Vasco é pioneiro na área de estudos do movimento
O esporte passou por uma profunda reformulação estrutural na segunda metade do século XX e o futebol não fugiu disso. Profissionais que antes não tinham espaço no cotidiano das equipes, como fisiologistas, fisioterapeutas e advogados, ampliaram consideravelmente o campo de atuação. Muitas áreas criaram especializações na atividade física, mas quase todas voltadas à saúde ou à parte administrativa. E é esse o caminho que deve ser percorrido nos próximos anos pelos estudiosos ligados aos movimentos dos atletas.
“O que eu vejo para o futuro é a presença de profissionais ligados aos estudos dos movimentos nas equipes de futebol. Esse vai ser um diferencial importante, assim como aconteceu com a fisiologia no fim do século passado. O crescimento da quantidade de profissionais voltados a esse ramo criou pessoas especializadas e aumentou as possibilidades nas equipes”, diz Fabrício Augusto Barbieri, autor de uma tese de mestrado sobre as diferenças biomecânicas do membro dominante para o membro de suporte em chutes de jogadores de futebol.
O pensamento de Barbieri corrobora as perspectivas traçadas pela maioria dos profissionais relacionados aos estudos do movimento no esporte. Primeiro, as disciplinas ligadas a essa área estão se desenvolvendo no ambiente acadêmico. Só quando essa evolução estiver consolidada e houver estratégias fundamentadas para o trabalho no dia-a-dia do esporte é que elas ganharão mais popularidade nas equipes profissionais.
Diante disso, Atlético-PR e Vasco são os dois clubes brasileiros com estrutura mais preparada para a inserção de profissionais de estudos do movimento no esporte. As duas equipes já contam com pessoas especializadas nessas áreas e se esforçaram para dar base a esse trabalho.
O Atlético-PR inaugurou no fim do ano passado um laboratório de cinemática, uma área da física especializada no movimento. O espaço é responsabilidade de Oscar Amauri Erichsen, doutor em biomecânica e coordenador de apoio e controle ao treinamento do clube rubro-negro desde 2000.
Enquanto a maioria das equipes analisa seus atletas apenas duas ou três vezes por ano (no início, no meio e no fim da temporada), o Atlético-PR mantém um acompanhamento perene do desenvolvimento e das dificuldades de seus atletas. Esse estudo, segundo Erichsen, deve nortear o trabalho dos próximos anos.
Um dos pontos fundamentais para o desenvolvimento dos estudos do movimento é a captura de imagens. Atualmente, o Atlético-PR trabalha com duas câmeras fixas e outras móveis para fazer uma análise sistêmica do que acontece em campo e possibilitar diferentes formas de estudo para seus profissionais.
“Nós temos um histórico de todos os passes do time, por exemplo, e o rendimento individual nesse fundamento. Isso é importante para o técnico ter uma base de quem acerta e quem erra mais”, relata Erichsen.
No Vasco, o foco dos estudos relacionados ao movimento é diferente do que é feito no Atlético-PR. O clube de São Januário conta com um fisiologista especializado em cinesiologia, Carlos Vinícius Herdy, que coordena as ações de um laboratório focado nessa área.
“Com base em uma série de artigos e protocolos que ainda estão sendo produzidos levantamos centenas de dados sobre atletas das categorias de base”, conta Herdy, que destaca a função de seu setor na preparação individual dos jogadores: “É uma atividade preventiva e corretiva para que eles cheguem ao profissional sem sofrer lesões e conscientes das necessidades posturais”.
O Vasco também faz um trabalho voltado à biomecânica a partir de um software chamado Dartfish. Ele usa imagens capturadas de movimentos dos atletas para fazer uma análise global do movimento a partir de perspectivas cinemáticas.
“Ele foi lançado nos Estados Unidos em 2004 para corrigir alguns movimentos de atletas, inicialmente nas modalidades individuais. Mas podemos comparar ações dos nossos jogadores batendo uma falta, por exemplo, e corrigir os que estão fazendo movimentos errados”, lembra Herdy.
Há ainda outros campos relacionados aos estudos do movimento que são pouco ou nada estudados no esporte. Um exemplo é a ergonomia, que pode ser definida como a ciência que estuda a adaptação do trabalho às capacidades e limitações dos seres humanos.
“Dentro do futebol, a ergonomia pode apoiar a adequação ao uso de equipamentos fundamentais para os atletas e demais profissionais envolvidos, além de apoio às pesquisas de equipamentos que serão importantes no futuro. Alguns movimentos ou posturas podem ocorrer de uma forma inadequada à estrutura corporal e isso precisa ser analisado”, comenta José Luiz Fonseca da Silva Filho, graduado em engenharia industrial química, com mestrado e doutorado em engenharia de produção.
Nos próximos anos, a tendência é que esses estudos sejam um diferencial competitivo fundamental para as equipes de ponta do futebol brasileiro. “Há dez ou 15 anos, só sabíamos que os atletas corriam dez quilômetros por jogo e não havia informações sobre isso. Hoje temos a média de duração e intervalo dos sprints, a quantidade de tiros, o tipo de deslocamento. A preparação ganhou qualidade e isso deve acontecer também com as análises de movimento nos próximos anos”, projeta Clodoaldo José Dechechi, graduado em educação física e mestrando em biodinâmica do movimento.
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