Futebol

Ricardo Gomes e Felipão: Os salvadores de Vasco e Palmeiras

Vasco e Palmeiras alcançaram apenas um título (Copa do Brasil deste ano e o Paulistão de 2008) nos últimos sete anos e meio. Pela escassez de conquistas ou por time de qualidade técnica duvidosa, viveram diversas crises no período - incluindo até rebaixamento no Campeonato Brasileiro.

Mas hoje, às 21h50, quando começar o duelo em São Januário, pela Copa Sul-Americana, vascaínos e palmeirense saberão que, qualquer que seja o resultado, não haverá motivos para crise. E muito por causa da forma como Ricardo Gomes e Luiz Felipe Scolari lidam com os problemas que surgem em seus clubes.

Felipão

Do lado do Verdão, o explosivo Felipão já apagou incêndio que envolveram jogadores como Kléber e Valdívia; protegeu de peito aberto Luan, perseguido e ameaçado por torcedores delinquentes; afastou do ambiente interno do departamento de futebol o conselheiro Gilton Avallone, a quem acusou de vazar informações; e ganhou tempo para trabalhar, no ano passado, com a torcida ao lado, apesar de ter um grupo limitado nas mãos.

Para cada crise, uma forma diferente de agir. No caso de Kléber - que alegou não detectada por exames feito pelos médicos do clube para não jogar, enquanto negociava com o Flamengo - teve paciência, valorizou o atacante e evitou o choque.

Já para pôr fim à perseguição de parte da torcida a Luan, expôs seu lado mais conhecido, ao assumir responsabilidade pela escalação do time e dizer que os torcedores podiam procurá-lo para cumprir as ameaças que faziam.

- Às vezes, a gente tem de tomar atitude mais forte, mostrar que conhece o assunto e que não vai adiantar fazer aquilo. Às vezes, é preciso pensar em algo mais ponderado porque pode interferir no grupo, no rendimento de todos eles, nos valores que o clube pode ser afetado - afirma o técnico.

Ricardo Gomes

A fala mansa, o olhar centrado e o andar elegante poderiam até ser características de quem fica alheio a qualquer decisão. Não com Ricardo Gomes. De maneira discreta, o técnico impôs seu estilo e liderança ao Vasco. Antes em meio a águas revoltas, a caravela cruzmaltina navega por mares calmos que permitem até que o técnico escale um time misto hoje, contra o Palmeiras, na estreia da Copa Sul-Americana.

Adaptado, Ricardo Gomes já percorre os caminhos de São Januário com habilidade. Assim que chegou ao clube, estudou o panorama, conversou por vezes com o auxiliar Gaúcho. Encontrou um elenco com problemas de vestiário, seus dois expoentes, Carlos Alberto e Felipe, afastados por indisciplina, e um time com o pior início de Campeonato Carioca da história.

Mas não se assustou. Aos poucos, posicionou-se frente aos desafios e conseguiu harmonizar o grupo com conversa e, também, cobranças. A resposta foi quase imediata, com o título da Copa do Brasil. E entende que o técnico não pode abrir mão da liderança.

- Quanto mais passa o tempo e mais passa o futebol, mais o treinador vai se meter no que pode influenciar. Não vou ficar na beira do campo e esperar a sorte chegar. Tenho de ir lá fazer com que coisas externas venham me ajudar, não atrapalhar - disse Ricardo Gomes.

A tarefa nem sempre é fácil. Ao contornar problemas que extrapolam a técnica e a tática, o risco de exposição fica cada vez mais evidente. Mas o técnico não é daqueles que se furta de uma decisão. Embora não seja explosivo como o rival de hoje, Felipão, já foi, Ricardo mantém a postura firme e relembra seus tempos de zagueiro para levar o dia a dia.

- Há uma série de cenários aí nos quais você deve estar pronto para responder. E tem de responder, não pode se omitir. Se o cara se omite, vai embora cedo. É uma bola dividida e você não pode fugir - acrescentou, firme, o técnico cruzmaltino.

Com uma liderança discreta e eficiente, Ricardo apontou a bússula vascaína para a paz.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)

Fonte: Jornal Lance