Revelado pelo Vasco, goleiro brazuca do Vietnã diz que é ídolo no país

Em 2001, o goleiro Fábio dos Santos recebeu uma proposta estranha. O empresário Marcelo Coelho queria levá-lo para jogar na segunda divisão do Campeonato do Vietnã. Sem muitas oportunidades no Brasil, o jogador resolveu apostar e aceitou a proposta do Dong Tam Long An.

- Fiquei com receio, mas resolvi ir. E no primeiro ano fomos campeões e subimos para a primeira divisão. Aí renovaram o meu contrato por mais três anos e a minha história começou por aqui - lembra o goleiro.

Hoje, Fábio dos Santos ou Phan van Santos para os vietnamitas, apesar de ser desconhecido no Brasil, é um ídolo no país asiático. Em poucos minutos no saguão do hotel em que está hospedada a seleção, ele é parado várias vezes para tirar fotos e dar autógrafos. Revelado pelo Vasco, atuou ainda por Atlético-GO e Ipatinga antes de tentar a sorte fora do país. O preparador de goleiros Jair Bragança lembra do início da carreira do camisa 1.

- Ele jogou na base do Vasco, era um jovem promissor, mais que teve a infelicidade de pertencer a mesma geração do Helton. Sempre foi o seu reserva imediato, inclusive jogando algumas partidas. Quando completou a idade limite e não teria chance nos profissionais foi jogar no Barreira. Ele tinha o apelido lingüiça por ser alto e magro.

Fábio dos Santos está noivo de uma polonesa e não pensa voltar tão cedo ao Brasil. Ele arrisca algumas palavras na língua local. E adora um macarrão preparado com frutos do mar e o molho tradicional do país.

- Sinto falta, mas a necessidade de trabalhar faz a gente colocar os pés no chão. Penso voltar, mas não agora. Sinto-me um ídolo local e a torcida me aceita na seleção.

Adaptação ao futebol do Vietnã

A adaptação ao Vietnã foi rápida. Fábio resolveu até comprar uma moto, o principal meio de locomoção no país. O trânsito na capital Hanói é uma loucura. Estima-se que na cidade tenha cerca de dois milhões de motos. Pilotar pela cidade não assusta mais.

- No começo você estranha, mas depois se acostuma. Você vai indo, acha que todo mundo vai bater, mas sempre encontra um espaço para passar - disse Fábio, que chegou a cair uma vez da moto. - Mas foi sozinho - garante.

A moto também proporcionou uma cena engraçada ao brasileiro. No início, o goleiro pilotava sem habilitação pela cidade. E foi parado pela polícia.

- Eles queriam o documento e falava que não tinha nada. O policial chegou para mim e perguntou o que faria porque eu nem falava inglês. No fim, ele resolveu me liberar.

‘Futebol-correria’
Após ser campeão nacional em 2005 e em 2006, começaram os pedidos para que ele defendesse a seleção do Vietnã. Fábio dos Santos resolveu aceitar e se naturalizou. O goleiro brasileiro Fábio dos Santos se tornou o primeiro jogador estrangeiro a obter a nacionalidade vietnamita. Vai fazer o terceiro jogo pela seleção local. Por enquanto, foram duas derrotas: 1 a 0 para a Indonésia e 3 a 2 para a China.

O futebol aqui é mais correria. A partida contra o Brasil será importante para os jogadores daqui ganharem mais experiência. Vamos tentar fazer o melhor em campo.

Fábio dos Santos não arrisca um placar para o amistoso contra a seleção brasileira. Mas admite que o Vietnã vai jogar todo fechado.

- Vai ser um jogo de ataque e, às vezes, um contra-ataque nosso. Nosso time é muito inferior e precisa se fechar na defesa. Um empate é mais do que uma vitória - disse o goleiro, que aposta no cansaço dos brasileiros.



- Aqui é muito quente. A gente está acostumado, mas a seleção brasileira vai sentir.