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Talento do Basquete brasileiro quase tentou a sorte no Vasco

Uma empregada doméstica engravidou, mas, sem condições, deu o filho recém-nascido para ser criado pelos patrões. Seria apenas mais uma história brasileira, se não fosse por um detalhe: a criança cresceu – e como – e hoje, aos 18 anos, é uma das esperanças do nosso basquete. Lucas Nogueira, mais conhecido como Lucas Bebê, vai viajar neste domingo para os Estados Unidos para um período de treinamento visando ao draft da NBA, o processo de seleção de jovens talentos para jogar na liga americana de basquete.

Na academia Impact Basketball, em Los Angeles, muito frequentada pelos astros da NBA, o jovem pivô de 2m13, que atua no Asefa Estudiantes, em Madri, na Espanha, passará por treinamentos específicos com Jarren Akana, ex-auxiliar-técnico do Denver Nuggets e do Dallas Mavericks, ambos times da liga profissional americana.

Os agentes de Lucas têm até o dia 13 de junho para manter o nome dele na lista do draft, que será realizado no dia 24 de junho, em Newark, próximo a Nova York. Esse período de treinamento será fundamental para a decisão final de deixá-lo participar ou não do processo de seleção. Caso tenha o nome retirado, não será o fim do sonho, já que atletas podem participar do draft até os 22 anos.

- Ficaremos lá nos Estados Unidos de um a dois meses. A estrutura por trás do Lucas está bem montada e temos boas perspectivas de manter o nome dele no draft, se não ele nem seria inscrito - explicou Arlem Lima, um dos empresários de Lucas.

- Vai ser um período duro, mas, ao mesmo tempo, divertido de treinos lá em Los Angeles. Eu fico imaginando o dia do draft, mas procuro manter os pés no chão - contou Lucas, que vai treinar em dois períodos: pela manhã, treinos físicos; à tarde, treinos técnicos.

Já sonhando com a NBA, Lucas começou no basquete há cinco anos. Natural de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, ele deu os primeiros arremessos no Central de Icaraí, na vizinha Niterói, em 2006. Três anos depois, em 2009, já estava na Espanha. Ano passado, chamou a atenção dos norte-americanos ao defender a seleção brasileira sub-18 na Copa América, disputada em San Antonio. O Brasil ficou com o vice-campeonato ao perder a final para os donos da casa por apenas três pontos. Lucas ainda treinou com a seleção brasileira adulta e foi praticamente adotado por Nenê, astro do Denver Nuggets.

- Ele praticamente me adotou mesmo, talvez porque a gente tenha histórias parecidas. O clima é muito bom na seleção, só estive lá uma vez, mas quero voltar - disse Lucas, que não sabia nada sobre basquete quando começou a jogar - No início, com 14 anos, não sabia nem quicar a bola e não olhava para a cesta. Meu corpo ainda não está maduro e tenho que melhorar nos aspectos técnico e mental. Eu me inspiro no Pau Gasol (pivô dos Lakers), um dos melhores do mundo - admite o atleta, ainda pouco à vontade com o assédio da mídia e envergonhado diante das câmeras.

Trocando os pés pelas mãos


Único brasileiro inscrito para o draft deste ano, Lucas quase virou jogador de futebol. Filho e irmão de ex-jogadores, ele chegou a ensaiar dribles e chutes.

- Comecei como atacante, mas fui recuando. Meu irmão tinha uns contatos e quase fui para o Vasco tentar ser zagueiro ou goleiro. Quando os empresários se aproximavam de mim, logo perguntavam se eu não preferia jogar basquete - revela Lucas, que acabou se apaixonando pelo esporte que pode levá-lo ao sucesso em poucos anos - O basquete me conquistou pela elegância e porque, mesmo faltando um segundo, nada está definido.

Além do draft, outro objetivo de Lucas em 2011 é defender a seleção no Mundial sub-19, na Letônia. A apresentação dos jogadores já é no próximo dia 9, mas a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) permitiu que o pivô se apresente apenas em cima da hora para o torneio, que será disputado de 30 de junho a 10 de julho.

Fonte: ge