Futebol

Vasco em busca do quinto título brasileiro

Fúlvio Melo e Rafael Gonzalez , Jornal do Brasil

RIO - A cada minuto que passa nesta semana que precede o provável retorno do Vasco à Série A do Campeonato Brasileiro, os corações cruzmaltinos batem mais forte. Mais que voltar à elite do futebol nacional, o clube configura-se cada vez mais como o grande favorito para levantar o caneco. Em se tratando de brasileiros, seria o quinto, ainda que este último seja pela Série B, o que de forma alguma faz da conquista algo desprezível, já que ela significará a volta triunfal de um gigante do futebol.

Fica uma incógnita: deste unido grupo comandado por Dorival Junior, que jogador figurará na história como o grande nome desta conquista? Se forem levados em conta desempenho em campo, garra e vontade, alguns nomes podem vir à mente como o do artilheiro Élton. Mas se somado a isso espírito de liderança, técnica apurada e declarações de amor pelo clube, um outro nome parece ser inegavelmente o mais certo para o prêmio. Carlos Alberto, 24 anos, já deixou claro que quer ser lembrado como “o Carlos Alberto do Vasco”. Capitão da equipe, o meia faz questão de colocar todo o grupo como responsável pelos bons resultados.

– Sou muito feliz no Vasco e, se as pessoas dizem que estou me destacando, é graças ao trabalho dos profissionais do clube e com a ajuda dos meus companheiros. Se conseguirmos conquistar o título, acredito que minha passagem pelo Vasco vai ficar marcada positivamente. Mas não sou o cara nem quero ser – explica o jogador, humilde.

Carlos Alberto que nos perdoe, mas a opinião do maior ídolo da história do Vasco e atual presidente do clube não deixa dúvidas: ele é o cara da temporada.

– O Carlos Alberto é merecedor desse destaque pelo potencial. É o nosso jogador que poderia estar atuando em qualquer clube do mundo. Apesar da juventude, é referência dentro do grupo e perante a diretoria. Exerce essa função com muita felicidade e está amadurecendo ao passo que a desempenha. Ele vestiu a camisa do Vasco, está muito focado e, consequentemente, contribui diretamente para essa campanha – explica Roberto Dinamite, o grande nome do primeiro título brasileiro do Vasco.

Carlos Alberto disputou 40 jogos com a camisa do Vasco nesta temporada. Dessas partidas, 24 foram vencidas, 12 empatadas e apenas quatro terminaram com derrota do Vasco. O meia marcou 14 vezes. Se depender da opinião de torcedor, o nome do sucesso vascaíno é mesmo composto.

– Carlos Alberto, sem dúvida. Vem jogando muito bem e decidindo. Ele corre, marca dá passes e de vez em quando faz gol. É o grande jogador do time – exalta o cantor e compositor vascaíno Martinho da Vila.

Quatro vezes campeão

Foi num distante 1974 que o Vasco conquistava o primeiro título carioca na competição. Na final contra o Cruzeiro, no Maracanã, Ademir e Jorginho Carvoeiro marcaram os gols daquele 2 a 1. Mas Roberto Dinamite, hoje presidente do clube, figura como destaque da conquista, tendo sido artilheiro da competição com 16 gols.

Quinze anos se passaram até o ano de 1989, que celebraria a segunda conquista do Vasco. Desta vez, o adversário da final foi o São Paulo de Ricardo Rocha, Bobô e Raí. No clube carioca, Bebeto era o grande nome: o craque. Na final do Morumbi, contudo, brilhou a estrela de Sorato, herói do título, que marcou o gol da vitória por 1 a 0 sobre o tricolor paulista. Hoje auxiliar técnico do Tigres, Sorato não tem dúvidas ao apontar o herói desta temporada.

– O Carlos Alberto pode ser considerado herói sim. Quando ele fica fora, por exemplo, o time sente a diferença. Sem dúvida é o principal jogador da campanha. É difícil um jogador aceitar jogar uma segunda divisão. Ele pôs fim a um período conturbado na própria carreira dele e, mesmo jovem, assumiu responsabilidades dentro e fora de campo que muitas pessoas, às vezes, não conseguiriam lidar com elas – conta o ex-atacante.

O ano de 1997 celebrou o início de uma grande fase para o Gigante da Colina. O terceiro título brasileiro veio numa final em duas partidas contra o Palmeiras. Ambos os jogos terminaram com o placar de 0 a 0, que garantia o campeonato para o Vasco, que somou mais pontos na primeira fase do torneio. O craque da conquista foi o artilheiro com históricos 29 gols: Edmundo. Inesquecíveis também foram os seis gols marcados pelo Animal numa única partida contra o União São João.

Depois de levantar a Taça Libertadores da América em 1998, um novo título brasileiro viria com a Copa João Havelange, em 2000. A confusa final contra o São Caetano começou com o empate em 1 a 1 no Palestra Itália, em São Paulo. A partida de volta, em São Januário, foi interrompida pela queda do alambrado do estádio, e remarcada para o Maracanã. No maior do mundo, o Vasco levantou a taça pela quarta vez ao vencer o jogo por 3 a 1. Os gols, coincidência ou não, foram marcados pelos grandes nomes do título: Juninho Pernambucano, Jorginho Paulista e Romário. O Baixinho fez 20 gols no Campeonato e Juninho Pernambucano colocou, definitivamente, o nome no grupo dos grandes ídolos da torcida do Vasco.

A queda e o sonho

Nove anos depois, o Vasco vive momento de reabilitação. No ano passado, o tetracampeão brasileiro viveu o triste destino de ser rebaixado para a Série B do torneio. Na luta, na união e no campo, o clube iniciou, no dia 9 de maio deste ano, o retorno à elite. Hoje, vive a expectativa de estar a um dia da partida contra o Juventude, amanhã, que pode selar o retorno caso o Vasco vença. O título pode demorar um pouco mais, mas parece encaminhado. O craque da temporada Carlos Alberto torce para que ele venha o mais rapidamente possível.

– Ainda não conquistamos nada. Quando acertei com o Vasco, assumi o desafio de ajudar o time a voltar à Primeira Divisão e buscar o título da Série B. O torcedor tem esse carinho por mim talvez por ver o quanto eu quero cumprir esses objetivos e me dedico para isso. O que eu quero é ser campeão e conseguir marcar meu nome nos clubes por que passo – afirma.

Nesse ponto, Carlos Alberto pode ficar tranquilo. A história já está sendo escrita e o lugar de protagonista ele já conquistou.

Fonte: Jornal do Brasil