Futebol

Times da Série B torcem para apenas um carioca ser rebaixado no Brasileiro

Engana-se quem pensa que apenas torcedores de Vasco e Fluminense, ameaçados de rebaixamento, acompanharão com sofrimento os jogos de ambos na última rodada do Brasileirão, contra Atlético-PR e Bahia, respectivamente. Os times que já estão confirmados na Série B de 2014 nutrem um sentimento em comum: a preocupação com a queda dos dois grandes. Ao menos um deles cairá, e o risco de rebaixamento duplo é de 43,5% segundo o matemático Oswald de Souza.

Nos últimos dez anos, nenhum dos seis grandes que caíram para a Segundona teve dificuldade para retornar à elite. Palmeiras (em 2003 e 2013), Botafogo (em 2003), Grêmio (em 2005), Atlético-MG (em 2006), Corinthians (em 2008) e Vasco (em 2009) precisaram de apenas uma tentativa para voltar e conquistaram o título - com exceção do Botafogo, que caiu junto com o Palmeiras. Com tal experiência, os adversários da Segundona do próximo ano admitem: se Fluminense e Vasco caírem, a luta dos demais deve ser por duas vagas.

- Se os dois caírem, são duas vagas a menos. Esses clubes caem e sobem porque fazem um planejamento bom, e aí fica mais difícil. Por isso a gente torce para que eles permaneçam na Série A. Esses times têm condições de disparar e subir com cinco ou seis rodadas de antecedência, como foi com Palmeiras, Corinthians e Vasco - analisa o volante Derley, do lanterna Náutico.

Derley tem razão. Desde que a Série B assumiu a atual fórmula, com 20 clubes se enfrentando em turno e returno, os grandes conquistaram o acesso antes da última rodada. O Atlético-MG conseguiu com duas rodadas de antecipação antecedência em 2006. Dois anos depois, o Corinthians voltou à elite com seis jogos de antecipação. Em 2009, o Vasco assegurou seu acesso na 34ª rodada. E, por último, o Palmeiras confirmou a vaga na Primeira Divisão seis jogos antes do fim do campeonato.

- Para nós, a queda dos dois juntos seria muito ruim, pelo que esses clubes representam em nível nacional e pela questão financeira. Os times de maior expressão sempre têm subido no ano seguinte. A gente tem uma realidade para enfrentar. A disparidade seria muito grande diante de um time desses - admite o gerente de futebol do Ceará, Diego Cerri.

Vasco ou Flu?

O Vasco, que ocupa a 17ª colocação, tem porcentagem maior de permanecer na Série A do que o Fluminense - 37% contra 20%, segundo Oswald de Souza. Mas, ao analisarem as partidas deste domingo, nem todos acompanham as estatísticas.
Eu gostaria que caíssem os dois. Para nós, da Série B, será uma grande oportunidade de enfrentar equipes que sempre atuam na Série A
Alex Padang, presidente do América-RN

- Claro que, para a gente, seria melhor não ter nem um, nem outro na Série B, pela questão de concorrência. Mas agora não tem o que fazer. Ou será um, ou outro. Acho que está mais para o Fluminense escapar - comentou Marcus Vinicius, gerente de futebol da Ponte Preta.

- Um só é melhor. Com dois, diminui muito a chance de acesso novamente. Eu acho que só o Vasco cai. Com a vitória sobre o Cruzeiro, o Bahia não vai ter motivação para vencer o Fluminense - afirmou Flávio Lopes, gerente de futebol do América-MG.

Em meio à torcida para que somente um dos dois seja rebaixado, há quem pense o contrário. O presidente do América-RN, Alex Padang, não se limita aos critérios técnicos para analisar a situação e revela sua preferência pela queda de Vasco e Fluminense.

- Eu gostaria que caíssem os dois. Para nós, da Série B, será uma grande oportunidade de enfrentar equipes que tradicionalmente atuam na Série A. Teremos bons jogos e com casa cheia, já que vamos atuar em uma arena que será palco da Copa do Mundo. Mas eu ainda tenho um pouco de sentimento com o Vasco, por conta de Adilson (Batista), que treinou o América-RN em 2002, e no Fluminense tenho também consideração por Rodrigo Caetano, que é ex-jogador do América – relatou Padang.

Vantagens

O presidente do América-RN não é o único a ver pontos positivos no rebaixamento de cruz-maltinos e tricolores. Visibilidade, estádios cheios e boa arrecadação estão entre os argumentos de quem vê com bons olhos a presença de Vasco e Fluminense na Série B.

Em 2013, seis dos dez maiores públicos da Série B foram em jogos do Palmeiras. Em três partidas o Verdão era visitante - contra Ceará, Paysandu e Atlético-GO. Também teve a melhor média de público em seus jogos atuando fora de casa, com 14.072 torcedores, o dobro do segundo melhor no quesito - o Paraná, com 6.962 pagantes.

- A visibilidade seria fantástica. Seria muito bom ter esses dois clubes para o produto Série B - disse o gerente de futebol do Avaí, Júlio Rondinelli, acrescentando que não vê um retorno tão fácil à elite em caso de queda dos cariocas. - Vão ter que jogar em Juazeiro (do Norte), no Mato Grosso, no Maranhão. Terão adversários em cenários que não são comuns a eles. Quem tem vivência em Série B sabe que, além dos rivais, tem a logística, que é diferente.

No entanto, mesmo o gerente de futebol do Avaí admite que seria terrível competir com Fluminense e Vasco e resume, em uma frase, o sentimento de quem está na Segundona de 2014:

- Se tiver que cair, que caia apenas um.

Fonte: ge