Futebol

Romário revela que teria de receber cerca de R$ 70 milhões de Vasco, Flameng

Johannesburgo...

Romário.

Qualquer entrevista exclusiva com ele é uma surpresa.

O ex-jogador veio até a África para o lançamento da Copa do Brasil.

Mas por 45 minutos foi do que menos falou.

Sem introdução, Romário.

Você conhece muito bem o Dunga.

O que aconteceu com ele na Copa, por que tanta raiva da imprensa?

Olha, eu adoro o Dunga. Nós sempre nos respeitamos e nos demos bem demais.

Ele respeita o meu estilo e eu respeito o dele.

Eu sei o quanto ele sofreu em 1990 com aquela história idiota de geração Dunga.

O Lazaroni forma o time, todos jogam mal contra a Argentina e ele é o único crucificado?

Ele representou tudo de ruim.

Você não tem ideia como um jogador sofre quando a imprensa diz que ele foi mal em um jogo.

Ainda mais personificar o fracasso de uma Copa.

Na boa? Foi uma puta sacanagem com o Dunga.

Isso ficou atravessado na sua garganta.

Na minha também ficaria.

Quando ele teve o comando da seleção, impôs o seu estilo.

E deu o troco.

Sem dar privilégios para ninguém, que foi um mérito.

Bateu em todo mundo.

Ele democratizou as pancadas.

Você aguentaria ficar confinado por quase dois meses, sem visitas íntimas?

Olha, seria difícil.

Muito difícil para mim.

Só que agora eu compreendo bem mais do que no meu tempo como jogador.

Era um sacrifício em função de um enorme objetivo que era ganhar a Copa do Mundo.

Foi a proposta que ele fez para todos os que foram trabalhar com a seleção.

Não escondeu de ninguém, mentiu.

Quem aceitou não tem do que reclamar agora.

Mas o Dunga conseguiu unir o grupo.

Todos morreriam por ele.

Isso é um grande mérito que ninguém vai conseguir tirar ou manchar.

Perdeu a Copa? Perdeu.

Mas conseguiu ganhar a Copa América, Copa das Confederações e classificou o Brasil em primeiro lugar das eliminatórias.

Seu trabalho foi bom, teve padrão.

Ninguém pode falar de incoerência no seu trabalho.

Por que o Brasil se desmanchou depois do empate da Holanda?

Realmente o time não teve os nervos no lugar.

A impressão foi que todos sentiram que não mataram a partida quando puderam, no primeiro tempo.

Depois o time se perdeu, começou a querer brigar e se esqueceu de jogar.

Foi uma pena, mas não sou a favor de crucificar ninguém.

Todos falharam. Todos. Não venham com essa conversa que a culpa é de um só.

Não vamos repetir o que aconteceu em 1990.

Nada disso.

Perderam todos.

Vamos formar outra seleção e acabou...

Você vai fazer parte da nova comissão técnica?
Olha, Cosme, sinceramente não sei.

Tenho um ótimo relacionamento com o presidente Ricardo Teixeira.

Eu sinto que posso ajudar de alguma maneira, com a minha experiência, vivência.

Não como treinador, que ainda não é a minha.

Mas como alguém para ficar perto dos jogadores.

Alguém que sabe como as coisas funcionam, como precisa ser o relacionamento entre comissão técnica e o time.

Ouvi alguma coisa que a estrutura da seleção brasileira vai mudar.

Há a chance de alguns ex-jogadores colaborarem.

Se me chamarem, essa função me atrai muito.

Romário, muita gente diz que você está quebrado financeiramente.

Isso é verdade?


Olha... Foi bom você me perguntar isso de frente, muito melhor do que escrever bobagens pelas costas, como muita gente fez.

Vou ser bem sincero.

O Flamengo me deve dinheiro.

O Fluminense me deve dinheiro.

O Vasco me deve dinheiro.

Somando tudo eu tenho a receber mais ou menos R$ 70 milhões.

Não está mal, não é?

O problema que eu tive foi com a minha ex-mulher.

Ela conseguiu travar a minha vida financeira na Justiça.

Tinha meus bens, minhas propriedades, mas não poderia mexer, graças a ela.

Foi um período difícil, ruim, um perrengue.

Mas eu estava tranqüilo porque sabia o que tinha.

E principalmente o que ela tinha direito.

Tudo foi resolvido e estou muito bem.

E vou ficar ainda melhor quando receber o que me devem.

Qual é o seu futuro?

Olha, sou candidato à deputado pelo Rio de Janeiro.

Desculpe, Romário candidato a deputado?

Por que entrar na política?

Tem vários ex-jogadores até eleitos que não têm nem ideia do que estão fazendo na política...

Olha, ninguém pode negar que o nível intelectual dos jogadores melhorou demais nos últimos cinco anos.

Eu sei muito bem o que quero.

Nasci na favela, lutei muito para me tornar quem eu sou.

Eu quero facilitar a vida das pessoas.

Principalmente de quem tem filhos especiais, como eu tenho.

Há cinco anos convivo com a minha filha com Síndrome de Down.

Graças a Deus, ela tem tudo.

Mas sei de inúmeros casos de pessoas que sofrem demais, sem acesso a nada.

Isso não vai ficar assim.

Tomei essa missão como minha razão de entrar para a política.

Não quero sacanear ninguém, dinheiro público.

Eu quero lei para ajudar quem está sofrendo.

Ter um filho especial no Brasil é uma das situações mais difíceis.

Ninguém pode imaginar.

Mudano de assunto, Espanha e Holanda merecem fazer a final da Copa?
Muito. Foram melhores nos momentos decisivos.

Eu fico dividido de verdade.

Fui feliz nos dois países.

Será uma grande final.

Foram os grandes times da Copa.

E merecem estar na final.

Eu já falei, mas repito.

Foi a vitória do futebol técnico, que busca o g0l.

Dói não ver o Brasil na final.

Mas Holanda e Espanha representam o melhor do futebol atual...

Romário, para terminar.

Você é uma pessoa corajosa

O que pode falar sobre o caso Bruno do Flamengo?

Olha, me desculpe.

Eu falo sobre tudo, mas não sobre esse caso.

É tudo muito chocante, pesado demais.

Não quero falar, não quero pensar, não quero me envolver...

Fonte: Blog do Cosme Rimoli