Torcida

Vascaínos se reuniram na Europa para acompanhar o clássico

Durante todo este domingo (4) o G1 acompanhou a movimentação dos brasileiros de Londres e Lisboa que verão a última rodada do Campeonato Brasileiro. Dois repórteres em cada uma das capitais europeias reportaram como os torcedores corintianos, vascaínos e de outros times brasileiros assistiram aos jogos decisivos de seus clubes do coração. Os depoimentos foram separados da seguinte maneira: pré-jogo, durante a partida e pós-jogo. Acompanhe.

Camden Town ganhou fama por ter sido o lugar que a cantora Amy Winehouse escolheu para morar – e fazer visitas frequentes aos pubs locais. Mas, neste domingo, um dos bares do distrito londrino teve uma trilha sonora diferente. Isso porque cerca de 250 torcedores se reuniram em um pub brasileiro para assistir a Corinthians e Palmeiras.

O “esquenta” foi ao som de pagode e sertanejo. Mas foi só a partida começar e o canto da torcida alvinegra, a grande maioria, abafou os gritos dos poucos palmeirenses e deixou o bar com pinta de Pacaembu lotado. “É inacreditável. Esse é o meu quinto título brasileiro como corinthiano. Eu estava no estádio no primeiro título e agora estou em Londres na minha lua de mel. É incrível, estou muito feliz\", disse o engengeiro Antônio Pedro Verga. Ele convenceu a mulher – são-paulina – a assistir à partida.

“Como ele é corinthiano roxo resolvi deixar de lado um dia da minha lua de mel e vir aqui assistir ao jogo com ele. Não teve discussão, foi tranquilo,” explicou a engenheira Monique Verga. “Procurei na internet onde ia passar o jogo e tive que vir,”disse Antônio Pedro.

Enquanto os novos campeões brasileiros davam a volta olímpica no Pacaembu, em Londres o sertanejo recomeçava. Esta noite, Amy não tem vez em Camden Town.

“Foi injusto. O juiz jogou para o Corinthians”, lamenta-se a mineira Thaís Souza, de 19 anos, antes mesmo do fim do jogo, em Lisboa. Quando os acréscimos começaram, ela decidiu tirar a camisa do Vasco. Agora é pensar em 2012. “Vamos ter que levar a Libertadores”, decreta.

O bahiano Elton Nogueira, de 29 anos, reconheceu que o Timão tomou sufoco para conseguir o quinto título brasileiro de sua história. “Eu já esperava que fosse um jogo catimbado contra o Palmeiras. Mas acreditava no Corinthians”, disse, logo ao fim do jogo. “É clássico. O Palmeiras sempre tenta atrapalhar.”

A comemoração dos corinthianos foi rápida nos bares que margeiam o Tejo no Parque das Nações, na zona oriental de Lisboa. Em três bares, havai cerca de 30 corintianos. Não houve registro de incidentes até as 22h30 locais (20h30 de Brasília).

Durante o jogo: corintianos ficam nervosos tanto em Londres quanto em Lisboa com os gols de Flamengo x Vasco da Gama

A notícia que Diego Souza abriu o placar para Vasco não desanimou os cerca de 250 torcedores – a grande maioria corinthianos – que assistem à partida entre Corinthians e Palmeiras em um pub brasileiro no distrito de Camden Town, em Londres.

Aos gritos de “Vamos meu Timão, não para de lutar”, eles seguem confiantes no título.“Sou gavião desde 1993. Não perco um jogo, sempre procuro um bar para assistir ou vejo em casa. Estou nervoso mas tenho certeza que vamos ganhar,” disse o personal Alex Debiagi, há cinco anos em Londres.

“Estou muito nervoso, tenso. Vou gritar muito no final. O Corinthians liderou o campeonato todo e tem um time melhor que o do Palmeiras. Vamos erguer a taça hoje,” disse o estudante Eduardo Debiagi.

Já em Lisboa, nidos pela distância do Brasil e pelo gosto por futebol, torcedores de Corinthians, Vasco, Palmeiras e Flamengo assistem juntos à última rodada do Brasileirão em um bar no Parque das Nações, na zona oeste da cidade. “No Brasil você pode até escolher onde assistir, mas aqui é quase obrigatório. É até bom porque você convive com outras pessoas”, diz o potiguar Paulo Santos, flamenguista de 32 anos, sete em Portugal.

O maranhense Alexandre Bandeira, de 23 anos, acha que a emoção é menor. “No Brasil tem mais calor. O torcer é mais intenso”, afirma, com a experiência de quem já acompanhou o Vasco ser campeão da Copa do Brasil em junho deste ano, mas obrigado a escolher entre assistir o jogo em meio a corintianos em um bar, ou em meio a flamenguistas em outro.

Já o paranaense Marcos Fernandes, de 21 anos, assiste for a do Brasil a uma final do Corinthians pela primeira vez. Em sua opinião, a emoção é, na verdade, maior. “A gente está distante então se apega muito ao futebol para se aproximar do Brasil. É uma paixão”, diz, contando que teve de pedir folga no emprego para ver o jogo.

O melhor desempenho do Palmeiras no primeiro tempo, somado ao gol do Vasco, aumentou a tensão entre os corintianos, até então tranquilos com a larga vantagem – um empate dá o título ao Timão, independentemente do resultado obtido pelo cruzmaltino.

