Surgem novas acusações contra Campello, agora de ex-VP médico
A guerra entre a Identidade Vasco e Alexandre Campello continua. Celso Monteiro, ex-vice-presidente médico, acusa o presidente de conflito de interesses. O ex-dirigente revelou que o mandatário contratou para o futebol três médicos que são sócios do presidente em uma clínica na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio.
No dia 3 de abril, a MCR Serviços Médicos LTDA assinou contrato de prestação de serviços com o clube. Seus sócios são os três médicos que atendem o futebol profissional do Vasco atualmente: Marcos Teixeira, Carlos Fontes e Rodrigo Mendonça. O trio aparece entre os sócios da Ortofisi Clínica Médica LTDA, cujo o sócio-administrador é Alexandre Campello.
Monteiro, que está entre os 13 vices que pediram exoneração no último sábado, admitiu que inicialmente não viu problema na contratação. Segundo ele, foram dois episódios que lhe desagradaram: a disposição de Campello em aumentar o valor do salário do trio e a preocupação do presidente em priorizar o pagamento dos médicos:
- Inicialmente, pagaríamos R$ 55 mil. O valor não contemplaria as cirurgias dos jogadores, que seriam feitas acionando o plano de saúde do clube. Mas Campello falou que colocaria o valor em R$ 75 mil, incluindo as cirurgias. Isso me deixou muito chateado. Se queremos reduzir gastos, porque vamos incrementar o contrato, se já tínhamos os planos?
Além disso, Celso Monteiro destacou as dificuldades para quitar os vencimentos atrasados com diversos profissionais do departamento médico. Enquanto isso, segundo ele, os três médicos contratados por Campello seguiram em dia.
- Eles ficaram durante o fim de janeiro na transição e começaram de fato em fevereiro. Receberam após abrirem a empresa e, inclusive, pelo período em que não trabalharam - reclamou Celso Monteiro, para completar em seguida: - Ao mesmo tempo eu tinha funcionários sem receber desde outubro.
Procurado, o presidente Campello se posicionou:
"Esses profissionais, de fato, foram indicados por mim, mas contratados por ele. Em relação aos pagamentos, acontecia justamente o contrário: esses médicos eram pagos posteriormente".
Profut é esperança para novos rivais
Para justificar a decisão de deixar a vice-presidência, Celso Monteiro também reclamou de interferência no trabalho, seguindo o discurso dos outros 12 vices que debandaram de mãos dadas. De acordo com ele, as denúncias contra o presidente serão protocoladas na secretaria do clube. Monteiro é irmão de Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo e principal líder do grupo Identidade Vasco.
A acusação de Celso Monteiro confirma a promessa do irmão, de que novas denúncias contra Alexandre Campello surgiriam na crise. Os dois ex-aliados entraram em rota de colisão. Roberto Monteiro acusa o presidente de traição ao grupo político que o elegeu, mas rechaça qualquer intenção de abrir um processo de impeachment contra Campello. A ideia para tirá-lo do poder é provar que ele descumpriu com o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut) e cometeu ato de gestão temerária.
Consultado, o advogado esportivo Luiz Felipe Santoro afirmou que “não há vedação que para que presidente contrate empresa da qual um sócio dele seja sócio”. Porém, disse que, dependendo do caso, pode ser algo que configure afronta ao inciso II (obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte ou possa resultar prejuízo para a entidade desportiva profissional).
Terça-feira, Alexandre Campello concedeu entrevista coletiva em São Januário para, principalmente, se defender da primeira denúncia da Identidade Vasco, de que teria pego dinheiro emprestado do clube. O presidente afirmou que utilizou a receita de bilheteria de jogos em São Januário para efetuar o pagamento de despesas urgentes do clube.
A respeito do dinheiro proveniente da venda de Paulinho, disse que está usando os valores para quitar com salários atrasados do elenco e outras necessidades da gestão.
Fonte: Extra