Clube

Valdir: "Não posso encerrar uma carreira brilhante com uma contusão"

Confira a transcrição da entrevista do atacante Valdir "Bigode", de 36 anos (15/03/1972), ao programa "Rádio Views", da TV Lance.

LESÕES NO AL-NASSR, DOS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
"Em 2004 fui jogar fora, para Dubai. Fiquei lá duas temporadas inteiras e na terceira tive uma contusão na perna esquerda, de ligamento cruzado. Fiz uma cirurgia, que foi até muito boa, mas quando eu estava me preparando para voltar tive um problema no joelho direito, de cartilagem. Até então não consegui me recuperar. Estou no Vasco há quatro, cinco meses com o Márcio, que é um fisioterapeuta, me dando um apoio integral. O presidente Eurico [Miranda] também abriu as portas \"Esse garoto é da casa e tem que ficar aqui com a gente\". Desde então estou lá tratando e acredito que vou me recuperar mais uma vez dentro do Vasco da Gama".

VOLTAR A JOGAR PELO VASCO POR PELO MENOS UM ANO
"É difícil falar a respeito do contrato, mas voltar a jogar, tenho fé em Deus que sim porque estou fazendo a minha parte, sempre fiz, dentro e fora de campo muito bem. Acredito nessa recuperação. Já vi casos de jogadores terem várias lesões e voltarem com uma dedicação. Dedicação e empenho não me falta. Estou trabalhando firme e fazendo tudo que tem que ser feito. Não tenho um tempo, mas acredito que em breve vou voltar a jogar, até porque não posso encerrar uma carreira, que durante muitos anos foi brilhante, da forma que vou encerrar, com uma contusão que hoje em dia, do jeito que está a medicina dentro do futebol, todo o apoio para o atleta... Não posso encerrar sem vestir a camisa novamente de uma equipe".

MANTER RAÍZES
"Na verdade, as pessoas nascem com alguma coisa e você vai aprendendo outras situações, acrescentando àquilo que você nasceu. Sempre achei que manter as minhas raízes, coisas simples, os meus amigos que estão sempre comigo... Sempre que estou com eles comento. Tenho amigos de quando eu era garoto e andam comigo até hoje - deixaram de andar porque iam viajar, mas voltaram a andar. A minha terra é Campo Grande, Senador Camará e Santíssimo - estou sempre por ali. Sempre achei que isso era bom para mim e hoje tenho certeza que é. Onde volto hoje, as portas estão abertas".

FAMA SUBIR À CABEÇA
"De maneira nenhuma. Não, porque sempre voltei aos lugares, gosto de manter os mesmos lugares que eu freqüentava. Acredito que a mosquinha azul nunca me mordeu. O meu modo de vestir, andar, os meus amigos - os antigos, quem me conhece sabe que estão sempre comigo. É o que tenho de mais valioso na minha vida. O jeito simples é natural. O meu pai, com 70 anos, é a mesma coisa. Os meus amigos e irmãos também. Se a gente briga, tem confusão, é a mesma coisa. Vivi assim a vida inteira. Fiquei famoso, ganhei um certo dinheiro para ter uma vida, graças a Deus tranqüila, como todos nós buscamos. Mas sempre procurei, e me cobrei muito, com relação à fama. A fama pode ser muito positiva, mas se não souber usar, também se torna negativa, porque o positivo e o negativo estão muito próximos. Sempre tive esse cuidado e, por isso, sou feliz dessa forma".

VASCO
"O Vasco foi completamente diferente, porque vim de um ambiente muito diferente, que era um time pequeno, aonde não tinha salário e as condições eram muito precárias, o que é normal em um time pequeno. De repente, visto uma camisa no Maracanã com 130, 140 mil - na época que cheguei era até mais, os não pagantes também. Foi uma situação que o Vasco me acolheu, deu o tempo, vestiu, deu alimentação, pagou. Os meus amigos, quando chego lá, o roupeiro está no profissional, o outro que era meu amigo está nos juniores. Mudou pouca coisa - o médico, fisioterapeuta. Ali é a minha casa. Joguei muitos anos ali e, até quando eu voltar daqui a 20 anos lá, se estiver vivo, também vai ser a minha casa sempre. As pessoas que estarão lá vão me receber dessa forma porque tudo que passei lá dentro foi muito bom e importante. Por isso estou lá dentro com as portas abertas para mim novamente".

FUTURO
"Pergunta impossível de responder. Vou trabalhar, tentar me recuperar. A minha intenção para o futuro é jogar, se der, mais um ano e meio, dois anos".

COPA DO BRASIL
"Primeiro, vou torcer para o Vasco. Isso não tem... Agora, favorito é muito difícil, porque pega um Palmeiras bem, para ser campeão, vai na casa dos caras e leva uma surra [4 a 1] - o próprio [Valderlei] Luxemburgo reconheceu isso e deu méritos ao Sport, porque ganhou bonito. O Sport vai lá dentro contra o Internacional, perde de 1 a 0, que é um resultado bom, dependendo, pega em casa e faz um resultado também belíssimo [3 a 1], e jogando. É um jogo difícil para o Vasco. O Botafogo está tentando, chegando em várias competições. O Corinthians vai ser sempre grande, na primeira ou na segunda [divisão]. É difícil apontar um favorito. Vou torcer para que o Vasco vença. Gosto muito também do Botafogo, respeito muito as pessoas".

Fonte: Vasco Expresso