Vagner Love relembra passagem pela base do Vasco
E dos clubes que não te aceitaram nas categorias de base?
– Eu fui para o Vasco com 13 anos. Eu jogava no Bangu, no Campo Grande, que é o bairro de onde sou. Joguei no salão do Bangu seis meses. Depois fui para o Campo Grande. E do Campo Grande um cara me levou para fazer um teste no Vasco. Fui aprovado nesse teste e fui morar na concentração embaixo da arquibancada. Morei no Vasco de 1997 até março de 1999. Estava feliz da vida, né? Pô, Vasco é time grande! Assisti aos jogos na época, com o Edmundo jogando para caramba. Tinha aquele time com Pedrinho, Felipe... Era gostoso de ver os caras jogarem, e ali eu aprendi tudo, né? Mas fui mandado embora. Deesisti do futebol. Fui para casa, cheguei na minha mãe e falei: “Mãe, não quero mais jogar bola”. Ela falou: “Como assim não quer mais jogar bola? Você tinha o sonho de ser jogador de futebol. Como que você não quer mais jogar bola?”. E eu: “Mãe, não quero mais”. Foi uma decepção para mim. Eu tinha 15 anos. Aí me matriculei de novo na escola próxima de onde eu morava, voltei a estudar e não queria mais saber de jogar bola, só com os amigos na rua.
– Foi quando conheci meu “irmão” (Evandro, o empresário). Ele me retomou essa vontade de jogar futebol. Eu tentei de novo, arrumei um campeonato muito grande naquela época. A ideia do campeonato era disputar o Carioca (base) e viajar para a Itália, levavam duas categorias para a Itália, disputar um torneio. Foi um campeonato muito grande e fomos campeões. Cheguei até a fazer um teste no Milan na época, os caras me queriam. E aí, quando eu volto para cá, os caras me dão dinheiro para poder voltar para lá. Só que não queriam que o Evandro participasse. Falei: “Cara, não tem como”. Falei para o Evandro: “Pô, os caras não querem que você participe do negócio”. O Evandro falou: “Olha, cara, é tua vida, é o teu futuro, é o futuro da tua família”. Eu falei: “Então, você me trouxe para cá, você me ligou e me trouxe para vir jogar futebol de novo, então o que você decidir está decidido”.
E aí você vai para o São Paulo?
– Fui fazer um teste no São Paulo, fui aprovado também. Fiquei treinando, disputei um torneio e nada de assinar o contrato. Eu fiquei cinco meses em São Paulo no início de 2001. Em março, o Evandro chegou paro diretor e falou: "Cara, vamos resolver a questão do Vagner, ele já está aí há cinco meses". E algum diretor da base pediu dinheiro para o presidente como se fosse a gente que estivesse pedido. E não era verídica a história. A gente não tinha pedido nada. A gente só queria assinar um contrato com o profissional para eu continuar no clube. E o presidente, na época, lógico, não me conhecia, não sabia nem quem eu era. E aí acabou de afundar as coisas. Fui embora mais uma vez. Falei, c..., não é possível. Aí fui para o Rio e logo em seguida apareceu o Palmeiras.
Passado tudo isso, você dava um gás a mais quando enfrentava Vasco e São Paulo?
– Sempre dava, sempre dava. Tem uma motivação a mais: “Agora eu vou provar para eles que estão errados”. Se eles pensarem alguma coisa diferente do que eu podia fazer, então pensaram errado. Dá aquela coisa de você querer mostrar. “Eu poderia estar aí. Então, eu vou dar o máximo agora".
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