Sem vender Talles Magno, situação financeira do Vasco pode se complicar
Espanha, Portugal, Inglaterra, Itália, Alemanha, França, Holanda... As principais janelas de transferência do futebol europeu fecharam nas últimas horas, e dificilmente o Vasco conseguirá cumprir a meta de receitas de R$ 64 milhões com vendas de jogadores prevista no orçamento. No início do ano, imaginava-se que chegariam propostas robustas por Talles, mas o clube considerou baixo os valores ofertados.
O orçamento do Vasco para 2020 prevê a arrecadação de R$ 64 milhões com negociação de jogadores - do total, R$ 18 milhões são fruto do mecanismo de solidariedade da Fifa. Obviamente a pandemia freou o mercado e reduziu valores e transferências em todo mundo, mas a conta em São Januário ficou longe de fechar. Por outro lado, também não contraiu novas dívidas.
Ao longo do ano, as negociações de dois jogadores renderam dividendos. Marrony foi vendido ao Atlético-MG (R$ 21 milhões), enquanto o jovem Nathan, do sub-20, foi negociado com o Boavista, de Portugal (a negociação total será de R$ 8,1 milhões). Além deles, o clube tem direito a cerca de R$ 4,5 milhões referentes à venda de Allan ao Everton, por conta o mecanismo de solidariedade.
Numa conta simples, o Vasco vai arrecadar pouco mais de R$ 33 milhões com as negociações. Acontece que parte desse dinheiro ainda não entrou nos cofres do clube. É comum no futebol negociações serem feitas de forma parcelada.
Clube esperava propostas maiores por Talles
Talles Magno é apontado em São Januário como o atleta com maior potencial de venda para o exterior. O atacante de 18 anos iniciou a temporada em alta, mas uma fratura no pé, além da queda de rendimento e o desaquecimento do mercado, por conta da pandemia, dificultaram ofertas no valor que o Vasco imaginava.
Sevilla, Liverpool, Milan, Juventus, Roma, foram alguns grandes clubes europeus que tiveram os nomes ligados a Talles ao longo do ano. O jovem ganhou bastante destaque na mídia internacional, mas nenhum deles apresentou algo concreto.
Houve, no entanto, proposta pelo jovem. No final de maio, o presidente Alexandre Campello recusou oferta de 10 milhões de euros (R$ 54 milhões) do Krasnodar, da Rússia. O Vasco considerou baixo o valor. Intermediários, na época, avisaram que a oferta poderia subir a 12 milhões de euros (R$ 65 milhões), o que não ocorreu.
Curiosamente, a janela de transferências na Rússia segue aberta até 17 de outubro, assim como no Oriente Média. Uma venda para essas praças não está descartada, mas, por ora, nada indica que ocorrerá nesse ano.
Venda de Marrony ajuda a pagar salários
Venda mais significativa, a negociação de Marrony, por exemplo, rendeu a importância de R$ 16,4 milhões – o restante foi para o Volta Redonda (detentor de uma fatia do atleta e intermediários). O dinheiro foi destinado para pagamento de salários de jogadores e funcionários, além da compra de equipamentos de prevenção de lesões. O Vasco negociou 56% dos direitos econômicos do atacante e manteve 14%.
No acordo, ficou acertado que o Atlético-MG tem até o início de 2023 para comprar os 20% restantes por 1,5 milhão de euros (R$ 8,7 milhões na cotação atual). Caso não opte até lá, tem a obrigação de o fazê-lo por 1 milhão de euros (R$ 5,8 milhões na cotação atual).
Grana de Nathan em 2021
Quem também foi negociado por Nathan, joia da base vascaína. O lateral, que sequer integrava o elenco profissional, foi vendido ao Boavista, de Portugal. A maior parte da grana, no entanto, só entrará nos cofres do clube em 2021.
Nathan foi emprestado por um ano, mas ao término deste período uma cláusula obriga o Boavista contratá-lo em definitivo. Os portugueses pagaram R$ 1,2 milhão agora e outros R$ 6,9 milhões no ano que vem, quando o jovem assinará contrato válido por cinco temporadas. A Portuguesa-RJ, antigo clube do jogador, alega ter direito a um percentual da venda.
Portugal também foi o destino de dois outros jogadores do Vasco. Bruno César foi emprestado ao Penafiel, enquanto Cláudio Winck se transferiu para o Marítimo. Nos dois casos, no entanto, não houve valores envolvidos na negociação. Apenas o alívio na folha salarial e o perdão de dívidas antigas.
Clube ainda lucra com Allan
Negociado em 2012 com a Udinese, Allan ainda rende lucro ao Vasco. O volante foi vendido pelo Napoli ao Everton por cerca de R$ 175 milhões, e o clube brasileiro tem direito a 2,5% da negociação, por conta do mecanismo de solidariedade. A expectativa é que entrem cerca de R$ 4,5 milhões nos cofres de São Januário.
O orçamento previa cerca de R$ 18 milhões em 2020 com mecanismo de solidariedade. A expectativa é que jogadores como Philippe Coutinho e Douglas Luiz – ambos neste momento com a Seleção em Teresópolis – estivessem envolvidos em negociações robustas. Coutinho, no entanto, retornou ao Barcelona após empréstimo ao Bayern de Munique, enquanto Douglas segue no Aston Villa.
Fonte: geMais lidas
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