'Turma do Quiosque' e Vasco possuem versões diferentes sobre contratações
O dia a dia do Vasco ganhou um novo "departamento" no ano passado: a Turma do Quiosque. Formado por três vascaínos (veja abaixo quem é quem), o grupo costuma se vangloriar nas redes sociais de ter sido responsável pelas contratações de Maxi López, Leandro Castan e Bruno César.
Já fez promessas ousadas, como repatriar Alex Teixeira e tentar contratar nada mais nada menos que Ibrahimovic. O modo de operação da turma é alvo de questionamentos nos bastidores do clube.
A propagação desse tipo de informação tem incomodado Alexandre Campello. Amigo há tempos de Fernando Lima, o Zé Colmeia, "líder" do quiosque, com quem trabalhou no Vasco, o presidente tenta desvincular o grupo do clube a qualquer custo e já pediu para os integrantes da turma evitarem as redes sociais - o que não foi, nem de perto, atendido.
Questionado, Campello não fala sobre a turma e costuma deixar a palavra final sobre contratações a cargo de Alexandre Faria, diretor executivo de futebol - que passou a ser alvo de ataques por não levar adiante nomes sugeridos pelo grupo do quiosque.
A relação complexa entre o presidente, a Turma do Quiosque e um departamento de futebol que tenta se profissionalizar a todo custo tem gerado atritos no dia a dia.
Do lado da turma, os integrantes exaltam só quererem o bem do Vasco;
Do lado do clube, conselheiros vascaínos questionam por que o quiosque não apenas sugere nomes de reforços e deixa o departamento de futebol negociar, em vez de sempre usar o empresário Matheus Braga como agente mediador.
O GloboEsporte.com ouviu dirigentes, empresários e pessoas do dia a dia do Cruz-Maltino para entender: o que é o quiosque? Como ele atua? Entenda, abaixo, os tentáculos e seus impactos (a reportagem tentou, mas não conseguiu contato com Zé Colmeia):
- Fernando Lima, o Zé Colmeia, ex-fisioterapeuta de Romário, que conhece Alexandre Campello desde a época de Vasco;
- Marcelinho, ex-levantador da seleção brasileira de vôlei;
- Gustavo Ferreira, o Gustavinho, ex-presidente de uma torcida organizada do Vasco.
Desde o ano passado, é uma prática comum algum membro do Quiosque, principalmente Zé Colmeia, indicar algum nome de jogador para o amigo e presidente Alexandre Campello com intermediação da LifePro, empresa que agencia a carreira de jogadores e realiza negócios pelo mundo (leia mais abaixo). Muitos sequer são analisados, outros recusados de prontidão e alguns até viram possíveis negociações.
Um deles foi o lateral-direito Gino Peruzzi, do Boca Juniors. O jogador foi indicado pelo quiosque a Alexandre Campello, que passou a situação para o diretor executivo de futebol Alexandre Faria.
As condições do negócio, que teria intermediação da empresa LifePro, seriam: R$ 150 mil de salários por mês, mais comissão aos empresários e luvas ao jogador. Quando o Vasco entrou em contato com o Boca Juniors, porém, o clube argentino pediu 1,5 milhão de dólares (R$ 5,5 milhões) para liberar Peruzzi.
Nas redes sociais, Zé Colmeia já anunciava o acerto salarial com Peruzzi. O Cruz-Maltino, sem dinheiro para investir, desistiu do negócio e incomodou o quiosque. Cáceres, da mesma posição, foi contratado do Cerro Porteño sem custo e por R$ 85 mil por mês.
Outro caso que ficou explícito disse respeito ao atacante Diego Farias, do Cagliari, de 28 anos. O quiosque, também através da LifePro, havia negociado com o jogador salários, luvas e tempo de contrato, mas Alexandre Faria teria vetado a contratação, de acordo com Zé Colmeia no Twitter.
Além desses, há relatos de outras indicações de jogadores partindo da Turma do Quiosque. Alguns passaram pelo crivo do presidente Alexandre Campello; outros, não. Fato é que o grupo não poupa esforços para tentar participar da formação do elenco do Vasco. As negativas de Alexandre Faria incomodam.
