Futebol

Vasco é um dos 3 únicos clubes que não vetou juiz

Chororô, mimimi ou uma expressão engraçadinha à sua escolha. Os clubes brasileiros se especializaram em reclamar de arbitragens para explicar fracassos e a pedir o veto daqueles que desagradam às Federações locais ou à CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O iG ouviu dirigentes dos principais clubes do país e constatou que três árbitros, coincidentemente nascidos em Minas Gerais, encabeçam a lista dos rejeitados: Alicio Pena Jr e Ricardo Marques Ribeiro, da Federação Mineira, e Sandro Meira Ricci, que apesar de nascido em Poços de Caldas é filiado ao Distrito Federal.

O Campeonato Brasileiro começa no próximo final de semana e muitas vezes os dirigentes entendem que entrevistas criticando árbitros servem para que a CBF não os coloque no sorteio. Pelo Estatuto do Torcedor, lei de 2003, os juízes precisam ser sorteados, em evento público, até 48 horas antes das partidas. Nesta terça-feira (17 de maio), a CBF indicou os árbitros que participarão da primeira rodada da Série A: coincidência ou não, nenhum dos citados na tabela mais abaixo participaram sequer do sorteio dos respectivos clubes desafetos. Às vezes reclamar dá certo.

A maioria dos clubes nega que peça vetos formais. Outros, como o Botafogo no caso de Marques Ribeiro na partida contra o Avaí, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, não só pediu como entrou em confronto com a ANAF (Associação Nacional de Árbitros de Futebol), que respondeu acusando alguns clubes de jogarem a culpa nos árbitros para esconder os próprios fracassos.

“Com certeza seria inadmissível o Ricardo Marques Ribeiro apitar um jogo do Botafogo neste Campeonato Brasileiro”, disse o técnico do Botafogo, Caio Júnior. Para a ANAF, os clubes desviam seus problemas de estrutura acusando árbitros de erros – a entidade orientou os juízes a evitarem dar entrevistas.

Veja abaixo qual árbitro o seu time não quer ver nos jogos:

CLUBES ÁRBITRO(S) INDESEJADO(S)
ATLÉTICO-MG Ricardo Marques Ribeiro (MG) e Alício Pena Jr.(MG)
BOTAFOGO Ricardo Marques Ribeiro(MG)
CORINTHIANS Alício Pena Jr. (MG)
CRUZEIRO Sandro Meira Ricci (DF) e Cleisson Velloso Pereira (MG)
FLAMENGO Sandro Meira Ricci (DF) e Marco André Gomes da Penha (ES)
FLUMINENSE Não tem no momento
GRÊMIO Heber Roberto Lopes (PR) e Altemir Hausmann (auxiliar-RS)
INTERNACIONAL Márcio Chagas (RS)
PALMEIRAS Paulo César de Oliveira (SP)
SANTOS Não tem no momento
SÃO PAULO Sálvio Spínola Fagundes Filho (SP)
VASCO Não tem no momento


“O único juiz que temos restrições claras, que não podemos nem ver pela frente atualmente, é o Sandro Meira Ricci, por motivos óbvios depois do que ele fez naquele jogo contra o Corinthians no ano passado. Imagine se o Sandro apita um jogo importante do Cruzeiro agora e erra novamente?”, perguntou Valdir Barbosa, gerente de futebol do Cruzeiro. O jogo a que ele se refere foi em rodada decisiva do Brasileiro de 2010 e o pênalti marcado contra os cruzeirenses acarretou na derrota por 1 a 0. O Cruzeiro não pediu o veto, mas as palavras de Barbosa são um recado: não o coloquem em sorteio, por favor.

Oficial

A obrigatoriedade em sortear um árbitro pretendia evitar dúvidas sobre escalações, mas mesmo assim ainda são criadas polêmicas sobre o tema. Antes de uma das semifinais do Paulista, entre Palmeiras e Corinthians, o “Jornal da Tarde” publicou na manhã do dia da escolha que o “sorteado” seria Paulo César de Oliveira. Bingo. Ele foi escolhido, o que desagradou os palmeirenses. No jogo, Oliveira expulsou Danilo e Felipão e o Palmeiras perdeu nos pênaltis.

O clube chiou, o que deve fazer com que o juiz não apite mais jogos do time nesta temporada (clássicos regionais no Brasileiro). Mas o assunto fez os dirigentes da FPF (Federação Paulista de Futebol) baterem cabeça no final da semana passada, antes do sorteio para a final entre Santos e Corinthians.

“Eu só ouço veto no jornal. Não me lembro de ter recebido um pedido. Veto só no jornal, na entrevista”, disse o presidente Marco Polo Del Nero. Ao seu lado, e quase no mesmo instante, Marcos Marinho, chefe da arbitragem paulista, dizia o contrário:

“Sim, acontece (pedido de veto). Palmeiras, Corinthians, São Paulo e outros clubes do interior já fizeram isso. Temos ai uma média de cinco pedidos por campeonato. Me ligam. Já teve clube que mandou um documento, um ofício pedindo o veto a um árbitro”, disse Marinho.

Chamado de “safado” pelo então presidente do Palmeiras Luiz Gonzaga Belluzzo depois de anular gol contra o Fluminense, pelo brasileiro de 2009, o árbitro aposentado Carlos Eugênio Simon ainda é lembrado hoje como indesejável. No “auge”, pelo menos cinco times não o queriam em seus jogos: Palmeiras, Corinthians, Grêmio, Flamengo e São Paulo.

“Que pediam, pediam (veto), mas não sei dizer se alguma vez aceitaram. Não sei nem se os clubes formalizavam esses pedidos. Eu acho que isso (veto) é uma coisa do passado”, disse Simon, hoje coordenador geral do Governo gaúcho para a Copa do Mundo de 2014.
Agradecemos ao nosso colaborador Sergio Viola Junior pelo envio da matéria.

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Fonte: iG Esportes