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Saiba mais sobre projeto pioneiro de preservação da história vascaína

O Vasco acorda para seu aniversário de 116 anos sem saber quem será o presidente do clube no fim do dia - na Justiça, o desembargador Camilo Rulierè deve receber o caso e decidir pela manutenção ou não do resultado da reunião do Conselho Deliberativo, podendo até encerrar ou estender a era Roberto Dinamite em São Januário. Mas o clube que nasceu do remo, numa rua no centro da cidade, cresceu, se tornou símbolo da luta contra o racismo e ergueu sua casa com doações de apaixonados torcedores tem um motivo a mais para comemorar e celebrar o passado. O Vasco inaugurou no último sábado um novo espaço para preservar sua rica história. Com tecnologia raramente vista em clubes de futebol, o Centro de Memória foi inaugurado em São Januário e já conta acervo de 35 mil documentos digitalizados do Gigante da Colina.

A antiga sala de cerca de 10 m que fica abaixo das sociais foi trocada pelo subsolo da antiga loja da ainda fornecedora esportiva Penalty. O investimento é resultado da mesma parceria da Ambev com outros clubes do futebol carioca e brasileiro. Estimam-se gastos superiores a R$ 200 mil pelo novo local, que também ganhou sala do departamento jurídico e de engenharia. Em até dois meses, segundo previsão dos responsáveis pelo Centro de Memória, o clube também lança um site para permitir a visualização e localização dessas milhares de páginas que contam um pouco da história do futebol carioca e brasileiro.

- É um programa de digitalização que não vemos em outro clube no Brasil. E muitas vezes nem lá fora. É a tecnologia que a Biblioteca Nacional usa para o seu acervo - lembra o vice-presidente de relações especializadas João Ernesto, que conta episódio pelo qual passou recentemente o coordenador do projeto Ricardo Pinto.

No encontro internacional de memória e esporte realizado em São Paulo, o Vasco era o representante do Brasil numa mesa que tinha também o Boca Juniors e o Barcelona. Após a explanação do vascaíno, Jordi Pennas, do clube espanhol, se impressionou com o trabalho que vinha sendo realizado no clube.

- O rapaz do Barcelona disse que não sabia nem o que falar diante do que estava conhecendo do nosso projeto. E convidou o Ricardo para visitar o Barcelona e conhecer o museu deles. Pedimos então a eles tudo que eles tivessem sobre a breve passagem do Dinamite pelo clube. Eles encontraram na prateleira, tudo organizadinho, as fotos e tudo mais, mas a digitalização fo feita em scanner e nos foi entregue dessa forma. Se fosse o contrário, seria apenas o trabalho de pedir o e-mail e enviaríamos o arquivo todo em alta resolução em instantes.

Museu nos planos

No ambiente de dois escritórios, salão de reunião e outro que abriga um historiador do clube - e em breve vai servir para pesquisas do público em geral -, o Vasco tem um espaço condicionado para guardar sob condições rígidas de temperatura - para conservar os antigos papéis - raridades de 50, 60, 70, 100 anos atrás. O livro do ex-presidente José da Silva Rocha em comemoração aos primeiros 25 anos do Club de Regatas Vasco da Gama, a badalada “Resposta Histórica” contra o racismo com o pedido de exclusão de 12 jogadores vascaínos em reprodução que cobre uma parede do espaço, fotos do lançamento da pedra fundamental do estádio, revista comemorativa do sul-americano que o Expresso da Vitória conquistou em 1948 no Chile, além de súmulas de jogos com curiosidades como a do dia em que o príncipe Danilo Alvim deixou a classe de lado e foi expulso ao agredir um jogador do Olaria nos anos 1940.

Sem se preocupar com as perspectivas de mudanças numa eventual mudança política nos próximos dias ou meses - "o Centro de Memória não é política de governo, é de estado", confia o vice-presidente de relações especializadas -, João Ernesto conta com orgulho da conclusão da primeira parte de um projeto que pretende chegar ao futuro museu do Vasco. Claro que vai depender de novos investimentos. O projeto contou com parceria inicial da faculdade de História da UFRJ e custa cerca de R$ 4 mil por lote de documentos digitalizados - apesar dos atrasos constantes no combalido orçamento vascaíno, o clube espera chegar a 50 mil laudas digitalizadas em pouco tempo. No novo espaço, o Vasco espera receber doações - ou pelos menos empréstimos para digitalizações de documentos históricos - de camisas usadas por craques de todos esportes e outros objetos guardados por vascaínos de todo o país.

- Agora temos um espaço para receber as pessoas e até trazer parentes e familiares de nomes históricos do clube. Há pouco tempo a filha do Russinho, campeão carioca em 1929, esteve aqui. Queremos trazer a viúva do Bellini também. Importante criar esse vínculo a mais. Eles precisam saber que podem passar anos e anos, mas o Vasco se lembra deles, o Vasco cultua a história que eles ajudaram a fazer - diz o vice-presidente que divulga o e-mail centrodememoria@crvascodagama.com e os telefones 21-2176-7370 e 7390 para quem quiser contribuir com documentos e peças para o acervo histórico vascaíno.

Fonte: ge