Salgado fala das dificuldades de administrar endividamento de R$ 830 milhões
Em entrevista ao quadro "Dividida" do Uol Esporte, do jornalista Mauro Cezar Pereira, Jorge Salgado, do Vasco, falou das dificuldades de administrar um endividamento de R$ 830 milhões. Afirmou que com estratégia e um pouco de sorte, pretende entregar o clube no final de 2023 com esse débito reduzido pela metade.
Ao mesmo tempo, afirmou que tem encontrado dificuldades para captar recursos a fim de equacionar dívidas trabalhistas, por exemplo. Conta que interessados em emprestar dinheiro ao Vasco cobram taxas inimagináveis.
- A gente, num primeiro momento, deve reduzir a dívida do ponto de vista fiscal. A gente tem um estudo em que a gente conseguir reduzir em 50% ou 60%. Aí teríamos um ganho tributário de R$ 150 milhões. Aí ela viria para R$ 700 milhões.
- A dívida trabalhista estamos trabalhando para tentar acordos. Mas para fazer acordo trabalhistas, você precisa ter dinheiro em caixa para oferecer de 40% a 60% para o credor. A gente está buscando o dinheiro, não está fácil. Tem dinheiro na mesa. Mas é um dinheiro a um custo muito elevado. Por se tratar de Vasco, todo mundo quer emprestar dinheiro como se fosse agiota. Quer me cobrar juros de 11 a 15% ao ano. Eu não vou tomar esse dinheiro em hipótese alguma.
- Se a gente conseguir êxito na redução das dívidas trabalhista e fiscal, a gente traz a dívida para os R$ 500 milhões. Se consegue aumentar nossa receita, a gente pode trazer essa dívida para uns R$ 400 milhões no final do mandato. Existem algumas possibilidades em andamento que talvez a gente consiga atingir esse objetivo contando com um pouco de sorte. Tem que trabalhar muito.
A fim de evitar empréstimos a juros altos, o próprio Jorge Salgado tirou do bolso para ajudar a pagar dívidas mais urgentes. Em maio, o portal Esporte News Mundo noticiou que o presidente já havia emprestado R$ 23 milhões ao clube após tomar posse. Vale lembrar que Salgado já era credor do clube antes mesmo de assumir a cadeira presidencial.
- De fato aconteceu. Eu não tenho como esconder isso. Inclusive isso foi mostrado em uma reunião de Conselho Deliberativo, fui aconselhado pela minha área de finanças, para que esses valores que coloquei fossem de domínio do Conselho. Havia muita conversa. Como falo em transparência, também tenho o dever de ter transparência. Para mim é desconfortável falar sobre isso. Mas coloquei recursos sim. Foi uma forma de regularizar uma série de débitos, salários, dívidas com fornecedores, para dar uma arrumada.
- Qual era a alternativa? Se o Vasco fosse um clube bem organizado e tivesse crédito, eu bateria no banco e pediria para eles. Não colocaria meu recurso. Nunca tive o menor interesse nisso. Mas faço por circunstância. O Vasco não tem crédito. Foi a maneira que encontrei de ajudar o Vasco para o clube dar uma respirada. Conseguimos colocar a casa mais ou menos em ordem.
Ainda sobre o objetivo de reduzir a dívida do Vasco para uma ordem de R$ 400 milhões, Salgado lembra que já tinha traçado durante a corrida presidencial. Mas, segundo ele, o desafio tornou-se maior ao se depararem com um aumento exponencial do débito trabalhista, algo que foi exposto pelo vice de finanças, Adriano Mendes, em coletiva de apresentação do balanço patrimonial.
- Durante a campanha, a gente tinha essa meta porque naquela altura o endividamento do Vasco era de R$ 620 milhões. Então, através de uma renegociação fiscal e trabalhista, você reduzia isso em R$ 200 milhões e chegaria a R$ 400 milhões de endividamento.
- Depois da eleição, tivemos a pandemia e uma queda de receita por conta de bilheteria e outras coisas como sócio-torcedor. E também no final do mandato (de Alexandre Campello) apareceu uma dívida trabalhista de R$ 92 milhões que não era contabilizada há cinco anos. Foi uma surpresa muito desagradável. Então, para chegar aos R$ 400 milhões, eu vou ter que contar com uma receita extraordinária de uns R$ 200 milhões ou R$ 150 milhões. Existem algumas possibilidades em andamento que talvez a gente consiga atingir esse objetivo contando com um pouco de sorte. Tem que trabalhar muito.
Em relação à promessa de um aporte financeiro de R$ 70 milhões tão logo que assumisse o clube, justificou-se afirmando que perda de receitas fizeram o Vasco perder credibilidade no mercado junto a potenciais parceiros.
- Temos feito reuniões com possíveis investidores. O que atrasou? Durante a campanha tínhamos um projeto para captar R$ 70 milhões, que seriam alocados para dívidas trabalhistas. Aconteceu que a pandemia se prolongou, nossa receita caiu, nosso endividamento subiu. Hoje temos certa dificuldade de as pessoas acreditarem no projeto e colocarem seu dinheiro no Vasco. Mas temos atuado com transparência. Já fizemos umas cinco reuniões com investidores. Está avançando. Não largamos o projeto. Mas o momento atual não é tão favorável. Meus recursos são finitos. Vai chegar uma hora que... (risos). Mas tudo que prometemos e falamos na campanha, perseguimos. Está pautado. Temos um plano estratégico.
Por fim, Salgado fez uma boa avaliação do elenco do Vasco e colocou o plantel entre os melhores da Série B. O presidente disse acreditar que o clube retornará à Série A em 2022, apesar dos momentos de oscilação.
- Olhando para o elenco do Vasco, eu acho o elenco, sem falsa modéstia, o melhor. Se não for o melhor, está entre os três melhores da Série B. Mas é um campeonato difícil, muito disputado, muitas viagens, altos e baixos, vamos oscilar, mas temos elenco para voltar à primeira divisão. Futebol também tem que ter um pouco de sorte. A bola tem que entrar na hora certa. Mas formamos um bom elenco. Temos mais ou menos 35 jogadores, promovemos muitos da base, mesclamos. O Cabo sabe trabalhar bem isso, e o Pássaro é um profissional excepcional. Estamos na direção certa, e acho que vamos conseguir nos classificar.
Fonte: geMais lidas
- 1 Dos sete jogadores em fim de contrato, Vasco só deve renovar com um; lista TOP
- 2 Vasco adota cautela sobre Hugo Moura; Athletico aciona o Vasco na Justiça TOP
- 0 VP jurídico do Vasco revela sobre consultoria que participou da venda da SAF TOP
- 0 Vasco tem planejamento de investimento milionário para o CT TOP
- 0 O gatilho contratual do Vasco com Léo Jardim, segundo Leonardo Baran TOP
- 0 O entendimento interno sobre Rayan, que vem recebendo uma minutagem
- 0 Coutinho deve iniciar o jogo contra o Internacional como titular
- 0 Perto de retornar, Adson segue aprimorando a parte física na academia; vídeo
- 0 Futuro de Paiva está em jogo com cinco decisões pela frente
- 0 Rafael Tolói é mapeado, mas negociação é considerada 'muito difícil'