Remo: Projeto de R$ 5,7 milhões do Vasco é aprovado pelo Min. dos Esportes

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O remo do Vasco da Gama deu um importante passo rumo à almejada autossustentabilidade. Junto ao Ministério dos Esportes, o clube conseguiu que fosse aprovado para o esporte um projeto via Lei de Incentivo ao Esporte no valor de R$ 5.710.131,98. A publicação no Diário Oficial da União ocorreu no dia 31 de janeiro de 2014, e na última quinta-feira (06/12) houve uma retificação no valor aprovado para captação inicialmente informado (a quantia informada no dia 31/12 foi de R$ 5.692.883,98). O nome do projeto é “Centro de Captação de Novos Talentos Vasco da Gama”, tendo como manifestação desportiva o desporto de rendimento. O prazo para captação é até o dia 01/12/2014, sendo, portanto, de um ano.

A Lei de Incentivo ao Esporte (Lei 11.438/2006) consiste em pessoas físicas e jurídicas direcionarem uma porcentagem de seu Imposto de Renda para projetos aprovados pelo Ministério. Pessoas jurídicas podem investir até 1% do imposto devido; as pessoas físicas, 6%. Esse recurso é redirecionado para contas bancárias bloqueadas para ser usado pelo clube. Portanto, é de custo zero para as empresas, afinal a verba que é repassada às instituições esportivas é oriunda única e exclusivamente do Imposto de Renda devido, cujo valor integral independe da participação ou não em projetos desse tipo.

Para que tal projeto fosse aprovado, foi pré-condição a obtenção recente por parte do clube das Certidões Negativas de Débito, provenientes da renegociação junto à Receita Federal das dívidas públicas do Vasco. Diante da escassez de patrocínios diretos de empresas privadas, a obtenção de recursos via Lei de Incentivo ao Esporte é vista no meio do esporte olímpico brasileiro como a principal válvula de escape, com vistas à conquista da tão sonhada autossustentabilidade. Ainda mais no Vasco, em que a diretoria do clube já deixou claro nos últimos anos a falta de interesse de transferir recursos do orçamento do clube para os esportes olímpicos. O objetivo do remo vascaíno é claro: romper com a dependência em relação ao futebol de maneira peremptória. O remo não pode depender de o futebol estar em boa fase para ter seus recursos; em outras palavras, precisa obtê-los de maneira independente.

O clube agora corre atrás de empresas para apresentar o projeto aprovado. Mais do que isso, pede para qualquer empresário vascaíno que tome conhecimento desta aprovação e tenha condições de deduzir seu Imposto de Renda para ajudar o clube o faça. Neste sentido, vale ressaltar que não há limite de patrocinadores para se chegar ao teto do projeto (R$ 5,7 milhões). Pode ser tanto uma única empresa que dê conta de todo esse valor quanto um número indeterminado delas. Mas vale ressaltar o prazo para fazer a captação do projeto: 01/12/2014. Depois desta data, o projeto se expira. Diante disso, a Divisão de Remo do clube faz o pedido aos vascaínos para que patrocinem o clube, ressaltando que o custo é zero para as empresas.

Imagem da garagem da Sede Náutica da Lagoa: um dos objetivos principais do projeto é renovar completamente a flotilha, fornecendo aos atletas barcos em qualidade e quantidade adequadas

Conteúdo do projeto

O projeto feito pela Divisão de Remo do clube tem dois eixos centrais, a partir dos quais os recursos serão utilizados: reestrutura material e desenvolvimento de novos talentos, ambos fortemente entrelaçados. Para voltar aos bons tempos após a penúria dos últimos anos, o remo do Vasco precisa cumprir dois requisitos claros: renovação estrutural e a chegada dos atletas de ponta , que em grande parte eram do clube e saíram diante da falta da pagamentos. A reestruturação material o clube pretende finalizar com a captação de recursos a partir desse projeto aprovado, com a renovação da flotilha (hoje muito debilitada, tanto quantitativa quanto qualitativamente), compra de remoergômetros e remos etc.. Materialmente, a Sede Náutica vem tendo um importante incremento, sobretudo com a nova rampa de treinamentos e a nova sala de musculação, ambas modernas e que estão em fase final de acabamento, já sendo usada pelos atletas do clube. Estas obras na Sede Náutica foram feita a partir de projeto a nível estadual, em que a empresa Jeff Sports teve descontado seu Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para as reformas feitas, embora os detalhes finais para a finalização e a inauguração ainda demorem em demasia para serem feitos.

