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Vasco busca dois patrocinadores para a camisa que paguem R$ 1 milhão/mês

No futebol atual, o investimento dos clubes em ações de marketing deixou de ser uma tendência e se tornou praticamente uma obrigação. As principais equipes do mundo têm nesse departamento uma forma de potencializar suas receitas e facilitar suas administrações. No Vasco, entretanto, essa ainda é uma área extremamente recente e em início de caminhada.

O departamento de marketing do Vasco completa um mês de trabalho nesta sexta-feira. A área não existia no clube e foi criada com a contratação do executivo Marcus Duarte, que trabalhou no rival Flamengo desde fevereiro de 2005.

Em seu primeiro mês à frente do departamento de marketing do Vasco, Marcus Duarte ainda tenta solucionar um antigo problema do clube carioca: conseguir um patrocinador. A equipe de São Januário não tem uma marca estampada em suas camisas há seis anos e essa é a maior estiagem entre os times da primeira divisão do Campeonato Brasileiro.

“Nossa prioridade, pelo menos no momento, é fechar um contrato de patrocínio para os próximos meses”, explicou Duarte em entrevista exclusiva à Cidade do Futebol. “Conversamos com agências, porque cada uma delas trabalha de um jeito, e estamos procurando parceiros. A perspectiva é bastante otimista”, completou o dirigente, que espera anunciar um acordo antes do início do Campeonato Brasileiro de 2007.

Além da busca por patrocinadores, o departamento de marketing do Vasco dividiu suas ações neste primeiro mês em dois setores: licenciamento de produtos e relacionamento com os torcedores. Essas são as prioridades da equipe carioca para o início das atividades nessa área, sobretudo para possibilitar um incremento de receita.

O departamento de marketing do Vasco também aguarda ansiosamente a decisão da Fifa sobre a possibilidade de o atacante Romário voltar a atuar pelo clube ainda neste ano. Afinal, o camisa 11 está a apenas 13 gols do milésimo na carreira e essa marca deve gerar uma série de ações.

“Estamos pensando na festa do milésimo gol, mas isso ainda depende de ele ser liberado para jogar. Vamos aguardar a decisão da CBF, mas já estamos pensando no que fazer para comemorar essa data”, explicou Duarte.

Cidade do Futebol – Antes de chegar ao departamento de marketing do Vasco, você passou quase dois anos no Flamengo. Qual a diferença do investimento dos dois clubes nessa área?

Marcus Duarte – Eu cheguei ao marketing do Flamengo em fevereiro de 2005 e o departamento já existia. Mesmo assim, me arrisco a dizer que nós partimos do zero lá. A área estava praticamente inativa e nós precisamos estruturar e criar um planejamento. Por isso, posso dizer que a estrutura é bastante similar ao que temos no Vasco.


Cidade do Futebol – Em um mês, quais foram as realizações do departamento de marketing do Vasco? O fato de o setor ser novo no clube dificultou o trabalho de vocês?

Marcus Duarte – A equipe e o departamento têm pouco tempo de clube. No começo, o que nós fizemos foi segmentar o nosso trabalho em três caminhos diferentes: uma frente é a área de licenciamento de produtos, outra é a de projetos de patrocínio e ações de marketing e a última é a de comunicação e relacionamento com os torcedores. Com essa divisão, possibilitamos um crescimento em diferentes frentes e uma evolução mais rápida.


Cidade do Futebol – Como foi a evolução em cada uma dessas áreas, então?

Marcus Duarte – Sobre licenciamentos, a primeira medida foi mapear os contratos já existentes. O Vasco tem 33 acordos para a produção de 66 produtos. Além de fazer essa varredura, conversamos com todas as empresas e estabelecemos algumas metas a partir de fevereiro. Já conseguimos organizar as coisas, e agora teremos condições de crescer nesse sentido. A segunda área [projetos de patrocínio e ações de marketing] é a nossa prioridade para o momento e a expectativa é conseguirmos fechar alguma coisa antes do início do Campeonato Brasileiro. As ações de relacionamento com a torcida ainda não decolaram, mas vamos trabalhar nisso nos próximos meses.


Cidade do Futebol – Vocês já estão conversando com empresas? Qual é a expectativa do Vasco com relação a patrocínio?

