram sua participação: o tricolor mandou três atletas e o cruzmaltino, somente um.

— O Vasco trazia atletas sem nenhuma relação com o clube para as competições. Agora, formamos atletas na base — justifica Monteiro.

Mais investimentos à vista

A mudança de postura dos clubes da cidade não deve se restringir a este ano. Um dos objetivos dos planejamentos estratégicos dos quatro grandes é mandar o maior número de atletas para competir em casa, em 2016. O Fla, por exemplo, quer bater seu recorde de participações olímpicas, em Seul, com 28 atletas. Já o Vasco vai investir no rugby — esporte que vai fazer sua estreia nos Jogos em 2016 — para mandar, pelo menos, oito representantes.

Flamengo é o segundo clube brasileiro com mais atletas em Londres Foto: Editoria de arte / Extra


Abismo olímpico

A desigualdade econômica e social do país persiste quando o assunto é esporte. Levantamento feito pelo Jogo Extra com todos os 268 atletas do Time Brasil revela que, enquanto todos os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste têm representantes em Londres, sete estados das regiões Norte e Nordeste não enviaram nenhum atleta.

O abismo é maior quando os locais de treinamento são tomados como referência: só metade dos estados tem centros de treinamentos olímpicos. Mais de um terço de nossos representantes nasceu em São Paulo e 42% de toda a delegação treina no estado, que concentra 21% da população.

A disparidade não incomoda Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo do Comitê Olímpico Brasileiro. Para ele, é preciso começar pelos grandes centros para depois democratizar o acesso ao esporte.

— Temos que transformar os elefantes brancos em legado, para depois expandirmos os equipamentos para outros locais — diz.

Também chama a atenção é a média de idade da delegação: 27 anos, um ano maior do que em Pequim-2008. Marcus Vinícius admite que algumas equipes, como a de ginástica, estão acima da média, mas acha que \"os casos devem ser analisados separadamente\".

Fonte: Blog Jogo Extra - Extra