Atuação nas redes sociais
Principalmente no Twitter, Zé Colmeia assumiu o papel de “porta-voz” da Turma do Quiosque. O torcedor, amigo de Alexandre Campello, publica vídeos chamando os membros de “extraterrestres”, com provocações ao Flamengo e constantemente pede apoio de torcedores, principalmente para que se associem ao clube.
É nas redes sociais, inclusive, que Zé Colmeia tem um “aliado” importante: o ex-diretor de futebol e filho de Eurico Miranda, Euriquinho. O ex-dirigente costuma atacar a atual diretoria e defender os membros do Quiosque.
Zé Colmeia também costuma fazer promessas a torcedores no Twitter. O papo mais recente foi de que o quiosque tentaria a contratação do atacante sueco Ibrahimovic, depois de Maxi López publicar uma foto com ele.
Zé Colmeia também se mostra próximo a Maxi López e Leandro Castan no Instagram. A dupla costuma ser marcada em fotos do ex-fisioterapeuta de Romário e interage com ele, principalmente em publicações sobre o Vasco. A reportagem tentou, mas não conseguiu contato com Zé Colmeia.
A LifePro é uma empresa com sede no Brasil e na Espanha, que cuida da carreira de diversos jogadores, como Marcelo, do Real Madrid, e Danilo, do Manchester City, além de liderar negociações pelo mundo, como as que resultaram nas chegadas de Maxi López e Leandro Castan ao Vasco. Ela serve, por exemplo, como intermediação, um meio de campo, entre um clube e um atleta que está na Europa e leva comissão em cima de cada negócio que realiza.
A relação da LifePro com o Cruz-Maltino é profissional e anterior ao contato de Zé Colmeia, até porque o meia Dudu e o atacante Talles Magno, joia das categorias de base, pertencem à empresa desde antes das chegadas de López e Castan. O torcedor, na realidade, foi quem aproximou Matheus Braga, sócio-diretor da LifePro, do presidente Alexandre Campello.
A LifePro está participando, agora, da negociação para renovar o contrato de Maxi López com o Vasco. Daniele Piraino, empresário do jogador, é italiano e deixa a cargo da empresa as conversas entre o centroavante e o Cruz-Maltino. A pedida do camisa 11 assustou a diretoria, mas as partes acreditam num acordo.
Os membros da Turma do Quiosque e Matheus Braga são amigos, e o empresário não esconde isso nas redes sociais.
Maxi López, Leandro Castan e Bruno César
É comum ver a Turma do Quiosque, nas redes sociais, assumindo a responsabilidade pelas contratações de Maxi López, Leandro Castan e Bruno César. Dentro do Vasco, porém, garantem que a história ocorreu de forma diferente.
A vinda de Maxi López ao Brasil surgiu após uma conversa do empresário do atacante, Danielle Piraino, com um dos sócios da LifePro. O nome foi sugerido à diretoria do Vasco, que analisou e aprovou a negociação. A partir de então, a empresa conduziu as conversas, sempre em contato com Alexandre Faria, diretor executivo.
Depois, o próprio centroavante foi peça importante na contratação de Leandro Castan. Alexandre Faria já havia trabalhado com o zagueiro no Atlético-MG e analisava uma possível negociação. Maxi López ligou para o defensor e fez o convite. A partir de então, as conversas avançaram.
A LifePro serviu, mais uma vez, de meio de campo para que o zagueiro, empresariado pelo pai, fosse contratado. Abrindo, assim, a brecha para que Zé Colmeia, amigo de Matheus Braga, virasse o “pai da criança”, como dizem.
Bruno César era um desejo antigo da diretoria. O Vasco já havia tentado, no meio do ano passado, contratar o meia do Sporting, mas a equipe de Portugal não quis liberá-lo. Agora, em janeiro de 2019, o diretor executivo Alexandre Faria liderou as negociações com os portugueses, que tiveram um fim feliz.
Fonte: geMais lidas
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