Sônia Maria admite que ficou assustada com críticas
No universo machista do futebol, Sônia Maria Andrade dos Santos sabe que precisará quebrar resistências. É a primeira mulher a sentar na cadeira de vice-presidente da história do Vasco, em uma gestão que já começa sob reprovação de parte da torcida, insatisfeita com a ruptura que levou Alexandre Campello ao poder do clube, em detrimento de Julio Brant. A posse do ortopedista e de todos os seus vice-presidentes ocorreu em cerimônia na noite de ontem, na Sede Náutica da Lagoa.
A registradora pública, fundadora de uma ONG que leva regularização habitacional a moradores de comunidades carentes do Rio, está acostumada a frequentar áreas de conflito, onde violência e pobreza criam um cenário hostil. Mas ser atacada verbalmente nas redes sociais é algo que ela não tinha vivido até aceitar o convite de Campello, a quem conhece há 15 anos, e entrar de cabeça na truculenta política vascaína. Além dela, apenas outras duas mulheres estavam aptas a votar na eleição no Conselho Deliberativo do Vasco da última sexta-feira.
— Meus familiares e eu ficamos assustados quando abrimos as redes sociais, mas só mudamos uma realidade com o trabalho do dia a dia. Será com trabalho que vou mostrar por que o presidente me escolheu para ser sua vice — disse a nova dirigente do clube.
Vascaína desde pequena e frequentadora de estádios na juventude, vivida na Abolição, na Zona Norte do Rio, Sônia se aproximou do grupo político de Campello na gestão de Roberto Dinamite, quando o Vasco passou a organizar anualmente a Cidadania Vascaína. A ação oferece diversos serviços à população, incluindo os de cartório, sua área de atuação. Em 2011, virou sócia.
Responsabilidade social e frente feminina no debate
Sônia Maria explica que sua contribuição como segunda vice-presidente geral acontecerá em duas frentes. Com sua experiência no campo da responsabilidade social, quer inserir o Cruz-Maltino em uma agenda que pode beneficiar toda comunidade no entorno de São Januário, em especial, a Barreira do Vasco. Suas ambições são grandes: espera fazer do clube da Colina o pioneiro em um movimento que gostaria de ver se espalhar pelo futebol carioca.
— Todos os times precisam agregar o social às suas marcas. Vou tentar fazer isso, mostrar que os clubes devem fazer a sua parte, seja os grandes ou os pequenos. É uma obrigação de todos — afirmou Sônia.
A outra tarefa que atribui a si mesma é igualmente ousada: num mundo dominado pelos homens, está disposta a ser uma mediadora nos conflitos políticos que marcam a vida do Vasco há décadas. Sua estratégia para isso é trazer as mulheres dos caciques do clube para dentro do debate:
— Quero montar uma frente de mulheres dentro do Vasco, a começar com as mulheres dos opositores. Uma mulher vai dar um toque de equilíbrio, vamos olhar as questões por outro prisma.
Fonte: ExtraMais lidas
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