Sportsview dá a sua versão em erro de transmissão de Vasco x Boavista
Os jogos de sábado do Carioca foram marcados por problemas na transmissão. No pior caso, a partida entre Flamengo e Volta Redonda ficou sem imagem nenhuma em todas as plataformas em dois períodos do segundo tempo. Houve falhas em dois outros confrontos: Portuguesa x Audax e Vasco x Boavista. Esses problemas ocorreram por conta de uma pane na ligação de internet e após corte de custos em relação à transmissão de 2021.
Desde o ano passado, o Carioca tem produção de geração própria de imagens após o final do contrato com a Globo. A Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro) contratou a empresa Sportsview para viabilizar as transmissões e negociar os seus direitos comerciais.
No primeiro ano, em 2021, foi gasto um total de R$ 6,5 milhões com a produção e transmissão. Foi contratada uma empresa chamada Casablanca, que é uma das produtoras mais reconhecidas do país. Para o ano de 2022, o custo foi cortado para R$ 3,8 milhões e foi fechado com a empresa Broadmedia, que também é bastante atuante no mercado do futebol.
Há duas versões para esse corte de orçamento, uma da empresa e outra da Ferj. 1) A Sportsview apresentou diversos orçamentos para a Ferj que optou pelo valor mais baixo para aumentar as cotas dos clubes. Foi informada, nesse processo, que a Broadmedia era confiável 2) O custo mais alto no primeiro ano ocorreu por conta da urgência na contratação, e a Sportsview já prometera cortar pela metade o valor no segundo ano.
E o corte teve impacto nos apagões? Não se pode afirmar isso de forma definitiva. É preciso explicar como funciona o sistema de transmissão do Carioca para entender qual a falha no sistema.
As imagens são captadas nos estádios e levadas para uma centro de produção da Broadmedia (na zona oeste do Rio de Janeiro) por meio de duas conexões de fibra ótica exclusivas contratadas da Embratel, uma titular e outra reserva. Os principais estádios - Nilton Santos, São Januário, Volta Redonda e Portuguesa da Ilha - contam com essa fibra ótica. Cada uma delas tem 300 megabytes por segundo de velocidade. Outros jogos de times menores são feitos por satélites, o que é menos confiável.
Na tarde de sábado, o final do jogo entre Portuguesa x Audax já teve uma falha na fibra ótica da Embratel e não houve imagens dos momentos derradeiros. Houve um alerta na produção do Carioca para que não se repetisse na partida do Flamengo. Mas a instabilidade da fibra ótica voltou e deixou períodos de apagões no confronto rubro-negro porque a imagem não chegava na central de produção.
Sem ter as imagens, a Broadmedia não podia distribuir para os 21 parceiros que detêm os direitos de transmissão. São sete plataformas no Brasil, entre Record TV, streamings, e canais de clubes. Nenhum deles recebeu o sinal em períodos da partida do Flamengo e houve instabilidade na partida do Vasco. A retransmissão para os parceiros é feita por streaming.
No caso do confronto vascaíno, a Ferj informou em nota que a Claro esqueceu de transmitir o jogo por 30 minutos. A Sportsview, no entanto, dá outra versão: afirma que houve uma falha de comunicação entre Broadmedia e a Claro sobre o canal onde passaria a partida.
Houve uma reunião entre Ferj e Sportsview, no domingo, para discutir como solucionar os problemas de transmissão. É certo o reforço nas conexões entre produtora e o sinal do jogo. Diretores da federação cobraram a empresa pelas falhas, que deu as explicações e prometeu um plano para resolver a questão.
A Embratel está refazendo os testes de todas as fibras óticas para garantir o seu funcionamento para a próxima rodada. A empresa reconheceu as falhas do seu sistema, segundo envolvidos na operação.
Além dos apagões, há outros problemas operacionais. A Fla TV excluiu assinantes da transmissão do jogo ainda no primeiro tempo quando não havia nenhum problema com imagem - isso é responsabilidade do clube. Dizia que só os reconectaria 25 minutos depois, isto é, o torcedor perderia o jogo. A operadora da Fla TV é a Brado, mesma do Fluminense. O clube ainda não deu explicações para essas falhas.
Também há questões de assinatura e qualidade de imagem com a empresa que presta serviços para o Cariocão Play, Vasco e Botafogo. A Claro é outra que tem tido problema com assinaturas: aceita o pagamento, depois não identifica o assinante no sistema e corta o seu sinal. Tanto que abriu o sinal de jogo no domingo.
Um outro problema é relacionado aos gráficos dos jogos que também têm tido instabilidade. Em determinadas situações, não aparece um placar na tela. Essa operação é feita pela Broadmedia.
Os organizadores do Carioca e de sua produção ainda não sabem o impacto financeiro no Estadual das falhas. Mas boa parte da renda da competição é dependente do pay-per-view.