Futebol

Vasco corta gastos e não teme avalanche de processos

Os cortes eram previstos, mas o alto números de demissões no Vasco chamou atenção e dividiu torcedores e figuras importantes do clube. Com a meta de reduzir R$ 40 milhões em salários por ano (35% da folha salarial), 186 funcionários foram desligados do quadro do clube. Um planejamento que começou em janeiro e entrou em prática nesta sexta-feira. Colaboradores já temiam pela perda de seus respectivos empregos desde o início da semana e, quando a notícia se consumou, houve muita lamentação e críticas por parte destes, de opositores e até de apoiadores. Houve também elogios à medida drástica adotada.

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O processo foi conduzido pelo CEO Luiz Mello, com as participações de todos VPs, especialmente Adriano Mendes, vice-presidente de finanças. Ao lado dos VPs gerais Carlos Osório e Roberto Duque Estrada, o presidente Jorge Salgado esteve presente nas reuniões e supervisionou o andamento, que teve a consultoria de uma empresa especializada.

Vasco vê situação insustentável e não teme avalanche de processos

Há menos de dois meses no poder, a nova cúpula do Vasco avaliou que seria necessária uma remodelação estrutural profunda para garantir a sustentabilidade nos próximos anos. Com ou sem rebaixamento o clube teria cortes. Mas a perda de receita por conta da queda para a Série B pesou e fez todo processo mais agudo e urgente. O Vasco calcula que deixará de arrecadar cerca R$ 100 milhões em 2021 por estar na Segunda Divisão.

Apesar do desligamento de quase 200 funcionários, o Vasco trata o pacote de medidas anunciado nesta sexta-feira como inédito, necessário e o primeiro passo para se reerguer financeiramente. Há anos em situação crítica, o clube tinha uma estrutura de custos sem receitas apropriadas, o que tornava a situação financeira permanentemente insustentável. A ideia foi cortar a própria carne para colher frutos mais à frente.

Os funcionários demitidos nessa sexta receberão os salários pendentes de janeiro e fevereiro, além das verbas rescisórias. O clube separou recursos para as rescisões e também colocou à disposição uma empresa para ajudá-los a se realocarem no mercado de trabalho. Com isso, espera regularizar a situações de todos colaboradores desligados e evitar futuros processos na Justiça.

No início da tarde, o presidente Jorge Salgado, via Twitter, posicionou-se sobre as medidas adotadas nesta sexta-feira:

"Torcida Vascaína, hoje foi um dia difícil em São Januário pela medidas duras que tivemos que tomar com vistas à reestruturação de nosso clube. Para enfrentar o descalabro de uma dívida astronômica e uma perda de receita de R$ 100 milhões, é chegada a hora de transformar o Vasco.

Hoje nos despedimos de colaboradores que trabalharam com amor e afinco por nosso clube. Faço questão de expressar o reconhecimento e a gratidão que temos por eles. Colocamos seus salários em dia e contratamos empresa de recolocação para auxiliá-los na continuidade de suas carreiras. Nossa responsabilidade histórica é reconstruir nosso clube e tirá-lo dessa situação inaceitável de insolvência financeira e esportiva, explicitada por salários atrasados e um quarto rebaixamento.

Vamos trilhar o único caminho viável, enfrentando os problemas de frente. Temos 45 dias de gestão e estamos aqui para recolocar o Vasco em seu caminho de vitórias e títulos, honrando nossa história e tradições. SV"

Futebol é priorizado, mas também passa por reestruturação

O futebol vem passando por um processo com semelhanças, mas diferente. De certa forma, o departamento foi poupado, embora tenha havido cortes no quadro de funcionários, entre eles os ídolos Carlos Germano e Acácio, que trabalhavam com a preparação de goleiros. A direção entende que o campo e bola serão fundamentais para reerguer o clube e trata o acesso à Série A em 2021 como obrigação para recuperar receitas na próxima temporada. Por isso colocará o máximo de recursos possíveis à disposição do departamento.

A pasta foi priorizada na reestruturação. O que não significa que não haverá cortes. O diretor Alexandre Pássaro vem conduzindo a reformulação do elenco. Até o momento, além de Catatau e Marcelo Alves que não tiveram os contratos renovados, saíram Pikachu, Fernando Miguel, Léo Gil e Gustavo Torres - Henrique, com vínculo a vencer em agosto, é outro que não permanecerá. O clube calcula uma economia de aproximadamente R$ 7 milhões com as dispensas.

As saídas, no entanto, não vão parar por aí. Benítez está próximo do São Paulo; Werley, Neto Borges, Lucas Santos e Marcos Júnior foram liberados da reapresentação e buscam novos clubes; o capitão Leandro Castan também pode sair, embora o clube trate a situação com uma atenção especial e busque um cenário positivo para todas as partes.

Até mesmo o artilheiro Germán Cano tem a situação avaliada. Embora esteja nos planos do técnico Marcelo Cabo, o argentino tem o maior salário do elenco e tem mercado. Uma eventual proposta vantajosa será avaliada com carinho.

Mudança de sede até reforma em São Januário

Outra medida anunciada nesta sexta-feira foi a mudança da sede administrativa. Em breve o clube trocará São Januário por um imóvel no Centro do Rio de Janeiro. A ideia é que seja de forma temporária, até que seja concluída a reforma de São Januário, prevista 2023. O projeto, por ora, não saiu do papel.

A direção entende que o trabalho era realizado “em casinha isoladas” embaixo da arquibancada do estádio. Todas distantes uma da outra e com estrutura precária. Não havia sinergia e integração entre diferentes setores na visão do novo comando vascaíno. Daí a ideia de transferir a sede administrativa para um lugar mais moderno, onde todos trabalhem juntos.

O contrato do aluguel do imóvel que abrigará a nova sede ainda não foi assinado, mas o clube não tinha dinheiro e conseguiu um lugar onde não pagará aluguel. A previsão é que a mudança ocorra ainda no primeiro semestre.

Fonte: ge