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Rodrigo Caetano fala sobre sua chegada e planos para o futuro

No início do ano, o diretor executivo Rodrigo Caetano, de 39 anos, pisou em São Januário em meio ao arraso provocado pelo rebaixamento à Série B. Tinha oito jogadores sob contrato, receitas que não lhe permitiam modificações de estalo e a urgência de refazer o terreno antes fértil. Com respaldo da direção, se viu à vontade para profissionalizar o departamento de futebol e silenciar a voz do amadorismo. Em seu guarda-chuva, como diz, acolhe inúmeras atribuições — logística, categoria de base, CT, orçamento, contratações... Atualmente, enquanto o Vasco imbica para a Série A, o diretor analisa que o Vasco colherá 10 milhões de euros na valorização de jogadores da base; planeja ter 50% do elenco, em 2012, com pratas da casa; diz que os clubes cariocas vendem mal.

Como ingressou na função?

Quando jogador, vi um vácuo. Fazíamos uma solicitação ao diretor e o retorno demorava duas semanas. Me formei em administração de empresas e fiz MBA em gestão empresarial.

Quais as atribuições do diretor executivo?

O mais difícil é inserir o método de trabalho, controle. O que é isso? Vai desde a logística até contratos de atletas. No meu laptop, tenho lista de destaques de cinco jogadores por posição. Tem a categoria de base, que hoje, como a prioridade é a Série B, estou apenas fiscalizando. Administro custos, traço organograma. Aproximei marketing, financeiro e jurídico do futebol. Cuido do almoxarifado, criei regulamento interno. E faço o link entre futebol, diretoria, jogadores, comissão técnica e funcionários.

Implantar profissionalismo em instituição com estrutura arcaica não é fácil...

A cúpula do Vasco entendeu o trabalho. É complicado quebrar paradigmas. Porque não adianta essa função sem poder decisório. Os outros clubes do Rio não querem pagar esse preço.

Quais as prioridades?

Estrutura. O CT é consenso. Se tudo der errado, São Januário tem como acolher os jogadores (despejo do Vasco-Barra e falta de recursos para construir um). Não é o ideal. Em 90 dias, teremos nova sala de musculação. Digo que em três anos, o Vasco pode sair de terra arrasada para um grande clube. Estamos tentando atravessar a via sacra da Série B, restabelecendo o clube como todo. Sem pirotecnia.

E os salários?

É fundamental. No início do ano, passamos por turbulências. Quando o mercado comprovar que o Vasco atravessou 2009 em dia, seremos atraentes em 2010.

Dá para mensurar a valorização do elenco, com a recuperação de Alex Teixeira, Souza...?

Os ativos do Vasco se valorizaram. Num cenário pessimista, são 10 milhões de euros. O Rio de Janeiro precisa aprender a vender melhor.

Como assim?

O mercado sabe quem está desesperado. O Grêmio, de 2005 a 2008, arrecadou 32,5 milhões de euros com Anderson, Lucas, Carlos Eduardo, Cassio e Rafael Carioca. O Rio faz propaganda ruim. Não é deixar de debater os problemas. Mas valorizar o que tem de bom.

Mas os clubes pagam salários altos, estão endividados, são amadores, paternalistas...

O diferencial é pagar em dia, dar estrutura. E como o Rio consegue competir? Pagando mais. O São Paulo não paga altos salários. Mas oferta valores agregados: CT, premiação, comprometimento. Todo mundo migra para lá. Se fizer treino em tempo integral no Rio, o jogador come e descansa aonde? CT não é só campo. Passar o tempo com qualidade faz diferença. Aí, se vê que gastar mais não diz resultado. Tem que gastar bem.

E o CT? O clube sofre risco de despejo do Vasco-Barra...

Sei tanto quanto você (despejo). Temos um plano B, temporário. Mas o ideal, e vamos atrás, é construir com recursos próprios, Lei de Incentivo.

Por tudo que disse, a formação é o caminho para a virada dos clubes?

No Vasco, tenho meta de repetir o que fiz no Grêmio: no primeiro ano, 30% dos jogadores da casa no time profissional; no 2º, 40%; e no 3º, 50%. Há espaço para subir porque os antecessores são vendidos.

Fonte: Extra / netvasco