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São Januário: Palco da lei do salário mínimo

Por diversas vezes a história do Vasco esteve indelevelmente ligada à história da nação.

Seu estádio, cantado como o maior do continente na data de sua inauguração, foi palco de destacados épicos esportivos, o último deles foi a marca dos 1000 gols de Romário!

Mas no que tange às atividades político sociais, São Januário era o palco de Getúlio Vargas, que nele anunciou há exatos 73 anos, a criação do salário mínimo.

O jornal A Noite teve oportunidade de registrar esse momento, que agora vamos reproduzir para orgulho da memória vascaína:

“Corrigidos os abusos e imprevidências do passado, disse o presidente Getúlio Vargas, poderemos encarar o futuro com serenidade, certos de que as utopias ideológicas na pratica verdadeiras calamidades sociais, não conseguirão afastar-nos das normas de equilíbrio e bom senso em que se processa a evolução da nacionalidade”

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A BELA SOLENIDADE TRABALHISTA DO ESTADIO DO VASCO DA GAMA – O DISCURSO DO CHEFE DA NAÇÃO E AS MANIFESTAÇÕES COM QUE O ACOLHEU O POVO – ASSINADA A LEI DO SALÁRIO MINIMO – A PALAVRA DO MINISTRO DO TRABALHO – DELEGAÇÕES DE TRABALHADORES E ENORME MASSA POPULAR NA PRAÇA DE SPORTS DE SÃO JANUÁRIO

Foi uma bela solenidade, de significado inconfundível, a concentração trabalhista realizada no estádio do Vasco da Gama.

A presença do chefe de estado da Nação, ministros de Estado e altas autoridades deu excepcional realce ao acontecimento, que assinala mais uma etapa vitoriosa das conquistas do trabalhador, sob os auspícios do Estado Novo.

A maior vibração, porém, dada a essa cerimônia foi emprestada pelo proletariado que se rejubilou pela assinatura da lei que institue para todo o Brasil o salário mínimo. Esta medida, de funda significação social e econômica, vem elevar o nível do trabalhador nacional, melhorando a suas condições de vida, de modo a refletir-se beneficamente na situação geral.

O soberbo espetaculo que apresentava na tarde de ontem o estádio do Vasco da Gama era, sem dúvida, o atestado mais incisivo da perfeita identidade do proeltariado nacional com o Estado Novo, que, dentro das nossas possibilidades, vai outorgando direitos e garantias efetivas, sem olvidar as famílias dos trabalhadores, que formam o tronco vigoroso da raça de amanhã.

A espontaneidade das manifestações, o jubilo comunicativo que a todos inflamava naquele instante, atestam de maneira altamente expressiva uma consciencia coletiva inspirada num reconhecimento perfeito aos poderes constituidos.

Valeu essa festa por uma reafirmação grandiosa e consagrativa da gratidão do trabalhador pelo desvelo com que o governo do sr. Getúlio vargas tem procurado erguer o seu nível moral e material.

Uma serie de medidas de grande alcance humanitário e social já se tornou realidade, em beneficio das classes trabalhadoras A lei do Salario Minimo é, agora, uma dessas providencias que se entrosam com outras, no alevantado intuito de dar ao proletariado brasileiro o lugar a que tem direito no conjunto de nossos destinos de povo bem orientado.

ASPECTO DO ESTÁDIO

Era de rara i imponência o aspecto do vasto estadio do Vasco da Gama. Muito antes da hora marcada para o inicio da solenidade começaram a afluir áquela praça de sports grupos de operários e famílias representações de sindicatos, conduzindo painéis com dizeres ao ato que se ia realizar.

Antes das dezesseis horas era enorme a multidão que enchia as arquibancadas, as tribunas reservadas aos convidados e outras dependências do campo do Vasco.

Alto-falantes foram instalados em todos os recantos do estadio, afim de permitir á assistencia a audição perfeita do programa.

No extremo do lado direito foi levantado um palanque, para as bandas de musica, os artistas e o coro que deviam tomar parte do programa.

Ao fundo, uma artística alegaria ao Estado Novo, ladeada por duas enormes bandeiras nacionais. Figuras alegóricas do trabalhador brasileiro e sua família completavam o empolgante cenário.

As tribunas especiais estava repletas de representações prolatarias e patronais e outros convidados.

Os auto-falantes irradiavam musicas populares, através do Departamento de Propaganda, que, também anunciava o desenrolar da solenidade. (…)

(…) O hino nacional vibrou afinal, encerrando a brilhante solenidade.

O Sr. Getúlio vargas, acompanhado do ministro do Trabalho e de todos os demais ministros e altas autoridades, retirou-se, sob aclamações.

S. Ex., ao tomar o carro, viu-se grandemente aplaudido, de novo, pela multidão.

Na rua, a multidão tornou a ovacionar com delírio o chefe da Nação, que sorrindo agitava o chapéu, agradecendo aquela espontânea manifestação popular.

- Toda cerimonia de ontem, no estadio do Vasco da Gama foi irradiada pelo Departamento de Propaganda.”

(*) reprodução do texto original conforme grafia da época.

(**) reportagem do jornal A Noite, de 2 de maio de 1940

(***) fotos do jornal A Noite e do CPDOC da FGV

Fonte: Semprevasco