Futebol

Técnico da Bolívia assistiu treinos com Antônio Lopes, no Vasco

O experiente - mas jovem - treinador que leva a campo nesta sexta de noite, às 21h30, na Neo Química Arena, um time de garotos da Bolívia para enfrentar o Brasil conhece como poucos o futebol brasileiro. O venezuelano César Farías tinha idade para disputar o Pré-Olímpico – como fez com a equipe boliviana em janeiro, na Colômbia – quando visitou o Rio de Janeiro e iniciou trajetória no esporte.

Foi em 1996 que César, hoje com 47 anos, recebeu a delegação da CBF em Caracas para uma partida amistosa. O jovem aspirante a treinador, que não seguiu carreira de jogador e estudou também na Argentina, Uruguai e Colômbia, pediu a Américo Faria e Ênio Farias uma oportunidade de conhecer o futebol tetracampeão do mundo – Romário, Bebeto, Parreira e cia haviam vencido a Copa nos EUA.

Confira entrevista com o técnico César Farías

- Ele era um rapazote. Pediu ajuda através do Américo, porque numa das viagens com a Seleção ele nos ciceroneou, esteve sempre no hotel com a gente, nos ajudando. Como ele foi muito solícito conosco, ajudamos ele o indicando aos clubes – lembra Ênio Farias.

Ex-treinador da seleção brasileira de base, Ênio comandou o Clube de Futebol Rio de Janeiro, um projeto com Américo Faria, em Piabetá, ao lado de Pau Grande, famosa por ser a cidade natal de Garrincha. O clube fazia treinos nas duas cidades e disputou competições organizadas pela Ferj no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000.

- Foi uma época em que conheci distintos perfis no Rio de Janeiro. Fui a clubes grandes, da capital, e também nos pequenos, nas categorias de base. Visitei Pau Grande, vi a casa de Mané Garrincha, e conheci Antônio Lopes, no Vasco, com aquele time que seria campeão da Libertadores, vi Paulo Autuori, no Flamengo, que tinha ideias bastante avançadas para a época. Foi uma linda experiência – contou César Farías, em entrevista ao ge.

Crise política em mais de 50 dias de trabalho

Admirador do futebol brasileiro, César veio ao Rio para visitar a Arena Pernambuco em março e aproveitou para ir ao Maracanã. Na ocasião, acompanhou a vitória do Flamengo, ainda dirigido por Jorge Jesus e ainda com púbico no estádio, pela final da Taça Guanabara conta o Boavista.

Na última Copa América, participou da equipe de observação técnica da Conmebol e fez relatório final com nomes como o ex-goleiro Pumpido, da Argentina, o colombiano Francisco Maturana e o brasileiro Dorival Junior, com quem manteve contato e fez reuniões de estudo durante a pandemia.

César Farías chega para a estreia nestas Eliminatórias depois de mais de 50 dias de trabalho, entre Santa Cruz de La Sierra e La Paz. Convocou cerca de 30 atletas e preparou a equipe minuciosamente - detalhou etapas do trabalho em entrevista por vídeo para jornalistas bolivianos.

Também enfrentou percalços políticos - o presidente Cesar Salinas, que o contratou, morreu de Covid-19 e a cadeira vaga virou disputa entre cartolas do país -, retirada de atletas da concentração e acusações de que privilegiava jogadores de determinado empresário.

Fonte: ge