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São Januário faz 86 anos com plano de recuperação de R$ 1,5 mi

Diante de tantos problemas e rachaduras nos cofres do clube, a revitalização de São Januário está engavetada. No clube, a construção de novo estádio - ou, como na linguagem moderna do futebol, uma arena - ainda é considerada um sonho bem distante da realidade. Sem mais chances de receber os jogos olímpicos de 2016 - seria sede do rúgby -, a Colina Histórica, que completa 86 anos neste domingo, vira os olhos para os problemas emergenciais. \"Nenhum deles é grave\", avisa o vice-presidente de Engenharia Manuel Santos, um dos responsáveis por um relatório com 10 itens de melhorias do estádio vascaíno.

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Pintura da entrada principal, com inspiração colonial, está desgastada e inacabada (Foto: Raphael Zarko)

Tão delicado quanto abrir mão do seu estádio para jogar no dia do seu aniversário - o Fluminense enfrenta o Bangu às 16 horas em São Januário - é tratar de recursos num dos períodos que o clube vive uma das maiores crises de sua história. A dupla de Manoéis - o Santos, vice de Engenharia, e o Barbosa, de Patrimônio - apresentou ao diretor administrativo e de planejamento, Miguel Gomes, um plano de recuperação do complexo de São Januário orçado em mais de R$ 1,5 milhão. Miguel, os dois vice-presidentes e o diretor geral Cristiano Koehler, além do presidente Roberto Dinamite, têm reunião na quarta-feira para analisar o orçamento, as necessidades, as prioridades e a captação de verba para dar um trato no quase \"noventão\".

- Fizemos uma radiografia, conhecemos pelo menos três orçamentos diferentes e a nossa ideia é recuperar partes do estádio. Nenhum problema muito grave, é bom frisar. São Januário é aprovado anualmente por todas as fiscalizações de órgãos competentes, do Corpo de Bombeiros, passando pela Polícia Militar, ao Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do estado do Rio). Eles enumeram alguns detalhes para que possamos mexer de acordo com a nossa realidade financeira. Mas se o Engenhão, com cinco anos, já dá tanto dor de cabeça, imagina um estádio de 86 anos? - diz Manuel Santos.

\"São Com alguns problemas de infiltração, clube vai reforçar rebocos e estrutura de pilastra (Foto: Raphael Zarko)

Ainda com esperanças de receber, enfim e novamente, clássicos em São Januário no Campeonato Brasileiro, quando o sistema de ida e volta permite divisão de torcidas com o modelo 90% mandante e 10% visitante, o clube constrói mais catracas e melhora o acesso no portão 4, que fica na curva da rua General Almério de Moura, da entrada principal.

- Essa ampliação do portão 4 é um pedido da Polícia Militar para melhorar o acesso na entrada e na bilheteria, para a questão de receber clássicos e por causa da segurança. Precisamos aumentar o número de catracas, que de quatro vai para até 12. Temos ali uma questão para resolver, que são as barraquinhas de ambulantes, mas creio que será contornado - explica o vice-presidente de Engenharia.

Obras de um ano

Com intervenções não finalizadas, como de reforço da pintura na fachada, o clube tenta trabalhar com o mínimo de orçamento para fazer pequenos ajustes. O vice de Patrimônio, Manoel Barbosa, espera terminar de retocar a entrada do estádio nas próximas semanas. Mas a falta de dinheiro é um velho inconveniente nos projetos vascaínos. No ginásio de futebol de salão, que está em péssimas condições, o vice de Engenharia calcula gastar R$ 600 mil só com a troca do telhado no local.

- Se não fizermos isso, não tem ginásio. O piso nós já compramos - afirma Santos, que espera reinaugurar o espaço até o meio do ano.

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O estádio de São Januário completa 86 anos neste domingo (Foto: Raphael Zarko)


Na estrutura do estádio, uma obra inspirada em modelos europeus dos anos 1920, a diretoria lembra que há necessidade de investimento em manutenção e reforço em alguns locais da antiga estrutura de São Januário. Dentro do plano detalhado que apresentou a Miguel Gomes, o vice de Engenharia estima usar cerca de 40 trabalhadores nos primeiros seis meses, com mais 20 até o fim das intervenções, que ele planeja para abril de 2014.

- Estamos discutindo se vale a pena terceirizar ou se vamos treinar funcionários do clube. São ajustes na parte elétrica, na saída de esgoto, entre outras coisas. A outra gestão se preocupou em embelezar. Nós queremos mexer na parte de dentro - alfineta Manuel Santos, lembrando das obras que tiveram o apoio da Ambev, como na realização da reforma do vestiário, da musculação e da nova pintura das arquibancadas.

- Foram feitas obras para dar mais conforto a alguns, mas agora o que precisa é recomposição de pilastra, troca de reboco, aplicação de novas mantas no concreto nos locais de infiltrações das marquises. São atividades rotineiras de manutenções de prédio que há algum tempo não vinham sendo feitas - afirma Manuel Santos, sem precisar quando foi realizada a última intervenção deste tipo.

Embora os planos de melhorias já existam, a grande preocupação dos dirigentes é se haverá recursos para tocar as obras. Até para coisas básicas os cuidados em São Januário estão à deriva. Por falta de pagamento, o recolhimento de lixo tem sido feito de forma irregular. O clube também deve às empresas de caminhões-pipa que abastecem o estádio quando a água da Cedae não dá vazão. O parque aquático também segue sem previsão de retomar suas atividades. Outra piscina desativada é a da sede do Calabouço.

- Vamos ver se vai melhorar após essa reunião, senão fica muito difícil. Precisamos saber o orçamento que o patrimônio tem. Não dá para fazer nada se não tiver dinheiro para comprar um ar-condicionado, um ventilador - exemplifica Manoel Barbosa.

Projeto alternativo

Na semana passada, o vice-presidente de Engenharia, Manuel Santos, terminou uma sugestão de ampliação de São Januário que poderia ser considerada uma alternativa em tempos de dificuldades até para reduzir dívidas pequenas do clube. Inspirado no tobogã do estádio Pacaembu, Santos levou ao presidente Roberto Dinamite um modelo de arquibancada que ficaria atrás do gol da estátua de Romário.

- Ainda penso que o ideal é uma nova arena, uma construção de um novo estádio, que é fundamental para captação de recursos do clube, mas esta simulação que fiz seria uma alternativa, talvez, mais viável para o momento - explica Manuel Santos.

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Inspirado no Pacaembu, arquibancada levaria a capacidade de São Januário a 30 mil lugares. Projeto ainda será analisado pela direção do clube (Foto: Reprodução / Vice-Presidência de Engenharia do Vasco)


Com a arquibancada nova, de 30 metros de altura, o estádio aumentaria a capacidade em 10 mil pessoas. E abaixo do novo espaço de São Januário, o clube arrumaria uma nova estrutura para seus departamentos funcionais.

- A construção não atingiria nem a loja da Penalty nem o Parque Aquático. Seria uma obra sem ter que parar o funcionamento do estádio. Mostrei apenas ao presidente. Se ele achar que a ideia pode andar, vamos atrás de uma viabilidade financeira do projeto - afirma o vice de Engenharia, que faz questão de ressaltar: - Hoje, esse desenho é apenas um estudo do meu departamento, sem nenhuma intenção de execução por parte do clube.

Fonte: ge