“Até agora o Palmeiras está melhor”, diz, preocupado, o pedreiro goiano Fernando Silva, de 31 anos, acompanhado pela mulher. “Mas vai ser 1 a 0 para o Vasco e 1 a 0 para o Corinthians”, afirma o corintiano. “Vamos ganhar por 2 a 0”, diz a mulher, Maraísa Silva, de 26 anos.

“Está normal, os dois times jogaram igual. O Palmeiras pode ter ido melhor, mas o Corinthians vai voltar mais forte”, diz o paranaense Luiz Júnior, de 20 anos.

Embora flamenguista, Paulo Santos acredita que o Corinthians leva o caneco. “Acho que vão ser dois empates nos últimos minutos.” O gol de empate do Flamengo deu maior ânimo aos corintianos.

Um pub no distrito de Camden Town, no norte de Londres, virou um pedacinho do Brasil na tarde deste domingo. Ao som de pagode e sertanejo, cerca de 250 torcedores se reuniram para assistir a última rodada do Campeonato Brasileiro.
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“Passei a semana pensando que se a gente perder vou ter que escutar os palmeirenses. Já basta ter perdido no ano do centenário, ano passado quase foi, este ano temos que ganhar,” disse o corintiiano Inti Costa, há quatro anos em Londres.

Mesmo sem chances de título, o flamenguista Thiago Rossetti veio torcer pela vaga na Libertadores e garante que não vai “secar” corintianos ou vascaínos. “Não vim provocar, vale a Libertadores e vim torcer pelo Flamengo. Mas claro que quero que o Vasco seja vice,” disse.

Independente do resultado, o dono do pub, Elton Silva, já comemora uma das noites mais cheias do ano. “Em finais de campeonato ou jogos do Brasil aqui sempre enche. Trouxe mais gente para trabalhar para as pessoas não ficarem na fila. Quando o jogo começa não posso nem servir comida porque as garçonetes não conseguem andar,” disse.

Dono de um restaurante em Lisboa, Cassiano Rodrigues, de 26 anos, carrega a Cruz de Malta no pulso. Para ele, não podia ser diferente. “Português que é português é Vasco. Foi este símbolo que chegou lá”, diz apontando para a pulseira e se referindo à insígnia que decorava as caravelas de Pedro Álvares Cabral. Aposta que o Gigante da Colina leva o Brasileirão hoje, batendo o Flamengo, apesar do favoritismo do Corinthians, que sai campeão com um empate contra o Palmeiras.

E se é para ver o rival perder o campeonato, os palmeirenses também se preparam como se fosse uma final. “A rivalidade é grande e clássico é clássico. Nem que fosse valendo uma cerveja, o Palmeiras tem que ganhar”, diz o paulista Maikel Rogério, de 34 anos, dono de um bar na capital portuguesa, vestindo a camisa do alvi-verde. Morando em Portugal há 12 anos, é fã de Liédson, que fez sucesso no país. “É o nosso segundo Romário. Pena que está no time errado”.

Em bares e restaurantes de propriedade ou muito frequentados por brasileiros, os telões e televisões já estão a postos. Maikel colocou duas. “Assim agrada os torcedores dos dois. De qualquer jeito vai ter festa.” A lotação, espera, é garantida. Mais de três horas antes de começar o jogo, 12 dos cerca de 20 lugares que tem no estabelecimento já estavam reservados. Os brasileiros formam a maior colônia de estrangeiros em Portugal, com cerca de 106 mil legais (dado de 2008) em uma país de 10,6 milhões de habitantes, segundo o Instituto Nacional de Estatística.

A admiração pelo artilheiro do Timão é que faz o português Nuno Brito, de 39 anos, escolher o time do Parque São Jorge como seu clube brasileiro do coração. “O Levezinho é extraordinário. Deixou uma marca muito importante em Portugal.” Além de ídolo do clube Sporting, Liédson joga pela seleção do país desde 2009. “Vai ser 2 a 0 para o Corinthians”, aposta. Mas o certo não seria torcer para o Vasco? “Se fosse assim, teríamos todos que apoiar a Portuguesa”, argumenta.

“Eles vão dificultar. Vai ser um a zero com gol de Liédson. Mas se for para o Corinthians ser campeão, mesmo zero a zero está de bom tamanho”, diz o sul-mato-grossense Cléber Pereira, de 33 anos – 11 deles em Portugal. Como vai estar trabalhando uniformizado na hora do jogo, veste o manto do Timão enquanto o expediente não começa. Vai depender da mulher para acompanhar o confronto. “Pelo telefone, né? Ela vai me mandando mensagem.

Há 17 anos em Portugal, o carioca Marcelo Gaspar, de 40 anos, ainda guarda a carteira de identidade com o escudo cruz-maltino que comprou no Brasil. “Hoje vai dar bacalhau e porco”, aposta, contando com uma força do Palmeiras. “Quando o Palmeiras vai jogar no Rio, a torcida vascaína vai em peso. E quando o Vasco vai em São Paulo, os palmeirenses apoiam.”

Patrão e empregada, o paulista Emerson Alexandre, de 38 anos, e a baiana Katiene Costa, de 35 anos, vão trabalhar juntos até a hora dos jogos. Depois, vai cada um para a sua casa. Ele, presentado com um uniforme do Corinthians quando era pequeno, é Timão até hoje. Ela, mesmo com o pai flamenguista, é cruzmaltina. “Nunca olhei para outro time.”

Fonte: ge