Futebol

Romário rende US$ 10 em mídia para cada US$ 1 investido nele

Ele é tachado como desagregador, não gosta de treinar, não tem papas na língua e já não é tão decisivo como em outros tempos. Mesmo assim, Romário, que pelo quinto dia seguido não deu o ar da graça em São Januário, ainda é sinônimo de lucros para times e patrocinadores.

Sua capacidade de atrair mídia é considerada por especialistas como a mais poderosa entre os brasileiros que atuam no país. Além do currículo glorioso, que dispensa apresentações, o artilheiro tem hoje um atrativo especial: o projeto de chegar ao milésimo gol.

A maioria dos torcedores de Vasco, Flamengo e Fluminense já não deseja o atacante em seus clubes. No clássico com os rubro-negros, o desgosto ficou claro com os gritos dos cruzmaltinos, insultando Romário e afirmando que o clube não precisaria mais dele. Os dirigentes, com exceção de Eurico Miranda, presidente do Vasco, não confirmam o interesse no Baixinho, mas sabe-se, por exemplo, que Celso Barros, presidente da Unimed, empresa que patrocina o Fluminense, sempre apoiou o retorno do craque às Laranjeiras.

A diretoria do clube, no entanto, não é das mais favoráveis e aguarda a chegada do novo técnico para dar um parecer final sobre o caso. Seu comportamento aparentemente indiferente ao Vasco mostra um desinteresse na resolução de sua situação com o clube. A equipe de São Januário, por sinal, não aproveita direito o potencial lucrativo do artilheiro já que não estampa em seus uniformes patrocínio algum.

O desejo de Celso Barros não é passional, apesar de seu bom relacionamento com o Baixinho. O executivo se baseia no lucro que teve quando Romário vestiu a camisa tricolor, entre 2002 e 2004. Desde sua saída, o clube não encontrou um atleta com tanto retorno de imagem em mídia espontânea. O mais lucrativo hoje é Petkovic.

Uma empresa especializada em pesquisa esportiva calculou que, para cada dólar investido no sérvio-montenegrino, a Unimed ganha três. Com Romário, o retorno era de US$ 10 para cada US$ 1 aplicado no atacante. O Baixinho, sozinho, era responsável por quase metade das veiculações da marca do patrocinador tricolor, enquanto Petkovic não ultrapassa os 15%. Os cálculos são baseados na exposição que a marca estampada nas camisas, placas publicitárias e backs (painéis que ficam atrás das entrevistas) tem na mídia, seja ela impressa ou eletrônica.

- Para termos o melhor retorno, é importante que a equipe tenha bons resultados e tenha uma grande estrela - afirmou Marcelo Giannubilo, superintendente de marketing e desenvolvimento da Unimed.

A necessidade de uma boa performance das equipes é comprovada por números. Tanto que 2005 - quando o Fluminense foi campeão carioca, finalista da Copa do Brasil e ainda se destacou no Brasileiro e na Copa Sul-Americana - foi o mais lucrativo dos quase sete anos da parceria. Na média anual, a Unimed recebe US$ 10 para cada US$ 1 investido. A campanha do ano passado, no entanto, chegou aos US$ 15 por US$ 1, com um pico de US$ 35 na final da Copa do Brasil, contra o Paulista.

É justamente com medo de uma performance ruim da equipe que muitos técnicos e dirigentes rejeitam a presença de Romário em seus times. Se em campo, o prestígio do craque anda abalado - mesmo ele sendo o atual artilheiro com Campeonato Brasileiro -, para os patrocinadores, o craque ainda é uma peça rara no mercado.

- Mesmo que um atleta como ele não jogue sempre, é lucrativo - afirmou Marcelo Giannubilo.

A proximidade do fim da carreira do Baixinho e seu desejo de chegar ao milésimo gol são adicionais interessantes aos investidores e para o próprio atleta. Sem contar a bagagem de um título mundial, uma coleção de artilharias e de prêmios, o projeto de entrar para a história por balançar as redes adversárias por mil vezes rendem bons trocados a mais na milionária conta bancária do atacante.

- Esse projeto (mil gols) tem um valor espetacular. Hoje, o Romário é jogador que mais dá retorno de imagem entre os que jogam no Brasil - opinou o agente Fifa Eduardo Uram, que calcula algo em torno de R$ 150 mil mensais como uma quantia justa para o Baixinho pedir em um contrato de direito de imagem.

Casos como o de Romário talvez expliquem contratações de atletas já em fim de carreira, com um rendimento em campo questionável, por clubes em busca de ascensão. Túlio, por exemplo, apesar de ainda fazer seus gols, é principalmente um marqueteiro. Por onde passa, chama atenção.

Fonte: Jornal do Brasil