Saiba o que o retorno de 1 ídolo realmente significa para 1 clube
\"O bom filho à casa torna\". O ditado reflete uma situação corriqueira no futebol brasileiro. Jogadores que se destacam em grandes clubes deixam o país e, ao retornar, vestem a camisa com a qual se destacaram.
Exemplos recentes não faltam: Adriano, Robinho, Ricardo Oliveira e, há dias, Elano, que abriu mão de uma dívida de R$ 3 milhões para voltar a vestir a camisa do Santos.
Pelo menos no Peixe, o retorno de velhos conhecidos tem sido uma constante. Léo, Robinho, Zé Roberto, dentre outros, confirmam a tendência.
O departamento de marketing dos clubes busca aproveitar a imagem dos ídolos para trazer lucros para a instituição. No entanto, isso depende das condições em que o atleta se apresenta na volta:
- Se jogar bem, representa muito. Se jogar mal, pouco, pois estraga a imagem positiva que tinham dele e cria um anticlima no clube - afirma Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol do São Paulo.
A identificação com o clube, segundo o dirigente, também tem valor:
- O retorno recupera as lembranças das conquistas, já existe a identificação com a torcida. A lembrança que vem é boa, de reconstrução de uma história conhecida, mas é difícil refazê-la, então esse tipo de negociação é arriscada - finalizou.
Apesar disso, a volta de ídolos ao Brasil pode simbolizar, além de uma grande estratégia de marketing, uma oportunidade para os atletas voltarem a ter destaque no cenário intenacional. Neste exemplo se encaixa Nilmar, que deixou o Internacional rumo ao Lyon (FRA), onde não brilhou por conta de lesões. Voltou ao clube gaúcho, arrebentou e voltou à Seleção Brasileira. Hoje, está no Villareal (ESP).
Para Henrique Brandão, vice-presidente de marketing do Flamengo, a prioridade dos clubes não é uma nova projeção dos atletas:
- Quando você tem uma negociação, ninguém pensa em trazer um jogador para que ele volte logo para o exterior. ninguém contata atletas pensando nisso - mas que uma volta em grande estilo pode ser um trampolim, isso pode - disse Brandão.
COM A PALAVRA
Armênio Neto, Gerente de Marketing do Santos
\"Em primeiro lugar vem a questão esportiva. O marketing é secundário, e está relacionado à quando o clube tem de buscar outros recursos quando os pagamentos estão fora dos padrões. A volta do Robinho e do Elano foram diferentes, tanto no momento quando na personalidade de cada um. O Robinho trouxe mais recursos diretos, de renda ligada ao uso da imagem dele, pois é um cara que tem carisma. Com o Elano a relação é mais indireta. Não é uma receita direta sobre a imagem dele. Esse tipo de contratação utiliza o prestígio, carisma e identificação para realizar negócios. A chance do jogador não se adaptar ao clube é zero. Quando você vive muito tempo numa cidade, e depois volta, aquilo é sua casa. O clube corre menos risco. No marketing, você mexe com o orgulho do torcedor. Ele se sente seguro, privilegiado. Você cria um laço forte, compra camisas, vai ao estádio... O resultado financeiro depende do emocional. Na volta do Robinho, 13 mil pessoas foram à VIla Belmiro ao meio dia para a apresentação, muitos se emocionaram. É uma coisa que fica na cabeça do torcedor até hoje. É dificil medir o resultado no caixa, mas quando há retorno, cria-se um laço de confiança com o torcedor.\"
QUEM VOLTOU?
Relembre outros casos de atletas que voltaram aos clubes pelos quais se destacaram após passagens pela Europa
Elano - Um dos \"Meninos da Vila\" que levaram o Santos ao bicampeonato brasileiro (2002 e 2004), defendeu o Brasil na Copa-2010 e acertou sua volta ao Peixe após temporadas na Inglaterra, Ucrânia e Turquia, abrindo mão de uma dívida milionária.
Thiago Neves - Destaque na Libertadores-2008 pelo Fluminense, é disputado pelo clube das Laranjeiras e pelo Flamengo. Ressaltou sua vontade de voltar ao Brasil. Já está apalavrado com o Flu e aguarda apenas a liberação dos árabes do Al Hilal.
Nilmar - Sem sucesso no Lyon (FRA), foi uma das grandes contratações do Corinthians campeão brasileiro em 2005, mas logo voltou ao Internacional, clube pelo qual foi revelado. Marcou o gol do título colorado na Copa Sul-Americana de 2009.
Felipe - Deixou o Brasil em 2005 e passou cinco temporadas no futebol árabe. Na metade de 2010, acertou seu retorno ao Vasco, clube pelo qual foi projetado. Fez uma temporada regular em 2010, mas ainda não está totalmente readaptado ao futebol brasileiro.
- SuperVasco