Salgado trata a reforma do estatuto como um dos assuntos prioridade
Um dos assuntos que são tratados como prioridade na gestão do novo presidente do Vasco, Jorge Salgado, é a reforma do estatuto. Antes da eleição o tema já havia sido proposto no Conselho Deliberativo, mas acabou vetado, inclusive com o grupo do futuro mandatário sendo contra por entender que, num todo, ele acabaria tendo como um efeito final deixar o clube ainda mais "fechado".
Agora com o poder nas mãos, a nova diretoria pretende implementar um estatuto que torne o Cruz-Maltino mais moderno, inclusivo e democrático aos vascaínos. Um dos pilares é inserir de vez na "carta magna" vascaína a eleição on-line, dando mais facilidade ao sócio "off-Rio", assim como aconteceu por intervenção da Justiça no pleito do dia 14 de novembro que deu a vitória a Salgado.
Outra mudança que pode ocorrer é também dar direito a voto ao sócio-torcedor. A princípio, isso seria limitado somente à categoria mais cara, mas já dando permissão àquele que aderiu à associação em massa de 2019.
Há ainda uma promessa de uma fiscalização rigorosa no que compete às responsabilidades dos dirigentes, com previsão de possíveis duras sanções em caso de irregularidades.
A expectativa é de que ainda no primeiro semestre a proposta de reforma do estatuto já seja colocada para apreciação no Conselho Deliberativo.
Os três pilares para a reforma
Durante a campanha eleitoral, a "Mais Vasco" - chapa que apoiou Jorge Salgado - divulgou alguns dos pilares em que se basearão para apresentar a proposta de reforma do estatuto. São eles (retirados do site oficial do grupo):
Democratização - Torcedores são muito mais que consumidores. São parte interessada. É nosso dever incentivá-los a participar democraticamente das decisões do clube. Entre as principais propostas para tornar o clube mais democrático estão a concessão do poder de voto ao sócio-torcedor, com requisito de tempo já contabilizado desde a adesão em massa em 2019 e a revisão do processo eleitoral, tornando o processo mais seguro através de eleições eletrônicas.
Governança - Temos a ambição de tornar o clube uma referência em Governança Corporativa, com reconhecimento no mercado esportivo pelas entidades regulatórias. Uma marca perde muito valor quando sua gestão interna não passa total credibilidade. Por isso, criaremos o Conselho de Administração e Comissões Permanentes junto aos poderes, a fim de reduzir interferências políticas na Gestão nas questões que demandam maior rigor técnico e auxiliar na tomada de decisões do Conselho Deliberativo.
Integridade - Se queremos tornar o Vasco competitivo até no cenário internacional, precisamos ter transparência e sustentabilidade política, administrativa e financeira. Ser ético não é qualidade, é obrigação. Esta frente trata de redefinir as responsabilidades dos administradores e aplicar as devidas sanções disciplinares a quem prejudique o Vasco ou seus associados. O valor de um clube vai muito além do time que entra em campo.
Conselho menos fragmentado pode ajudar
A chancela da Justiça para o resultado da eleição de 14 de novembro não só legitimou Jorge Salgado como teve papel fundamental no Conselho Deliberativo do Vasco.
Além das 120 cadeiras que o grupo de Salgado terá direito, mais 30 foram asseguradas à chapa "Sempre Vasco", do ex-candidato Julio Brant.
Neste formato, há a expectativa de um conselho mais harmonioso e menos fragmentado, algo que freou muitas pautas e brecou o clube em alguns momentos.
O cenário pacífico se dá, principalmente, pela relação amistosa entre a Mais Vasco e a Sempre Vasco, incluindo as ideologias parecidas em muitos aspectos, embora integrantes do grupo de Brant já tenham se manifestado que exercerão uma fiscalização à gestão.
Curiosamente, muitos dos que hoje integram a Mais Vasco foram apoiadores de Julio Brant na eleição anterior, em 2017.
Grupos de Monteiro e de 'Euriquistas' enfraquecidos
O grupo que sai mais enfraquecido em termos de Conselho Deliberativo nesta eleição é o "Identidade Vasco", que tem como um dos líderes Roberto Monteiro, atual presidente do órgão e que dará lugar a Carlos Fonseca após a posse de Salgado em janeiro.
Numeroso e uniforme em diversas pautas debatidas nos últimos três anos, eles perderam muitas cadeiras e agora estarão, basicamente, limitados aos conselheiros natos, situação esta que é parecida com os chamados "Euriquistas", conselheiros que se simpatizam com as ideologias deixadas pelo ex-presidente Eurico Miranda, que faleceu em março deste ano em decorrência de um câncer no cérebro.
Quando Alexandre Campello tomou posse em janeiro de 2018, os Euriquistas haviam obtido 30 cadeiras no conselho relativas ao segundo lugar daquele pleito.
No decorrer da gestão de Campello, "Euriquistas" e "Monteiristas" se aproximaram e fizeram valer suas vontades em diversas pautas debatidas no Deliberativo.
Vale lembrar que estes dois grupos serviram como base de apoio ao candidato Leven Siano este ano, inclusive com vários de seus integrantes inscritos na chapa como postulantes aos cargos de conselheiros. Leven, porém, acabou derrotado na Justiça e afirmou que não irá recorrer.
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