Futebol

Sá Pinto mostra ter poucas ideias em seu primeiro mês de clube

Com o sucesso recente de Jorge Jesus e Sampaoli, muitos clubes passaram a apostar em técnicos estrangeiros. Entre os objetivos, além de grife e ''modismo'', como de praxe no futebol brasileiro, equipes com qualidade na execução da proposta ofensiva. Ataques mais elaborados e antenados com o que se faz de melhor no Mundo. Ricardo Sá Pinto no Vasco vem fazendo justamente o contrário.

Depois de um mês de trabalho e sete jogos, já é possível notar com facilidade as ideias propostas pelo técnico português. Cabe ressaltar que esta não é uma análise definitiva. Um juízo de valor com apenas um mês de projeto, um carimbo do ''vale'' ou ''não vale'', mas uma constatação. O Vasco tinha com Ramon Menezes, técnico brasileiro e em início de carreira, mais ideias e um modelo ofensivo mais bem executado do que atualmente.

É impossível analisar a situação sem considerar os muitos desfalques por Covid-19, lesões, e o insano calendário. Por mais que Sá Pinto tenha tido duas semanas cheias de trabalho no período, ainda é pouco para cobrar uma evolução profunda. Uma avaliação atenta do elenco pode ter feito também o português optar por uma proposta mais conservadora. Sabe-se que o plantel do Vasco passa longe do nível que o clube merece.

O fato é que, até aqui, o Cruzmaltino, com Sá Pinto, tem como projeto principal se organizar defensivamente. Montou uma linha com cinco jogadores no momento defensivo para preencher melhor as proximidades da sua área. Léo Matos e Neto Borges são os alas, mas não se soltam tanto quanto o esquema tático com três zagueiros permite. Andrey e Leonardo Gil são volantes bem ''posicionais'' na frente da defesa, e falta mais interação entre os meias e Cano. 

Se defensivamente o Vasco consegue negar espaços aos rivais, se compactar, e ser agressivo na abordagem de marcação com alguns encaixes e perseguições dentro do setor, com a bola precisa mostrar mais repertório de jogadas. Os passes longos endereçados aos lados do campo não contam com uma movimentação posterior para justificá-los.

Geralmente a ''primeira bola'' é disputada pelo alto e não há aproximação para o ganho da ''segunda bola'' no campo de ataque. Desta forma, Talles Magno, Benitez e Cano sofrem para se ''conectar'' nas proximidades da área. Os melhores momentos têm ocorrido em participações individuais de Léo Gil pelo meio ou Léo Matos pela direita, muito pouco para produzir volume ofensivo.

Outro detalhe que precisa melhorar no Gigante da Colina é a postura após roubar a bola. O time se protege bem, intercepta passes e desarma, mas sai com pouca gente nas transições ofensivas. Por vezes parece querer desacelerar o jogo para se estabelecer no campo de ataque, mas sofre com os problemas citados acima. Quando tenta acelerar, envolve poucos jogadores e acaba não levando perigo constante em contra-ataques.

Pouco mais de 30 dias é um tempo curto para avaliações aprofundadas de um trabalho na realidade do futebol brasileiro. As ideias, porém, estão na mesa. E as de Sá Pinto não representam até aqui nenhuma novidade no que vemos na maioria dos pobres jogos do futebol brasileiro.

Fonte: UOL