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Vascaíno do Futebol Americano relata semana de treinos nos EUA

\"caio\"Acredito que hoje o que vivemos é único no cenário esportivo brasileiro, um esporte ganhar tanta visibilidade em tão pouco tempo, incrível, não?! Mais incrível ainda, é saber que com essa evolução, não só na mídia, ela é visível em outros aspectos. A organização tem sido cada vez melhor, o nível dos atletas vêm sendo cada vez maior, e isto está aí escancarado para todo mundo ver, o FABR tem tudo para explodir e se tornar um dos esportes mais queridos da nação brasileira.

Enfim, desde 2006 quando comecei minha jornada nas areias cariocas, não tinha noção de onde o esporte me levaria, e as experiências que me proporcionaria, os valores que me ensinaria, e várias outras coisas.

Depois de 2 anos e meio jogando na base do extinto Niterói Corsários, ter ajudado na fundação de um, ainda pequeno, time de flag footbal no interior de São Paulo, me deparei com a chance de integrar uma das equipes mais tradicionais no Futebol Americano nacional, e ser treinado por um dos mais respeitados treinadores do Brasil: Danilo Muller; e ter jogado ao lado, que hoje em dia são, jogadores da seleção brasileira foi uma das melhores coisas da minha vida. Depois me mudei para o Rio de Janeiro estudar, e o esporte permaneceu em minha vida agora de forma ainda mais presente. Integrei a equipe do Vasco, e lá fui treinado pelo treinador e amigo, Rodrigo Hermida. O qual me incentivou e me ajudou sempre no que precisei, nessa mudança, comecei a freqüentar os treinos da seleção carioca sub19 também.

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Jogadores Brasileiros sendo muito bem recebidos no World Team!



Mas, vamos ao que interessa: como foi o processo de seleção para a seleção mundial sub 19 de futebol americano?

Um dia voltando da faculdade recebo o convite por parte da AFAB para participar do processo de seleção dos jogadores para a seleção mundial, e eu prontamente aceitei. A partir daí preenchi vários questionários, e recebi minha senha no web coach (site onde semanalmente temos que postar nossos números na academia: supino, agachamento, arremesso, 40yd Dash, e muitos outros resultados). Nesse momento eu só dependia de mim e do meu trabalho para estar entre os melhores 90 jogadores do mundo. Além disso, nos precisávamos ter um vídeo com os melhores momentos e foi onde eu pensei que minhas chances acabariam ali. Meu pai me ajudou muito nesse momento gravando todos meus treinos e jogos, e por fim consegui fazer meu vídeo. Enviei à IFAF e continuei meus trabalhos na academia.

No dia 25 de dezembro, recebi um dos melhores, se não foi o melhor, presente de natal da minha vida, a estimada convocação. E foi só alegria, no mesmo dia recebi a noticia que o Paulinho (Storm) e o Gabriel Chalfun também tinham sido convocados, além do querido Pitbull que já estava confirmadíssimo para ir. E assim foi escolhida a delegação que iria representar o Brasil na seleção mundial, e os primeiros jogadores brasileiros a participar integralmente de um evento da Federação Internacional de Futebol Americano.

Dia 25 de Janeiro embarcávamos rumo à Austins, Texas. Uma “agradável” viagem de 10:30h de duração até Dallas, onde pegaria uma conexão para Austin. No aeroporto existiam várias lojas do Dallas Cowboys, e a partir dalí comecei a viver o futebol americano como se deve ser. No avião para Austin, tinha um dos principais nomes do jogo: Shingo Maeda, um dos talentosíssimos Running Backs da seleção mundial. E chengando no aeroporto de Austin, fomos recebidos por dois rapazes da IFAF, que nos levaram para o hotel.

No hotel me senti como um profissional, credenciais, testes físicos, fotografias, roupas e mais roupas, uma sala SÓ de equipamentos (capacetes, jerseys, luvas, etc) foi emocionante.

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Caio Lima com o uniforme do World Team!



No primeiro dia tivemos um panorama geral de como as coisas iriam funcionar dali pra frente, junto com todos os jogadores e técnicos. No dia seguinte os treinos começavam, as expectativas eram altas, afinal, como seria o nível técnico e físico dos treinos e dos outros jogadores, tudo era um mistério, acredito que para todos ali. E o que eu esperava se confirmou, o nível técnico era realmente MUITO melhor que o nosso, mas o preparador físico sueco, hoje amigo, me disse uma coisa a respeito dos brasileiros: “Os brasileiros podem não ter a condição técnica que os outros jogadores têm, mas uma coisa os brasileiros tem mais, força de vontade e coração pra superar os outros.” E isso realmente mexeu comigo, e levei essa frase pra toda minha semana lá.

A semana correu muito bem, com 2 treinos por dia (um pela manhã e um pela parte da tarde) e 2 reuniões por dia (uma a tarde e uma a noite), e no fim dos treinos, eu e os outros brasileiros só pensávamos em uma coisa, trabalhar mais duro ainda pra voltar no próximo ano como aqueles que nós vimos e treinamos com. Antes do jogo principal, tivemos um coletivo, estilo “ataque-defesa”, onde todas as jogadas foram filmadas, e posteriormente analisadas junto com os jogadores. Nesse confronto, quem levou a melhor foi a defesa, com um placar de: 14×13.

No dia seguinte, era o momento mais aguardado da semana: O jogo, que foi realmente “top”, chegamos nos três usuais ônibus, que sempre nos levavam para os treinos, com 3 horas de antecedência ao jogo. O vestiário era uma mistura de ansiedade e vontade de pisar logo em campo e esmagar os americanos e seu ar arrogante que sempre se mostrava no hotel.

E assim, deu –se inicio a partida, vocês podem assisti-la na internet. Dá para ter uma noção que o Canadá acompanha de perto os EUA, e que no México existem ótimos jogadores, assim como na Europa também.

No fim, o que realmente importou, acredito que para a maioria do Development Team, e principalmente para os brasileiros, é que é sim possível ser melhor que os EUA, basta treinar e ter um objetivo. E isso foi provado mais uma vez.

Fonte: Site da AFAB