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Rodrigo Caetano é citado em encontro de executivos de futebol

Eles não usam gravata, mas também não se vestem com abrigo ou uniforme. Estão quase sempre com um smartphone na mão, camisa e calça jeans, e juram que não gostam de aparecer. Ser chamado de cartola é ofensa grave e “profissionalizar o futebol brasileiro” é um mantra para eles.

Os dirigentes remunerados ou executivos do futebol, como preferem ser chamados, estão em quase todas as equipes da elite do futebol brasileiro e usam termos novos para velhos assuntos – veja o glossário abaixo. “Todos times da série A têm o cargo, mas nem todos os profissionais têm a autonomia necessária”, afirma Rodrigo Caetano, que trabalha no Vasco da Gama.

É ele um dos responsáveis pela criação da Associação dos Executivos do Futebol, entidade idealizada para representar a categoria de dirigentes remunerados. Dois encontros do grupo já foram realizados. O último aconteceu em São Paulo na quarta-feira passada e teve a presença de 78 pessoas.

Na sede da Federação Paulista de Futebol, uma platéia formada por dirigentes em atividade, ex-jogadores e até agentes de futebol presenciou as palestras. Entre ex-atletas estavam Paulo Jamelli, ex-diretor do Santos, Caio, ex-meia e hoje executivo da Portuguesa, e Paulo Rink, que está no Atlético-PR.

Cartolas da velha guarda também fazem parte do grupo e estiveram no evento, casos dos ex-presidentes do Vitória, Paulo Carneiro, do Flamengo, Luis Augusto Veloso, do Paraná, Ocimar Bolicenho, e de Paulo Angioni, com passagens por Vasco, Corinthians, Flamengo e que agora está no Bahia.

Rodrigo Caetano não esteve no evento, mas mandou uma carta que foi lida por Bolicenho. O vascaíno é um dos líderes do movimento. Ex-jogador de pouca expressão, com passagens por Grêmio, Mogi Mirim e Juventude, ele estudou administração de empresas depois que pendurou as chuteiras. \"Acho importante o executivo ter curso superior. Precisamos ter o conhecimento das leis, de gestão, além do futebol\", explica.

Glossário dos \"novos cartolas\"



ExpressãoSignificado
MONTAGEM DE ELENCOA velha e simples contratação de jogadores
DIMINUIR MARGEM DE ERRO NAS CONTRATAÇÕESComprar menos pernas de pau
PROSPECTAR NOVOS NEGÓCIOSSinal vermelho acendeu: “Coisa está feia, precisamos comprar jogadores”
FORNECEDORESJeito “diferenciado” de chamar os olheiros
EXECUTIVO DO FUTEBOLNome escolhido para denominar o cargo de dirigente remunerado nos clubes. Definem contratações, planejamento da temporada e, muitas vezes, o emprego dos técnicos.
ALTA CÚPULA DO CLUBEPresidente, vice-presidentes e outros cartolas que mandam. A luta dos executivos é que ela seja formada pelo menor número de pessoas.
CICLOÉ o tempo de trabalho no clube. É usado sempre quando um dirigente ou técnico assume – novo ciclo iniciando – ou quando eles são demitidos – ciclo acabou.


Paulo Angioni é considerado pelo grupo um dos precursores na função no futebol brasileiro. Trabalha no ramo há 30 anos. Na década de 90, ele se envolveu em uma polêmica quando trocou o Vasco, onde trabalhava havia mais de uma década, pelo Flamengo. “Fui muito criticado, mas hoje vemos que isso é normal”, diz ele.

Rodrigo Caetano também defende a liberdade para os executivos trocarem de clube. “Nada impede que ele vá para um rival. Somos profissionais como qualquer outro, como jogadores, técnicos”, afirma.

O funcionário do Vasco é hoje o exemplo mais bem sucedido – e bem remunerado também – de executivo do futebol. Após receber uma proposta do Fluminense de R$ 250 mil por mês, no final de 2010, Caetano mais do que dobrou o seu salário para permanecer em São Januário.

Autonomia

Além de um salário vultuoso, os executivos do futebol também lutam por mais independência no seu trabalho. “O mundo ideal é você se reportar somente ao presidente”, diz Paulo Angioni.

Entre as principais funções dos dirigentes remunerados estão planejamento da temporada, contratação e renovação dos contratos dos jogadores e escolha da comissão técnica dos clubes. “É muita coisa. Assim como nenhum time vai a campo sem treinador, a gente acredita que nenhum clube pode começar a temporada sem gestão e, é claro, sem um gestor para isso”, diz Caetano.

Fonte: iG Esportes