Vasco 0x1 Palmeiras – Uma derrota que vai além do resultado
Aproveitando que não vai ter jogo do Vasco no meio de semana, decidi fazer uma breve análise sobre a partida do último domingo. Porém, antes de começar, queria que a torcida do Vasco entendesse que existem diversas maneiras de se jogar futebol. Da mesma maneira que você pode tentar controlar seus adversários com a posse ou sem ela. Qual o motivo de ter dito isto? É que o Vasco decidiu justamente pela segunda opção. Tentou — e conseguiu em boa parte da partida — dominar o, Palmeiras conseguindo abaixar as suas linhas e protegendo os espaços.
Entretanto, nem tudo são flores e para esta maneira de jogar da certo todos os movimentos precisam estar bem alinhados e coesos para os atletas. Além de precisar de tempo de trabalho para implementar esta ideia. Sá Pinto nos últimos 2 jogos decidiu pela utilização de três zagueiros, deixando bem claro que quando estiver com a posse vai atacar os adversários explorando o poder de 1v1 e criação de Benitez e Talles e também as ultrapassagens dos laterais, até o momento Léo Matos e Neto Borges.
No 1ª tempo ficou bem claro este modelo de jogo e a mecânica dos movimentos. Marcação em bloco/médio, equilíbrio na marcação dos corredores laterais fazendo dobras (laterais + extremos), procurando ter uma organização bem mais setorizada, ou seja, priorizando bem mais a proteção do setor, tendo como referencia o movimento da bola. E foi assim que o Cruz Maltino conseguiu segurar, e bem o, Palmeiras nos 45 min iniciais.
O sistema do Vasco passou de 3-5-2/3-4-3 para um 3-6-1, como visto na imagem. Extremos compactos fechando o corredor central e dobrando a marcação nos corredores laterais conforme o time Alviverde direcionava a jogada para ali. E foi com essa coordenação de movimentos sem bola que Sá procurou pautar o time Gigante da Colina. Porém, um erro e que já vem de outras partidas ocorreu novamente contra o, Palmeiras. O espaço entre as linhas bem à entrada da área. Em uma zona perigosa por ser uma zona de finalização. Se o adversário leva vantagem ali, as chances de converter em gol é grande.
Quando recuperava a posse já procurava acelerar, buscando sempre um ataque bem mais vertical, sempre em profundidade. Direcionava esses passes verticais para as ultrapassagens dos laterais. Porém, como esta transição era lenta e com poucos jogadores, ficava sempre em inferioridade numérica e pouco era efetiva. Quando entrava em organização ofensiva, a equipe se mostrava um pouco mais perigosa – pelo menos no 1ª tempo – conseguindo circular a posse nos corredores, com os volantes gerando apoio em ambos os lados. Andrey e Léo Gil são fundamentais nisto e Sá tem conseguido explorar bem esta característica de ambos. Por outro lado, Benitez, que voltou a pouco de lesão, e Talles ainda não atingiram os niveis esperados.
Na imagem consegue ilustrar bem como que a equipe se organizava. Laterais em amplitude, agressivos à linha de fundo, os volantes alinhados procurando estar posicionado para oferecer apoio aos três defensores e gerar vantagem posicional em relação ao adversário.
Interessante ver o movimento do Benitez, vindo buscar o jogo mais à base da jogada, em um zona “menos poluída”, e tendo tempo e espaço para progredir com ela, ora se associando com o lateral do mesmo ora, com Talles e Cano que estão em profundidade. Com Talles em profundidade, Neto ganha todo o corredor para avançar e gerando igualdade numérica no corredor direito do Palmeiras. E nesta imagem da para observar como o camisa 10 do Vasco faz a diagonal do centro para a ponta, fazendo essa dobra com o lateral Léo Matos, este movimento é importante para ganhar campo, além de atacar o espaço vazio deixando pelo lateral palmeirense.
Ao longo do 2ª tempo o Vasco conseguiu corrigir alguns erros do 1ª tempo e subiu de produção criando algumas boas oportunidades com German Cano. Porém, depois de um pênalti até certo ponto infantil, acabou sofrendo o gol e se perder na partida. Mostrou muita dificuldade em furar o bloco de marcação do Palmeiras, pouca movimentação, seja em profundidade ou amplitude. A criação, de fato, ficou bem clara que é o principal problema da equipe, principalmente, quando esta atrás do placar e ainda mais importante quando se teve chances antes de abrir o placar.
Enfim, procurei fazer esta analise sem me ater ao pênalti, números ou lance polêmico, porque isso é de extrema importância para uma análise ser coesa e imparcial. Deixando claro que, ficou clara a ideia de Sá Pinto de como ele quer que a equipe marque, recupere, ataque e crie. Óbvio que ainda precisa de muitos ajustes, como dito principalmente na organização ofensiva, mas nada que não possa ser ajustado ao decorrer do trabalho. O nosso treinador vai ter a semana livre pela primeira vez desde que chegou ao Vasco, a partir disso vamos observar como a equipe vai se comportar na próxima partida.
Por Rodrygo Nascimento
Fonte: SUPERVASCO.COM