Relembre histórias de Dedé no Vasco
Com a camisa do Vasco, Dedé conquistou a Copa do Brasil de 2011, último título nacional do Vasco e ganhou o apelido de "Mito". Naquele time histórico, fazia de tudo: era muito forte nas bolas aéreas e no um contra um, além de ser muito perigoso no ataque — chegou até a marcar gol de falta. Não à toa, chegou à seleção brasileira.
Mas também viveu um período complicado em seu início: em 2010, machucou Carlos Alberto, então referência técnica do time, durante um treinamento. Quase foi dispensado, mas ficou e trilhou caminho de idolatria. Relembre esses e outros episódios de Dedé no Vasco.
Quase dispensa após machucar Carlos Alberto
Era fevereiro de 2010 e o Vasco treinava às vésperas da semifinal da Taça Guanabara, contra o Fluminense. O meia Carlos Alberto era capitão e referência do time quando dividiu uma bola com o jovem zagueiro Dedé, pouco conhecido no futebol. Acabou quebrando um dedo do pé e ficou fora da partida. Dedé virou alvo de muitos xingamentos.
O zagueiro havia chegado por empréstimo do Volta Redonda no ano anterior, e o episódio por pouco não impediu a renovação do contrato do zagueiro, bem visto internamente. Acabou ficando e no início de 2011, já era titular indiscutível do técnico comandado por Ricardo Gomes.
— Tudo vira forma de motivação. Passei por muita coisa ruim. Ouvi boatos de que seria dispensado, depois tive uma proposta do futebol coreano e quase saí. Eu era a última opção, mas sempre acreditei — afirmou o zagueiro em entrevista ao site ge na época.
63º maior brasileiro de todos os tempos
A idolatria dos vascaínos por Dedé era tanta que extrapolava os gramados. Em 2012, a emissora SBT promoveu uma eleição dos 100 maiores brasileiros de todos os tempos, cujos resultados foram apresentados em um programa de TV.
A votação foi aberta ao público e não limitou nomes. Não deu outra: os sempre engajados torcedores do cruz-maltino emplacaram Dedé na lista, na 63ª colocação, à frente de nomes como Garrincha, Chacrinha, Romário, Lampião, Ronaldinho Gaúcho, Cazuza e Tom Jobim.
Neymar no bolso
Em 2011, Neymar era o grande nome e sensação do futebol brasileiro. O Santos do atacante (hoje no PSG) foi a São Januário enfrentar o Vasco, que seria vice-campeão brasileiro em 2011. Não deu para Ney: o cruz-maltino venceu por 2 a 0 com uma das melhores atuações de Dedé com a camisa do Vasco. O zagueiro marcou o segundo gol e anulou completamente o então camisa 11 do Santos.
Neymar e Dedé se enfrentam em São Januário — Foto: Marcelo Sadio/Vasco
O jogo ficou marcado por uma reportagem da TV Globo que mostrava Neymar saindo de campo sem falar com a imprensa quando um torcedor grita das arquibancadas que já se esvaziavam: "Ficou no bolso do Dedé, hein, primo?".
"Mito, Dedéckenbauer" e campanhas
Na época vivendo situação financeira delicada, o Vasco viu o interesse em Dedé crescer no futebol europeu. Foram várias as campanhas exaltando o zagueiro para que o "Mito" ou "Dedéckenbauer", como era chamado, não deixasse São Januário. A principal delas, em 2011, foi a "não se vende Dedé".
O zagueiro só deixaria o cruz-maltino em abril de 2013, quando o Vasco acertou sua transferência ao Cruzeiro por cerca de R$ 14 milhões. Depois, passou por Ponte Preta e Athletico.
Com a camisa do Vasco, Dedé fez 160 jogos e marcou 19 gols.
Veja o comunicado de aposentadoria do zagueiro Dedé:
Pois é, amigos, seguidores, torcedores e pessoas que sequer conheço e torceram muito por mim durante todos estes anos. Sei que este momento, para muitos atletas, é um dos mais difíceis de toda a vida, mas confesso que estou encarando com muita maturidade, consciência e tranquilidade.
Amadureci esta ideia por muitos meses. Pensei, refleti e entendi que era o momento de agradecer, sempre, e, por respeito a todos que acompanharam minha carreira, a ascensão, os muitos títulos, conquistas, premiações pessoais, reconhecimento, sucessos, batalhas, dificuldades, superação, lesões, incompreensão e dezenas de páginas com um linda história, tinha obrigação de comunicar que hoje, aos 35 anos, com este novo ciclo iniciado no último sábado, anuncio, oficialmente, o final da minha trajetória no futebol.
Como já disse, só tenho o que agradecer. Foram incontáveis momentos de felicidade, ao lado de pessoas que trabalhei, convivi e comemorei muito. Momentos ruins? Claro que tiveram, mas temos que agradecer a Deus por eles também. São nos momentos ruins que crescemos como pessoa, que fortalecemos nossa armadura. Mas, sem nenhuma dúvida, o futebol me reservou, infinitamente, mais momentos inesquecíveis para comemorar!
Não quero entrar em detalhe de cada título ou de cada conquista. Foram muitos, graças Deus! De cada atleta ou profissional que esteve ao meu lado, mas quero agradecer, agradecer e agradecer a todos! Agradeço a Deus, a minha amada Nossa Senhora Aparecida, a minha família, que caminhou sempre comigo, desde o comecinho. Agradeço aos amigos de infância, aos que fiz no futebol, aos profissionais que me cercaram e me ajudaram muito, mas muito mesmo. São centenas de pessoas especiais. A muitos profissionais da imprensa. Embora movidos pela imparcialidade, como tem que ser, recebia mensagens de apoio de muitos jornalistas, nos momentos mais difíceis. Não esqueço nenhum apoio, de nenhuma parte.