Marcus Duarte – Nós dividimos a questão de patrocínio em duas cotas: existe a cota master, que contempla uma série de benefícios, além de exposição da marca na frente e nas costas da camisa, nos meiões e nos calções dos atletas. Essa cota será vendida por R$ 700 mil por mês. A outra cota é a júnior, que também tem outras formas de exposição e dá à empresa o direito de expor sua marca nas mangas das camisas. Essa cota será vendida por R$ 300 mil por mês. Como estamos trabalhando sempre com valores livres pro clube, a expectativa é ter uma receita de R$ 1 milhão por mês apenas com isso. Conversamos com agências, porque cada uma delas trabalha de um jeito, e estamos procurando parceiros. A perspectiva é bastante otimista.


Cidade do Futebol – O Vasco não tem patrocínio há seis anos. Por que isso acontece? O clube está disposto a aceitar uma proposta abaixo dos ideais dos anos anteriores para não seguir sem um parceiro?

Marcus Duarte – O Vasco não abriu e nem vai abrir mão de suas idéias sobre patrocinadores. O que acontece é que as propostas que chegaram às mãos da presidência até o ano passado foram inferiores ao valor do clube. Foram propostas irrisórias perto do que o time pode oferecer. Estamos falando de uma receita de R$ 1 milhão por mês, que nos colocaria entre os cinco maiores times do Brasil. É isso que o Vasco precisa buscar.


Cidade do Futebol – Quais os principais argumentos para isso? O Vasco não conquista um título de expressão desde o Estadual de 2003...

Marcus Duarte – A história e a visibilidade que o clube tem garantem um lugar entre os cinco maiores do país. O Vasco esteve entre as cinco maiores audiências do Campeonato Brasileiro no ano passado e chegou a estar entre os dois ou três primeiros em alguns momentos. Esses são dados que ninguém tinha acesso e a criação do departamento de marketing contribuiu para divulgar para empresas e agências.


Cidade do Futebol – Vocês têm idéia de quanto dinheiro o Vasco deixou de ganhar por estar há tanto tempo sem um patrocinador?Cidade do Futebol – O fato de vocês terem começado a investir em marketing apenas há um mês complica a atual situação do Vasco? O departamento já está completamente estruturado?

Marcus Duarte – Começamos atrasados, mas hoje não devemos nada para as outras grandes equipes do Brasil. Podemos não ter a estrutura do departamento de marketing do São Paulo, por exemplo, mas estamos organizados e com boas idéias. É claro que alguns projetos não dependem apenas do marketing, como o plano de sócio-torcedor do São Paulo. Isso depende de uma aprovação da diretoria executiva e tem um caminho mais longo a ser percorrido. Nossa prioridade, pelo menos no momento, é fechar um contrato de patrocínio para os próximos meses.


Cidade do Futebol – De que forma o estádio de São Januário está inserido no planejamento de vocês? Vocês pretendem investir em ações para os dias de jogos?

Marcus Duarte – Sim. Nós esperamos que São Januário seja uma fonte de receita importante para o clube, e para isso estamos formatando alguns projetos. Pensamos em fazer ações no intervalo e vender cotas menores para empresas anunciarem nesse período, além de potencializar a venda de produtos. Mas isso faz parte de uma outra etapa do nosso trabalho.


Cidade do Futebol – E se o Romário for liberado pela Fifa para voltar a jogar no Vasco ainda neste semestre? Existe alguma ação específica focada nele? Existe alguma coisa para a volta da camisa 11 (que foi imortalizada pelo presidente Eurico Miranda e só pode ser usada pelo atacante)?

Marcus Duarte – A camisa 11 vai voltar normalmente e o Romário vai ser uma presença importante. Estamos pensando na festa do milésimo gol [o centroavante tem 987 na carreira], mas isso ainda depende de ele ser liberado para jogar. Vamos aguardar a decisão da CBF, mas já estamos pensando no que fazer para comemorar essa data. Podemos fazer um evento no dia do milésimo gol, dentro ou fora do estádio. Também podemos fazer algo diferente, uma festa mesmo. Existe até a idéia de um jogo comemorativo.

Fonte: Cidade do Futebol