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Término com a Espetto Carioca se torna capítulo na crise política vascaína

Rompimento unilateral, conflito de versões, divergência sobre valores, ameaça de processo... Esses são apenas alguns dos ingredientes que envolvem o fim da parceria entre o Vasco e o Espetto Carioca, empresa que, desde março, vinha fornecendo alimentação para funcionários, categorias de base e o futebol profissional do clube. O término do acordo representa, também, mais um capítulo na crise política que tomou conta do ambiente cruz-maltino.

O clube alega que os responsáveis por trazer o Espetto Carioca foram Luiz Gustavo, ex-vice de Patrimônio, e Felipe Videira, ex-vice de Obras de Engenharia e Patrimônio. Os dois fazem parte do grupo Identidade Vasco, que saiu em debandada no início de maio, quando um total de 12 vices entregou os cargos após romper com o presidente Alexandre Campello. Ainda de acordo com o Vasco, nenhum contrato chegou a ser assinado com o Espetto Carioca, havendo somente um “acordo de boca”, que previa um período de experiência de três meses.

Tanto a empresa quanto pessoas ligadas ao Identidade Vasco negam essa informação. Segundo o Espetto Carioca, foi firmado um “instrumento particular de contrato de prestação de serviços”. As dívidas do clube referentes ao fornecimento de alimentação seriam de aproximadamente R$ 1 milhão. Nesta quinta-feira, a empresa comunicou que irá ingressar com uma ação de cobrança na Justiça.

“Durante este tempo, mesmo sem receber, fornecemos o melhor para todos os funcionários e atletas”, diz Leandro Souza, sócio-fundador do Espetto Carioca, em uma nota divulgada pela rede.

Já o Vasco calcula que os valores devidos não chegam nem à metade do divulgado pela empresa. Por mês, o custo da operação seria de cerca de R$ 150 mil. Ao fim do que o clube chama de trimestre de experiência, a ser concluído em meados de junho, o montante alcançaria, portanto, R$ 450 mil.

“O clube reitera que até o presente momento não havia sequer contrato assinado, mas, mesmo assim, os serviços prestados serão reconhecidos e pagos, dentro das condições acordadas e ainda não vencidas, após o prazo de encerramento do período de experiência”, afirma o Vasco, também por nota, na qual alega ainda que “as expectativas não foram atendidas e, por esta razão, o serviço foi descontinuado” no dia 21 de maio.

Possibilidade de patrocínio

Fontes ligadas ao Identidade Vasco relatam que o primeiro contato feito pelo Espetto Carioca junto ao clube seria com o intuito de firmar um patrocínio. A intenção teria surgido depois de a rede de restaurantes ter sido uma das patrocinadoras do Campeonato Carioca. Sem dinheiro em caixa, e com um acordo para fornecimento de alimentação prestes a ser encerrado, dirigentes cruz-maltinos teriam sugerido à empresa que assumisse o serviço.

Ainda segundo o grupo que rompeu com Campello, também por conta dos problemas financeiros, o contrato impôs uma carência de 90 dias para que o clube começasse a regularizar os pagamentos à nova fornecedora. Depois da Copa do Mundo, ao término dos três meses, o acordo de patrocínio voltaria à pauta, inclusive com a possibilidade de abater desse modo parte dos valores devidos por conta do serviço de alimentação — tudo com o conhecimento do presidente Alexandre Campello, de acordo com essa versão.

“Nós chegamos a dar a opção de reverter parte do valor devido em patrocínio, mas não tivemos respostas”, disse Leandro Souza, corroborando o relato do Identidade Vasco.

O Vasco, por sua vez, nega ter havido qualquer contato concreto no sentido de firmar um patrocínio de camisa, por exemplo. As conversas teriam se resumido a ações de marketing pontuais, sem que fossem adiante.

Fonte: Extra