Futebol

Reginaldo comenta dificuldades com o português e sua carreira

Foram 13 anos atuando na Europa. Quatro clubes diferentes na Itália, muitas experiências e uma língua nova. Tanto que Reginaldo voltou ao Brasil em 2013 e teve de acrescentar mais um item à sua readaptação ao país: o português. Em sua apresentação, chegou até a falar algumas palavras em italiano sem querer. Na última segunda, dois dias depois de marcar seu primeiro gol com a camisa do Vasco e também como jogador profissional atuando no Brasil, o atacante voltou à sala de imprensa de São Januário. Apesar do sotaque ainda um pouco diferente e de alguns erros de concordância ou vocabulário (chegou a confundir "correção" com "corregimento" durante a entrevista), o camisa 23 vem se esforçando para fazer bonito na nova temporada tanto dentro quanto fora de campo.

As metas no momento são três: conseguir uma sequência de jogos com a camisa do Vasco, renovar seu contrato e afiar o português. Para isso, Reginaldo treina com os companheiros no vestiário. Depois de vestir as camisas de Treviso, Fiorentina, Parma e Siena, e jogar ao lado de jogadores famosos como Mutu, Luca Toni e Montolivo, o atacante lembra que teve dificuldades em seu retorno ao Brasil.

- Meu italiano é até mais forte que meu português, e às vezes escapam algumas palavras em italiano. Mas vou continuar conversando com a galera para melhorar. Senti dificuldades no início, quando voltei ao Brasil. Minha esposa também morou dez anos na Itália. Em casa eu só falava italiano - lembra.

Reginaldo deixou o Brasil muito novo. Natural da cidade de Jundiai, em São Paulo, o atacante tinha apenas 16 anos e defendia o Campo Grande quando recebeu a notícia de que tinha recebido uma proposta da Europa. Não pensou duas vezes e ignorou até as reclamações da família sobre a distância. A experiência na Itália foi tão proveitosa que ele jura não ter pensado em desistir em momento algum.

- Quando me falaram que tinha um time italiano me querendo, eu abracei na hora a ideia. Fui com tudo. Era uma oportunidade que qualquer jogador gostaria, e eu a tive com 16 anos. Conversei com a minha família. Minha mãe reclamou: 'Mas é muito longe...'. Eu disse que voltava a cada seis meses. Eu não podia deixar essa chance escapar. Já estava meio acostumado a morar longe porque era de São Paulo e jogava no Rio. A maior dificuldade no início foi a língua. Mas tive muitos amigos que me ajudaram em todos os momentos, e fui feliz em aprender o italiano rapidamente. Não pensei em voltar em momento algum - resumiu.

Ao todo, o jogador conquistou três títulos da Série B da Itália. Experiência que pode ajudá-lo em um ano que se anuncia de reconstrução para o Vasco. Antes, no entanto, Reginaldo precisa convencer a diretoria a renovar seu contrato que termina em julho. No ano passado, o atacante disputou apenas dez partidas.

- Deixei o Brasil como um garoto de 16 anos e voltei um homem de 29. Voltei como um desconhecido para o futebol brasileiro, mas isso é bom. Vou poder mostrar porque fiquei 13 anos na Europa. O que fiz na Itália já é passado. Espero fazer história no Vasco e recolocar o clube na Série A - resumiu o atacante, hoje com 30 anos.

Esperando por novas chances depois de estrear jogando bem e marcando gol em 2014, ele se divide entre a vontade de provar seu valor no Brasil e a necessidade de melhorar seu português na volta ao país. A primeira partida e a saudade de balançar as redes adversárias já ficaram para trás. Mas, diante das dificuldades, o atacante garante: até hoje não recebeu nenhum apelido dos companheiros por causa de seu lado mais italiano.

- E lá por acaso tem italiano negro? (risos).

Fonte: ge