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Remo: De olho nas Olimpíadas Fabiana Beltrame pede mais atenção à estrutura

Melhor remadora da história do país, Fabiana Beltrame está de volta ao Vasco, após cinco anos de Flamengo. Campeã mundial de single skiff, na Eslovênia, em 2011, e prata na prova nos Jogos Pan-Americanos do mesmo ano, em Guadalajara, ao mesmo tempo em que treina pesado para o Pan-2015 e os Jogos Olímpicos de 2016, a estrela das águas está preocupada com o remo brasileiro, tendo em vista as Olimpíadas.

— Estamos em cima da hora para 2016, e nossa maior carência é de remadoras. Minha parceira (no double skiff peso leve) era Beatriz Tavares (do Flamengo), que ainda não se firmou na categoria peso leve. Além disso, temos de melhorar a raia (da Lagoa), e o evento-teste de remo vai chegar (no início de agosto), e nada foi feito — afirmou Fabiana, em sua apresentação nesta segunda-feira, em São Januário. — Estamos atrasados. Este ciclo olímpico era para ser um marco no nosso esporte. Esperávamos um legado (para o remo), mas o tempo está passando, e as esperanças diminuindo. Não queríamos apenas estruturas temporárias.

Natural de Florianópolis, Fabiana, de 32 anos, havia remado pelo Vasco entre 2005 e 2009, quando foi para o Flamengo, pelo qual competiu entre 2009 e o ano passado. Em Atenas-2004, ela fez história ao se tornar a primeira remadora feminina do país a ter ido às Olimpíadas. Participou também dos Jogos de Pequim-2008 e Londres-2012, ainda sem um pódio, que espera conquistar agora em seu último ano de carreira, nos Jogos de 2016. Ontem, na sala de coletivas de São Januário, decorada com fotos de times campeões de futebol, ela foi apresentada pelo presidente Eurico Miranda como um símbolo da retomada do clube no remo, esporte que lhe deu origem.

— Fiquei muito feliz com o convite para voltar. Quando vim de Santa Catarina, foi para remar pelo Vasco, e é ótimo eu ser um símbolo desta nova fase, para reerguer o clube. O presidente sempre gostou de remo, sempre ia às regatas e conhecia a todos nós remadores pelo nome. Isso é só o começo, e estou muito feliz por participar desta fase — ressaltou ela, negando que tenha tido qualquer problema no Flamengo. — Mas a vida é feita de fases. Chegou um momento em que eu não estava mais à vontade lá. Estes serão os meus dois últimos anos de competição em alto nível. Meu contrato é de dois anos, para disputar Estaduais e Brasileiros e levar o Vasco, se Deus quiser, ao topo do pódio pelo mundo.

Fabiana já está treinando pelo novo clube. Na seleção continuará orientada pelo técnico Júlio Soares, e no Vasco, pelo treinador Marcello Neves. Depois da prata no Pan-2011, ela espera subir mais um degrau na edição deste ano, de 10 a 26 de julho, em Toronto, Canadá.

— Com certeza, estou com esta medalha (de prata) engasgada nestes quatro anos. Estou focada nesta medalha (de ouro) e bem esperançosa. Não dá para prometer nada, mas estou treinando muito para buscar o ouro no Pan — disse.

Fabiana contou que quando anunciou sua troca de endereço esportivo, torcedores do Flamengo se queixaram dela nas redes sociais, mas como afirmou, pesaram o lado sentimental e a paixão pelo reerguimento do remo do Vasco, do Rio e do país. Indagada se com sua ida para o Vasco, outros atletas rubro-negros ou de outros clubes poderão querer acompanhá-la, ela antecipou:

— Talvez isso aconteça, e vou dar a maior força. Vamos nosjuntar e trazer esses bons resultados. Espero que venham atletas não só do Rio, mas de outros estados.

VASCO RELANÇA PROJETO OLÍMPICO

Fabiana Beltrame não será a única novidade dos esportes olímpicos vascaínos, conforme assegurou Eurico.

— Quero dizer que com Fabiana voltando ao Vasco, o principal é a demonstração de que o remo vai voltar, com certeza, e Fabiana é o símbolo desta volta do remo do Vasco — afirmou o dirigente, antes de se aprofundar no tema. — Queremos fazer o remo à altura do Vasco, que sempre foi cimeiro (superior), sempre esteve na frente. É certo que o clube vai importar uma flotilha (oito barcos, a um custo de cerca de R$ 2 milhões) e depois,com outras ações, na primeira regata do Estadual vocês vão notar que o remo do Vasco voltou.

Pelo que o dirigente prometeu, ao citar versos do hino do clube, que exaltam o remo e o atletismo, o Vasco poderá retormar a filosofia do projeto olímpico de 1999/2000, que permitiu ao clube enviar vários atletas ao Pan-1999 e aos Jogos de Sydney-2000. Deverá priorizar remo, basquete, atletismo e modalidades paralímpicas.

— Não podemos voltar com tudo de uma vez, mas o pessoal vai se surpreender. Apesar de terem posto obstáculos (o time não pôde jogar a liga de acesso ao NBB), o basquete vai voltar. No atletismo, tivemos o medalhista de ouro Adhemar Ferreira da Silva (bicampeão olímpico no salto triplo em 1952 e 1956), que quando ganhou o segundo ouro era do Vasco. O hino do Vasco fala de remo e de atletismo, e vamos investir nisso. Mas não se consegue fazer esporte sem incentivo. Nós nos preparamos (obtendo certidões negativas de débito) para pleitear incentivos. Temos também os esportes paralímpicos, de que vamos cuidar — declarou Eurico.

Fonte: O Globo Online