Futebol

Vasco emprestava jogadores ao Americano de graça

É o pior dos últimos vinte anos, comenta um torcedor. Num campeonato em que os pequenos sequer incomodam os grandes, o Americano tem se revelado a mais frágil das equipes que fazem figuração na Taça Guanabara. Acostumado a ser um coadjuvante que roubava a cena no Campeonato Carioca, o time de Campos amarga o papel de saco de pancadas.

A derrota por 2 a 0, ontem, para o Bangu, em Moça Bonita, foi a sexta em seis jogos, retrospecto inédito na história do clube. Único que ainda não pontuou no Estadual, o time já se credencia, ainda na Taça Guanabara, como candidato ao rebaixamento.

Com a fama de ter desfrutado de vantagens dentro e fora de campo por ser o time do ex-presidente da Ferj Eduardo Viana, o Caixa D’Água, o fato é que, com a bola rolando, o alvinegro campista incomodava. Na última década, não poderia sequer ser considerado uma surpresa: nos sete Campeonatos Cariocas disputados entre 2000 e 2006, ficou duas vezes em 5olugar; três vezes em 4o e uma em 3o além do vice-campeonato em 2002. A morte de Eduardo Viana, em agosto de 2006, coincidiu com o declínio do clube no estadual: não passou do 10onos últimos três anos.

Antigo aliado de Caixa D’Água, e presidente do Americano há 17 anos ininterruptos, César Gama admite erros no planejamento desta temporada, diz temer a queda para a Série B, e não relaciona o enfraquecimento do time ao desaparecimento de Viana.

— Não tem nada a ver. Nos primeiros dois anos após a morte do Eduardo, o Americano enfrentou problemas extra-campo, justamente por ter esta fama. Mas o Eduardo não ajudava o clube com dinheiro, nem com arbitragem, como se dizia. Não pedia nada pelo Americano. Claro que ele era importante para o clube, mas não da forma como se diz. Não éramos privilegiados — afirma Gama.

Entre as vantagens de ter Eduardo Viana na presidência da Ferj estava a facilidade para conseguir jogadores emprestados, por exemplo. Do Vasco, presidido então pelo aliado Eurico Miranda, o Americano várias vezes trouxe reforços, sem custos para o clube. Outro dirigente próximo de Viana, o ex-presidente da CBF Nabi Abi Chedid, ajudava a localização de jogadores que se destacavam no interior de São Paulo para Campos.

— Poderia ser mais fácil conseguir uma parceria, como no caso do Vasco, por exemplo, mas a ajuda do Eduardo ao Americano se limitava a isso. Ele morreu injustamente com uma fama ruim, de desonesto. Nunca foi. Hoje, o Americano tem mais patrocinadores do que quando ele era vivo. Sobre arbitragem, também não éramos ajudados — garante Gama.

Fonte: O Globo