Futebol

Saiba como o Vasco superou o drama de Ricardo Gomes

A caminho do jogo contra o Grêmio, em São Januário, no dia 17 de setembro, um vídeo no ônibus da delegação vascaína impressionou os jogadores que iam da concentração para o estádio. Entre imagens dos próprios atletas e do técnico Ricardo Gomes, um texto de incentivo de um torcedor foi recitado. Ali, o
Vasco enfim conseguiu transformar o trauma do Acidente Vascular Cerebral
(AVC) do treinador em combustível para o Brasileiro.

Muitos jogadores se emocionaram. Soluços de choro foram ouvidos. Quem esteve na
corrente antes da subida para o gramado diz ter visto uma vibração inédita e citações ao técnico Ricardo Gomes, que tinha alta prevista para dois dias depois. O resultado foi uma goleada fulminante de 4 a 0 sobre o Grêmio e a liderança do Brasileiro alcançada.

O incidente de Ricardo no clássico contra o Flamengo ocorreu há exato um mês. Desde então, a batalha no clube foi contínua para que o problema do treinador não arrasasse os ânimos na Colina. A primeira medida foi conversar com os jogadores. Já na segunda-feira, um dia após a internação do técnico, houve uma reunião no vestiário de São Januário.

Lá, todos foram informados de que Cristovão Borges, auxiliar de Ricardo, assumiria o comando. O trabalho continuaria exatamente da mesma maneira. Apesar da garantia da permanência de Cristovão, a diretoria sabia que os primeiros resultados seriam fundamentais. Em caso de insucessos seguidos, a pressão por um novo treinador aumentaria e a oferta, também.

- A gente sabia que ia atravessar um período difícil. Querendo ou não, Ricardo é o grande líder do vestiário. Por mais que tenhamos uma filosofia, sabíamos que a falta dele seria sentida. Sabíamos também que os primeiros resultados seriam determinantes para isso - disse o diretor executivo, Rodrigo Caetano.

Chamado de irmão preto pelo treinador, Cristovão sofreu com o drama do amigo e ficou ansioso com o trabalho à frente. De fala pausada e tom de voz cordial, o auxiliar tem exatamente o mesmo perfil de Ricardo, companheiro desde os tempos de Fluminense e com quem trabalha há seis anos.

- Passei duas semanas sofrendo. Não dormia direito, não comia. Perdi três quilos. Eu recebi uma missão. Quando o vi pela primeira vez, estava com a fisionomia igual. Fiquei tranquilo - lembrou Cristovão.

Em São Januário, o trabalho continua igual como Ricardo deixou. Na parede do vestiário, está pregado o texto recitado antes da partida contra o Grêmio, em que aborda o título como presente ao técnico no fim do ano. Ainda sem previsão de retorno, Ricardo já conversa sobre futebol com Cristovão e os filhos. A caravela vascaína superou os mares revoltos e está atracada na liderança do Brasileiro. Só à espera de seu comandante.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)

Fonte: Jornal Lance