Torcedores com armas na arquibancada em Resende no jogo do Vasco (foto)
O cartão de visita para o Estadual que começa na quarta-feira não poderia ser pior. Sábado, no amistoso em que o Vasco venceu a Portuguesa por 3 a 1, no Estádio do Trabalhador, em Resende, duas pessoas ainda não identificadas pela Polícia sacaram armas na arquibancada, no meio da Força Jovem, torcida organizada vascaína. Houve reclamações de furtos, mas nenhuma ocorrência foi registrada na 89ª DP (Resende).
Segundo o artigo 1º da Lei nº 699/99, de 1996, é proibido, em todo o Estado do Rio de Janeiro, o ingresso e a permanência em boates, cinemas, teatros, clubes, estádios, escolas de samba e estabelecimentos assemelhados, de pessoas portadoras de qualquer tipo de arma, exceto os policiais civis e militares, quando em serviço.
O efetivo utilizado na partida não foi divulgado, mas a informação oficial das autoridades de Resende é que foram destacados apenas policiais fardados e que não havia autorização nem requisição para para policiais à paisana.
O Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe), que usará o Estadual como laboratório para a segurança do Pan-Americano do Rio, em julho, esclarece que não foi responsável pela garantia do amistoso de sábado.Subcomandante do Gepe, Flávio Santos condenou o episódio e assegurou que o problema de sábado será apurado.
O subcomandante afirmou ainda que integrantes do 37º Batalhão de Polícia Militar e da 89ª DP (ambos em Resende) foram os encarregados pela segurança da partida do Vasco, informação confirmada por policiais presentes ao estádio no sábado.
Queixas de furto
A confusão começou quando algumas pessoas reclamaram aos policiais que tinham sido furtadas. A reportagem do Ataque observou torcedores que, em grupo, corriam com uma carteira na mão e, em seguida, dividiram o dinheiro que estava nela, e jogaram pertences, documentos e a própria carteira no chão.
Nesse momento, dois homens não-fardados, que se diziam policiais, sacaram pistolas e circularam entre torcedores, provocando tensão. Os que estavam de serviço foram avisados, revistaram algumas pessoas, mas não encontraram armas, segundo informação que consta na 89ª DP.
Durante todo o dia de ontem, o coronel Seabra, relações-públicas da Polícia Militar, tentou contato com o comandante do 37º Batalhão para saber detalhes, mas não conseguiu contato. Podemos adiantar que o caso será averiguado, afirmou Seabra.
Será apurado se houve falha na revista realizada na entrada do Estádio do Trabalhador. Caso a informação de que os dois homens armados sejam policiais seja confirmada, ambos serão chamados para depor. Aproximadamente 3.000 torcedores assistiram ao jogo. Depois dos furtos e de os homens terem sacado as armas, o clima ficou tenso. É um absurdo deixar que pessoas armadas entrem no estádio. Não venho mais com meu filho, afirmou Luís Antônio, acompanhado do pequeno e assustado Bruno.
Vistoria e fiscalização rigorosas
A partir de hoje, alguns estádios relacionados para jogos do Estadual serão vistoriados pela Polícia Militar. O local que não corresponder às exigências não será autorizado para ter as partidas.
No Maracanã, um problema como o que aconteceu sábado no Estádio do Trabalhador, em Resende, poderá ser solucionado com mais rapidez e eficácia. Isso porque câmeras de vídeo de alta definição foram instaladas para localizar torcedores que provoquem qualquer tipo de problema. Especificamente no Maracanã, o maior receio da Polícia é a nova formulação da geral do estádio, que contará com cadeiras próximas ao campo. O temor é quanto a objetos e bombas lançadas da parte de cima (arquibancada). A idéia inicial de deslocar as torcidas organizadas foi descartada. As câmeras são capazes de captar imagens a distância, com detalhamentos, de forma a identificar um torcedor no meio de milhares de outras pessoas.
Estamos fazendo um grande planejamento, pois o Estadual servirá como treinamento para o Pan. A responsabilidade é grande e o torcedor pode ter a certeza de que os casos de violência no Rio não terão reflexo nos estádios, aposta o comandante do Gepe, Marcelo Pessoa.
O Juizado Especial Criminal (Jecrim) continuará atuando nos estádios durante o Estadual. Além disso, a Polícia já conta com um cadastros de torcedores envolvidos em casos de violência.
Além dos baderneiros, os cambistas também estão na mira das autoridades, já que são acusados de incitar a violência, quando sofrem qualquer repressão no repasse abusivo de ingressos.
Fogos de artifício também são proibidos nos estádios
Além das armas, outra reclamação de torcedores que estiveram no Estádio do Trabalhador, em Resende, foi quanto aos diversos morteiros e rojões lançados durante a partida. Durante os jogos do Estadual, não será permitida a entrada de pessoas com fogos de artifícios ou estampidos nos estádios.
A maior parte da confusão, inclusive as reclamações de furtos e a correria, aconteceu justamente onde estava a torcida Força Jovem, já envolvida em diversos casos de violência. A facção passa por uma crise interna e está dividida em dois grupos: um apóia o presidente Eurico Miranda; outro faz oposição ao cartola. Com páginas na Internet e comunidades no site de relacionamentos Orkut, a torcida está sendo monitorada pela Polícia e merece atenção especial da chefia do Gepe.
No Campeonato Brasileiro do ano passado, a Força Jovem andou se envolvendo em brigas com torcedores do Flamengo nos arredores de São Januário.
A Polícia promete agir com rigor contra torcedores baderneiros, com a aplicação de pena severa em qualquer caso de violência.