Caso os recursos do projeto sejam captados, a reestruturação material do clube será finalizada. O projeto, como o próprio nome já deixa claro, visa também a descobrir e desenvolver novos talentos. Está previsto que 100 jovens pratiquem o esporte no clube (a partir de 14 anos de idade), tendo direito à ajuda de custo mensal de R$ 300 e a plano de saúde. Vale a pena ressaltar que os recursos, caso sejam obtidos, podem ser usados única e exclusivamente para o que for pré-estabelecido no projeto. Assim, está descartada a utilização das verbas para fins como financiar a chegada de atletas sênior.

Quanto à reestruturação material, um dos primeiros passos será a renovação da flotilha: o número de barcos, se os recursos forem captados, passará de 40. A marca ainda será definida: pode ser a alemã Empacher ou a italiana Filippi, as duas principais no cenário mundial da fabricação de barcos para o remo de corrida.

A palavra do treinador Marcelo Neves

Um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento do projeto, tendo lutado muito para tanto, é o coordenador-técnico do remo do Vasco: o treinador Marcelo Neves, que está no clube desde 1995. Em entrevista exclusiva ao Blog CRVG – Em Todos os Esportes, ele comemorou muito a aprovação do projeto, e deu detalhes sobre ele. Ele pede para que vascaínos interessados entrem em contato imediato com o clube:

- Ainda continuamos com muitas dificuldades, mas a notícia boa que nós temos é de que o nosso projeto foi publicado no Diário Oficial e já podemos, hoje, sair para a captação. Nós temos um projeto no valor de R$ 5,7 milhões que visa principalmente à compra de material: barcos, remoergômetros, remos etc. para a reestruturação da nossa equipe. É um projeto de Lei de Incentivo, a nível federal, de Imposto de Renda, no qual qualquer empresa pode repassar 1% do seu imposto devido na fonte para o projeto, ou seja, tudo o que ela colocar até 1% do seu imposto, a empresa tem 100% descontado no imposto. É um redirecionamento, isto é, custo zero para a empresa, e estaria patrocinando o nosso querido clube. Então, quem estiver vendo isto, por favor entre em contato conosco. Porque nós precisamos captar, para que possamos começar comprar os barcos, comprar todo o material que foi incluído no projeto. O projeto é para um trabalho para novos talentos. Ele visa a buscar 100 jovens, meninos e meninas, com idades variadas, a partir de 14 anos de idade, com eles tendo direito a receber R$ 300 de ajuda de custo mensal e plano de saúde. E todo o resto do projeto está direcionado para o reaparelhamento da nossa garagem: remoergômetros, remo, barcos, uma nova flotilha. Ao todo, os barcos vão ultrapassar o numerário de quarenta. Estamos na dúvida entre os Empacher e os Filippi, vai depender muito do que o projeto permitir. Todos os dois são barcos ótimos, se você verificar as finais de todas as provas de Mundiais, o predomínio é dessas duas marcas. Então qualquer uma dessas duas marcas por qual venhamos a optar vai ser perfeito, é como compararmos uma Ferrari com uma McLaren, todos os dois fabricantes são barcos de altíssima qualidade, e vamos optar em função do que o projeto possibilitar e do que conseguirmos captar. Estou bem confiante em relação a isso.

Marcelo ressalta a importância que a reestruturação material tem para que o Vasco volte à conquistar títulos importantes no remo. Um dos fatores para a saída e que dificulta a chegada de atletas de aponta é justamente a falta de estrutura para oferecer a eles:

- O dinheiro da Lei de Incentivo tem um direcionamento específico que tem que ser pré-estabelecido no projeto. Você não pode tirar dinheiro para a compra de um barco para, por exemplo, um fim como esse. Outra coisa: não adianta trazer uma gama de atletas grande se não temos a estrutura material para recebê-los. Então temos que, primeiramente, trabalhar a nossa reestruturação: barcos novos, melhores condições na garagem, musculação nova que nós já temos, mais remoergêmetros, para que tenhamos condição de receber uma equipe maior e de melhor qualidade. Acho que é passo a passo, degrau a degrau: não adianta ter um atleta de nível se não temos a condição de dar a melhor condição material para ele.

