Futebol

Valdiram deixa infância pobre em Pernambuco, vence no Rio e reencontra amigo

A saga que, há décadas, milhares de nordestinos cumprem, deixando o sertão para tentar a sorte nas metrópoles do Sudeste, teve, no caso de Valdiram, escalas e obstáculos ainda mais inusitados do que os que normalmente encontram os retirantes. O final da história, pelo menos por enquanto, em compensação, está sendo glorioso.
Nascido em Canhotinho, cidade de 20 mil habitantes no sertão pernambucano, Valdiram, de 23 anos, foi criado pela tia, depois que o pai abandonou a família. Pouco freqüentou a escola.

Tentou resolver sua vida no futebol. Seu talento lhe abriu portas além-mar, em Lisboa, mas Valdiram quase jogou tudo por terra por problemas decorrentes da formação inadequada que teve desde a infância. Chegou a ser preso três vezes, uma delas em Portugal, quando defendia o Belenenses.

Desperdiçou a oportunidade na Europa e estava jogando no obscuro Esportivo, de Bento Gonçalves.

Alçado aos holofotes através do DVD aprovado pelo técnico Renato Gaúcho, Valdiram vive um momento iluminado desde que chegou ao Vasco, primeiro grande clube brasileiro de sua carreira.

Depois de sair de Canhotinho e conhecer o Primeiro Mundo e algumas delegacias, colecionando mais decepções que alegrias, Valdiram veio vencer no Rio, onde reencontrou conterrâneos com histórias talvez tão sofridas quanto a sua, mas certamente sem a apoteose que o camisa 7 vive em São Januário.

- Amigos meus de infância lá de Canhotinho vieram me visitar aqui no Vasco. Eles também moram no Rio, e quando souberam que eu vim jogar aqui, apareceram para matar saudade - conta Valdiram, que, sincero, deixa a falsa humildade de lado e constata a fase que atravessa.

- Agora eu sou famoso não só lá em Canhotinho, mas no Brasil todo.

Fonte: Lance