'Uma rotineira busca pelo protagonismo político que atrasa o Vasco'
Há cerca de um mês, precisamente na coluna do dia 27 de abril, e a três dias da AGE que votou pela criação da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Vasco, contei aqui, na crônica "Perdidos no espaço", a desarmonia entre alguns vice-presidentes e o presidente Jorge Salgado.
Sem inocentes ou culpados, a "guerra surda" nos bastidores políticos do clube amplificava as incertezas do futebol num ano extremamente importante para a vital recuperação econômica da instituição.
Pois bem: agora que as tratativas com a 777 Partners caminham para o desfecho comercial, os insatisfeitos com o jeito arrogante e presunçoso do presidente na condução do futebol começam a exibir suas vaidades.
Desta vez, colocando para fora pontos discordantes na negociação para a venda da pasta mais importante do clube.
Como se não já não houvesse na comissão criada para formalizar o acordo conselheiros capazes de defender os interesses dos sócios estatutários.
Uma rotineira busca pelo protagonismo político que dificulta e atrasa o Vasco em seu processo de recuperação institucional.
E que pelo jeito só terá fim quando (e se!) os norte-americanos firmarem o contrato de compra das ações da SAF, tirando o futebol do caminho dessa gente..
Só que, infelizmente, o aperto de mãos ainda não está tão próximo quanto parece.
Faltam, por exemplo, alguns documentos que comprovem a posse dos terrenos anexados ao "Complexo de São Januário" no início do século pelo então presidente Eurico Miranda – já falecido.
E falta também discutir a fundo os direitos adquiridos pelos sócios em dias de jogos.
Sim, porque, pagando R$ 1 milhão (ano) pelo aluguel de São Januário, a 777 Partners deverá por fim no desconto de 50% no preço dos ingressos das sociais em dias de jogos.
E isso agride a história de um clube que se orgulha de ter se tornado gigante através do engajamento do seu quadro associativo.
Ativo que ainda por cima lhe rende hoje R$ 6 milhões anuais só com as mensalidades.
Teme-se que a medida antipática atrapalhe a aprovação do negócio ou, mesmo aprovada, impacte desfavoravelmente nas receitas ordinárias do clube.
É "resolvível", mas demanda tempo, capacidade negocial, jogo de cintura...
Os americanos não estão à mesa interessados em benemerências, mas de olho no negócio que movimenta muito dinheiro, com ou sem crise.
Não à toa, tiraram o inglês Don Dransfield do posto de diretor de negócios estratégicos do City Group para ser o chefe de esportes da 777 Partners.
Mostra o quão dispostos estão para o fortalecimento da firma que já tem no portfólio Genoa, da Itália, Standard Liege, da Bélgica, e parte do Sevilla, da Espanha.
O Vasco estará na mesma prateleira, e será mais uma unidade de negócio com metas a serem atingidas.
E o plano é tornar a marca do clube internacionalmente vitoriosa – e acima de tudo lucrativa!