Quem também conversou com o Blog CRVG – Em Todos os Esportes sobre a aprovação do projeto foi o vice-presidente de Desportos Náuticos do clube, Paulo Cesar Mahomed Alli (foto à direita):

- Estamos trabalhando no sentido de conseguir patrocinadores para fazer uso da verba que obtivemos no Ministério dos Esportes. Agora só nos resta contactar as empresas patrocinadoras para mediar esses valores. De posse desses valores liberados, a meta seguinte é trabalharmos na inovação dos nossos equipamentos. Diante disso vamos ficar realmente com uma revitalização boa na parte de equipamentos, o que vai nos propiciar, inclusive, através de outros recursos, trazer de volta os nossos atletas e voltar a conquistarmos o nosso espaço, que sempre foi o primeiro lugar, não o terceiro lugar. Essa é a meta para esse ano, e espero que realmente essa conquista se concretize. Eu não vou medir esforços para que isso aconteça. Isso de que eu gostaria que todos os associados e vascaínos tomassem conhecimento: a revitalização  que estamos tendo aqui na sede de remo. Isso sem dúvida nenhuma vai trazer um avanço grande para o nosso departamento.

Dossiê preparado para “bater na porta” e apresentar a grandes empresas

Com o projeto aprovado, o clube já tem em mãos um dossiê finalizado para apresentar a grandes empresas a fim de convencê-las a investir no clube, tendo custo zero para isso. Após a primeira complexa parte do processo, que foi a confecção e aprovação do projeto, agora se inicia a segunda fase, tão difícil quanto: a captação de recursos. Marcelo Neves finaliza a entrevista exclusiva concedida ao blog mostrando otimismo:

- Acabamos de preparar um dossiê, e vamos sair a campo agora justamente para buscar essas grandes empresas, bater na porta de cada uma, para buscar a possibilidade desse patrocínio. É difícil, mas tenho certeza de que vamos conseguir. Era difícil fazer o projeto e aprová-lo, e nós o fizemos. Então é uma segunda fase, e tenho certeza de que vamos alcançar os resultados que pretendemos.

Que outros esportes do clube sigam o mesmo exemplo. Diversos clubes do Brasil já mostraram o caminho: Pinheiros, Minas Tênis etc., e ele é a válvula de escape para que a dependência para com o futebol não exista mais. Ainda mais com uma diretoria que claramente não mostra interesse em direcionar recursos de seus principais patrocinadores para o esporte olímpico, vide o caso da Eletrobras, cujo contrato previa o repasse de uma porcentagem para esportes como o remo.

Confira a publicação no Diário da Oficial da União, no dia 31 de janeiro de 2014:

Processo: 58701.009906/2013-03
Proponente: Clube de Regatas Vasco da Gama
Título: Centro de Captação de Novos Talentos Vasco da Gama
Registro: 02RJ0174482007
Manifestação Desportiva: Desporto de Rendimento
CNPJ: 33.617.465/0001-45
Cidade: Rio de Janeiro UF: RJ
Valor aprovado para captação: R$ 5.692.883,98
Dados Bancários: Banco do Brasil Agência nº 1572 DV: 5 Conta Corrente (Bloqueada) Vinculada nº 21489-2
Período de Captação: até: 01/12/2014

Retificação publicada no dia 06 de fevereiro de 2014 no Diário Oficial da União:

Processo Nº 58701.009906/2013-03

No Diário Oficial da União nº 22, de 31 de janeiro de 2014, na Seção 1, pág. 93 que publicou a DELIBERAÇÃO Nº 563/2014, ANEXO I, onde se lê: Valor aprovado para captação R$ 5.692.883,98 leia-se: Valor aprovado para captação R$ 5.710.131,98.

Por João Luiz Mota (jlmc1993@gmail.com)

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