Sérgio Cabral relembra época em que SJ foi o maior estádio do RJ
O velho São Januário
Sou do tempo em que o Rio de Janeiro não tinha o Maracanã e, por causa disso, quando a Seleção Brasileira se exibia na cidade, era em São Januário que ela jogava. Era um tempo em que havia apenas São Januário, no Brasil inteiro, para a realização das partidas internacionais, caso o estádio do Pacaembu não estivesse disponível.
Antes do Maracanã, não me lembro de ter lido ou ouvido qualquer comentário com restrições a São Januário. Lembro-me, sim, de uma reclamação que eu fazia, por causa do sol que me batia na cara, principalmente no primeiro tempo das partidas. Mas, com a construção do Maracanã, ocorreu aquele fenômeno muito comum para os simples mortais, quando surgiram novidades como a informática e o telefone celular, cujo papel nunca fora imaginado pelos consumidores, mas que, salvo as exceções de sempre, não conseguem mais viver sem elas.
É claro que, ao recordar-me do tempo em que São Januário era o palco principal do futebol carioca, estou falando de uma cidade com uma população algumas vezes menor do que a de hoje e com uma sociedade bem menos complexa, em que a Polícia Militar não precisava preocupar-se com brigas de torcidas. Depois dos jogos, uma parte da torcida pegava o bonde, o ônibus ou o lotação, e outra parte saía muitas vezes andando em direção à estação de São Cristóvão, destino de quem pegava o trem para uma estação da Central do Brasil ou para Triagem, a estação de trem dos moradores - eu, por exemplo - dos bairros da Linha Auxiliar. Não me lembro de ter visto alguma briga.
Agora, em pleno século 21, São Januário seria, nas atuais circunstâncias, facilmente, um perfeito substituto do Maracanã e do Engenhão, se o Vasco tivesse investido o suficiente para utilizar todo o potencial do estádio. Portanto, Roberto Dinamite não precisa ficar zangado com os dirigentes dos outros clubes porque eles se recusam a jogar os clássicos em São Januário. No momento, Volta Redonda oferece melhores condições para essas partidas, apesar de quase impossibilitar, pela distancia, a presença dos torcedores radicados no Grande Rio. Tenho ouvido falar num projeto de ampliação de São Januário, a ser executado por uma empresa, que receberia, depois que a obra ficasse pronta, uma concessão para realização de eventos no estádio. Mas não disponho de maiores informações.
De qualquer maneira, fica o alerta para os cartolas vascaínos: já que nada fizeram para o Vasco ter um time decente, que cuidem de dar ao clube um estádio capaz de substituir sem problemas o Maracanã e o Engenhão.
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