Futebol

Rival do Vasco protocola à CBF sobre o fim do sintético; pontos apresentados

O Flamengo protocolou, nesta terça-feira, uma proposta junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para melhoria e padronização dos gramados no país. Um dos pontos apresentados é o fim dos campos sintéticos, que vão aumentar no Campeonato Brasileiro em 2026.

No documento, o Flamengo apresenta a proposta que se chama "Programa de Avaliação e Monitoramento da Qualidade de Gramados do Futebol Brasileiro", que reúne sugestões voltadas a elevar a qualidade dos campos, aprimorar a prática esportiva e aproximar o futebol nacional da primeira prateleira do esporte mundial.

Durante a festa de encerramento do Campeonato Brasileiro na noite desta segunda-feira em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o presidente da CBF, Samir Xaud, foi perguntado sobre o tema e disse que o assunto ainda será discutido:

— É uma questão de cada clube. Cada um tem o seu estádio e o seu campo. Gramado é uma coisa que ainda vamos parar para acertar e discutir. Há clubes que têm sintético e clubes com naturais, cada um vai defender o seu lado. A gente vai chegar a uma hora que vamos ter de sentar e discutir isso.

Os pontos apresentados pelo Flamengo são os seguinte:

  • O Flamengo entende que os gramados artificiais não oferecem condições adequadas para um futebol de alto rendimento. Nas principais ligas europeias, esse tipo de superfície é proibido, e também não é utilizado nas principais ligas sul-americanas (Argentina, Uruguai e Colômbia). Não há nenhum país que já tenha conquistado uma Copa do Mundo que aceite gramados de plástico, só o Brasil. Em levantamento realizado pelo Clube, não foi identificado nenhum jogo de primeira divisão nessas ligas, na temporada 2025, disputado em gramado artificial.
  • A preocupação com os gramados artificiais não é exclusiva do Flamengo. Os jogadores, principais protagonistas do esporte, vêm se manifestando publicamente contra o uso desse tipo de superfície em competições de alto nível e, em alguns casos, chegam a se recusar a atuar nesses campos. Esse cenário acende um alerta para o risco de que atletas de ponta, brasileiros ou estrangeiros, deixem de considerar atuar no futebol brasileiro justamente pelas condições do piso de jogo.
  • Adicionalmente, existem vários estudos listados no material entregue pelo Flamengo que demonstram claro indicativo que esse tipo de superfície é prejudicial à saúde, aumentando o número de lesões e causando demais problemas pelo contato com o plástico.
  • Considerando que as principais justificativas para o uso de gramados sintéticos são a redução de custos e a realização de shows e eventos, e buscando evitar prejuízos imediatos aos clubes que hoje utilizam esse tipo de superfície, o Flamengo propõe a adoção de um período de transição. A sugestão é que os gramados artificiais sejam substituídos na Série A até o final de 2027 e, na Série B, até o final de 2028, garantindo tempo adequado de adaptação sem comprometer a qualidade esportiva.
  • Mesmo durante o período de transição, a qualidade dos gramados de plástico precisa ser aprimorada. O Flamengo sugere a adoção de um padrão mínimo de qualidade para superfícies sintéticas, contemplando critérios como tipo e material da fibra, altura da grama, densidade de pontos, camada de amortecimento, tipo de preenchimento e coloração.
  • Da mesma forma o Flamengo entende que não adianta apenas proibir gramados de plástico, mas também determinar um padrão de qualidade mínimo para gramados naturais, seguindo normas rígidas utilizadas pela Fifa e pela Uefa, adaptadas às especificidades do futebol brasileiro.
  • O Flamengo apresentou ao grupo de trabalho um documento robusto que propõe padrões técnicos mínimos para a verificação da qualidade dos gramados, quaisquer que sejam o seu tipo, incluindo testes de rolagem da bola, absorção de impacto, rigidez da superfície, entre outros. Atualmente, não há um protocolo de avaliação para que estádios com gramados naturais ou de plástico recebam partidas organizadas pela CBF com a garantia de que, independentemente do estádio, o futebol brasileiro seja jogado de forma igualitária, dentro dos padrões internacionais mais rigorosos, o que reforça a necessidade de regulamentação.
  • Em complemento, o Flamengo propõe a adoção de padrões mínimos de infraestrutura válidos tanto para gramados naturais quanto para gramados sintéticos — incluindo sistemas de irrigação e drenagem, equipamentos adequados de manutenção, especificação da base estrutural, tipo de grama ou fibra, controle de pragas e doenças e nivelamento. O objetivo é garantir que, a partir de 2026, qualquer campo de jogo ofereça comportamento uniforme na interação bola-superfície e jogador-superfície.

Em nota, o Flamengo afirma que "aguarda a formalização do grupo de trabalho que irá aprofundar o tema, permitindo que as discussões e deliberações ocorram em tempo hábil para o início das competições da próxima temporada"

Fonte: ge