Futebol

Renato aposta alto e crê que fica no Vasco

Renato sempre gostou de apostas, desde os tempos de jogador. Ontem de manhã, em São Januário, ele abriu o jogo e pôs todas as suas cartas na mesa. Bancou, com a inabalável autoconfiança, que a sua iminente demissão no Vasco após o clássico de amanhã, contra o Flamengo, no Maracanã, pela Taça Rio, pode acabar como um grande blefe.

- Ninguém me perguntou o que penso sobre essa história de sair domingo (amanhã). Tudo bem, respeito a opinião de vocês da imprensa. Mas estão num caminho completamente errado. Depois vão bater com a cara na porta - disse o treinador. - No que depender de mim, vou continuar no Vasco. Se tivesse de largar tudo, sou homem suficiente. Não seria por mais três dias que eu ficaria no Vasco. Tenho apoio da diretoria, o que não quer dizer que serei eterno aqui.

Na véspera, amparado na rotina que estabeleceu de não dar entrevistas nos dias seguintes a jogos, Renato deixara o clube sem se pronunciar. Horas antes, ele participara de uma longa reunião com os dirigentes vascaínos, na qual sua permanência no clube foi um dos assuntos discutidos. Ele mesmo sabe que não há prestígio que resista a uma derrota para o Flamengo. Mas a lógica de São Januário também costuma ser bem generosa com quem atropela o eterno rival.

- Minha consciência está tranqüila. Não é porque os jogos com o Flamengo são um campeonato à parte aqui no clube que vou me sentir mais pressionado. Gosto de pressão - garante Renato.

Apesar do otimismo do treinador, o nome de Antônio Lopes continua ecoando nos corredores de São Januário. O próprio presidente Eurico Miranda não esconde que as portas estarão sempre abertas para o técnico campeão brasileiro (97) e da Libertadores (98), entre outras conquistas. Um possível convite da seleção brasileira para Lopes ser observador-técnico na Copa, porém, pode adiar o acerto, beneficiando Renato.

Time pode jogar com dois atacantes amanhã - Mais do que derrotar o Flamengo para ganhar sobrevida, Renato terá de contornar focos de insatisfação no elenco, seja por questões táticas ou pessoais. Ramon tem evitado falar desde que voltou para o banco. Edílson já admitiu estar rendendo pouco por jogar fora de posição. Depois de criticar a defesa, Valdiram ganhou muitos desafetos no grupo. Como o Vasco testou ontem um esquema com dois atacantes, um dos dois deve ficar no banco. Ontem, eles treinaram juntos e Valdiram fez três gols. Romário não apareceu pela segunda vez consecutiva.

Renato admitiu ter proibido os jogadores de darem entrevistas na terça-feira para não agravar a crise.

- Iriam cutucar a minha defesa e jogá-la contra o ataque. Sou macaco velho, não poderia dar brecha - justificou Renato.

Fonte: O Globo